Part. 1 - Desejo

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Por Lucy.

Como se responde uma pergunta dessas? De onde se tira palavras para formular uma resposta? O que eu diria?

Com aqueles olhos azuis queimando na minha direção, só havia uma coisa a dizer:

- Eu não vou impedir você. Na verdade, eu nem conseguiria, nem que quisesse.

Um sorriso daqueles que tira todo o oxigênio do seu corpo apareceu bem ali, naquele rosto a minha frente. Ian fez exatamente como tinha dito: levantou, me olhando profundamente nos olhos e me beijou. E eu quis naquele momento, pedir que sua boca descesse.

- Eu tô fora de mim, tô em outra sintonia. - Disse ele, entre arquejos.

Aí a pessoa puxa teu cabelo enquanto te beija. E isso, merda, acaba contigo, com toda a resistência que você viesse a ter.

- A minha camisa tá linda em você, sério. - Ian se afastou por alguns segundos para me olhar.

- Obrigada. - Soltei uma risadinha.

- Mas acho que você fica melhor sem ela.

Ele segura na barra da camisa, mas quando a puxa pra cima, eu impeço.

- Não, sério. Aqui não. - Mordo o lábio inferior.

- Você já mudou de ideia?

- Não. Mas tá tendo um jantar lá embaixo. - Ergui as sobrancelhas como se fosse algo óbvio.

- Então, por isso mesmo. Eles se divertem lá embaixo e a gente aqui em cima. - Ian novamente avançou, beijando meu pescoço. - Muito justo.

- Não, Ian. - Empurro seu corpo pelos ombros e ele suspira.

- Ok, vamos sair daqui então.

- Pra onde? - Quando pergunto, Ian já está de pé, procurando alguma coisa pelo quarto.

- Merda, cadê essa porcaria de... Aqui! - Ele pega o celular jogado no chão e disca algum número.

- Ian, o que você está fazendo?

- Shhh, fica quietinha aí. - Ele ergue o dedo pra mim. - Tyler? Vocês estão em casa?

Não acredito que ele vai fazer isso.

- Foda-se o que estão fazendo, saiam daí agora. - E encerra a chamada, jogando o celular pro lado. - Vamos.

- Você é louco. - Solto uma risada e ele pisca para mim. Logo depois, some por uns instantes de minha visão e volta com uma bermuda preta.

Ele se aproxima e estende a mão para mim, me fazendo levantar da cama num pulo. Solto uma risada do seu desespero.

- Não ri de mim. - Ian balança a cabeça. - Eu tô mesmo desesperado, porque você pode mudar de ideia a qualquer momento e eu vou ficar na mão de novo.

- Eu não vou mudar de ideia, lindo. - Me aproximei, encostando meu corpo ao dele e dei um selinho em seus lábios.

- Ai, cara/lho. Você não sabe o quanto eu esperei por isso.

Ian abre a porta e me puxa pela mão, fazendo nossos passos na escada serem altos o suficiente pra todo mundo na mesa olhar. Sinto minha bochecha queimar de vergonha de estar vestida daquela forma na frente daquela elegância toda, mas não tem como voltar, não sendo quase arrastada pela mão.

- Mãe, a Lucy teve uma emergência em casa, preciso correr com ela! - Exclamou as pressas passando ao lado da mesa.

- Ah, meu Deus, quem morreu? - Perguntou Mary, cobrindo a boca com uma das mãos e levantando de sua cadeira.

- Ninguém, mãe! Ainda não.

- Tchau, Mary. - Gritei, já na outra sala. - O jantar estava ótimo, obrigada por tudo.

Ouvi a risada de Ian assim que abriu a porta da sala e saímos descalços na grama de seu jardim de entrada. O carro estava estacionado e só aí ele percebeu que não estava com as chaves.

- Ah não, merda.

Ele voltou para dentro de casa e não bastaram vinte segundos para que voltasse destravando o carro.

- Pro carro. - Disse, segurando minha mão de novo.

Soltei uma risada e Ian abriu a porta do carona para mim, me colocando sentada ali. Com a pressão, acabei caindo deitada e isso o fez me olhar por um instante, mordendo o lábio inferior. Ele deitou-se sobre mim, beijando minha boca com vontade enquanto escorregava suas mãos por minhas coxas.

- Ian, no carro também não. - Murmurei, afastando a boca da dele.

- Po/rra, meu apartamento fica muito longe! - Resmungou, levantando.

Não pareceu nada longe quando Ian dirigiu naquela velocidade.

- Você sabe que se a gente morrer aqui, não tem sexo nunca mais, né? - Brinquei quando ele já chegava na rua em que morava.

Estava achando engraçado tudo aquilo, aquela cena de filme com Ian. Mas quando vi o carro sendo estacionado em frente ao seu prédio, comecei a sentir o nervoso no estômago.

Ele então parou de correr. Desceu do carro e deu a volta, abrindo a porta para mim como um verdadeiro cavalheiro. Desci, dando um sorriso e segurando em sua mão. Fomos caminhando de mãos entrelaçadas até a entrada e eu agradeci mentalmente por não ter ninguém no prédio. Aliás, estava um silêncio de dar medo.

Ian mudou de expressão assim que apertou o botão do elevador. Ficou pensativo, franziu a testa.

- Quer saber? - Murmurou de repente, soltando minha mão. - Isso não tá certo. Quero dizer, não devia ser desse jeito.

- Oi?

Por hoje é só isso pessoinhas, deixo com vocês esse capítulo e a curiosidade do que irá acontecer no próximo.

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