Lolita

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Noah na mídia. Interpretado pelo ator Mark Salling.

Por Noah.

Sabe quando você come um doce muito gostoso, muito gostoso mesmo e você gosta pra caralho do doce e pensa "porra, eu quero comer esse doce pra sempre"? Mas aí, depois da segunda, terceira vez, você começa a enjoar e não parece mais tão bom quanto você pensou? Então, esse doce é a Lucy. Ela entrou na minha vida de forma muito repentina. Eu tinha me formado há dois anos como professor de História quando consegui um emprego numa escola particular na minha cidade natal, e voltar pra lá parecia a coisa mais deprimente da minha vida depois de anos proveitosos de faculdade no calor da Califórnia.

Entretanto, mudei de ideia rapidamente assim que no primeiro dia de aula vi aquele doce de menina, tão doce quanto seu nome, no auge de seus 16 aninhos, com os cabelos negros, saia rodadinha e olhos grandes e verdes. Ela ficava sentada na cadeira, me olhando de uma forma como quem pedia pra abrir o zíper da minha calça e me chupar. Não dava nem pra me concentrar na porcaria da aula!

Eu tinha assistido pornô demais quando adolescente para não fantasiar com uma garota gostosa daquele jeito com uniforme de estudante e jeitinho de safada. Aquela porra era fetiche masculino!

Quando achei que estava ficando louco, percebi que ela estava retribuindo meus olhares. Uma vez peguei ela me observando e mordendo o lábio inferior enquanto eu explicava sobre a independência dos Estados Unidos. Não era possível que ela gostasse tanto assim de Thomas Jefferson.

Então percebi que era comigo. Percebi que ela me dar bom dia com aquele sorriso quando chegava na sala e se despedir piscando o olho era um chamado. Ela gostava de mim.

Um dia eu estava sentado na minha cadeira, vinte minutos antes da aula começar, quando Lucy chegou sorrateira.

- O que o senhor tá lendo?

Tomei um susto, olhando pra cima e vendo aquele sorriso doce.

- Desculpa, não queria te assustar, Sr. Morris.

A forma como ela me chamava com aquele olhar de quem queria sussurrar no meu ouvido...

- Tudo bem. - Respondi e mostrei a capa do livro a ela. - Estou lendo Lolita, do Vladimir Nabokov. É um clássico.

- Gosta de livros de romance?

- Sou apaixonado por literatura. - Respondi, sorrindo. - Na verdade, fiquei indeciso entre os dois cursos quando fui fazer faculdade, mas acabei indo pra história.

Ela sorriu e sentou na minha mesa.

- Sobre o que é?

- É a história de um professor de Literatura de 37 para 38 anos chamado Humbert, que está obcecado por Dolores Haze, uma garota de apenas 12 anos.

Lucy piscou os olhos, observando o livro em minhas mãos.

- Pode ler alguma parte pra mim?

- Claro. - Assenti, abrindo o livro nas primeiras páginas. - "Lolita, luz da minha vida, fogo da minha carne. Minha alma, meu pecado. Lo-li-ta: a ponta da língua toca em três pontos consecutivos do palato para encostar, ao três, nos dentes. Lo. Li. Ta."

Lucy suspirou quando terminei de ler. Levantei o olhar e a vi mordendo o lábio inferior. Não me contive.

Beijei Lucy Hale, aquela menina que era minha aluna, que era tão inocente e tão pecaminosa ao mesmo tempo. Era o maior clichê do mundo e eu odeio clichês, mas vamos lá: Lucy era meu pedaço de mau caminho. E pode ter certeza, percorremos o caminho do mal. Eu encontrei minha Lolita.

- Como você me achou, Noah? - Ela me fez sair de meus pensamentos.

- Vim seguindo seu cheiro delicioso. - Respondi com uma gargalhada.

- Sem palhaçadinhas.

- Consegui seu endereço novo com o Chris. - Murmurei.

Aquele irmão dedo duro dela...

- Aí, olha só minha sorte, nem preciso ir até seu apartamento, você veio até mim. O que não é nenhuma novidade. - Abro meu enorme sorriso, da mesma forma convencida de antes. Eu sei que é irresistível aos olhos dela. Lucy vai cair nos meus braços nesse exato momento.

- Perdeu seu tempo. Vai embora.

- Você tá muito gostosa.

- E você continua o mesmo babaca de sempre. - Ela riu pelo nariz. - Será que você nunca vai crescer, nem que seja um pouquinho? Vira homem, Noah.

Antes que Lucy virasse de costas para mim, segurei seu braço e me aproximei.

- Sabia que eu sempre adorei quando você fica brava? Tu sempre foi essa ferinha e isso sempre me encheu de tesão. - Sussurrei, olhando diretamente para seus lábios. Ela então paralisou e eu percebi que tinha conseguido abalar Lucy.

A garota com certeza se arrepiou.

- Agora eu tô morrendo de vontade de te levar pra um cantinho e matar a saudade que eu tô de você, Lolita.
Esse apelido... Esse apelido mexe com ela. Eu sei direitinho como provocar minha garota.

- Noah, você não tem mais esse direito. - Lucy puxou o braço. - Não vem com esse papo, eu não sou tão idiota. Eu era, mas isso já passou.

- Para com isso, gatinha. Não se faz de difícil.

Lucy revirou os olhos e deu um passo pra trás.

- Preciso mesmo dizer o quanto você é importante pra mim? - Bufei e acabei dizendo. - Ok, você é muito importante pra mim.

- Eu precisei de você e você nunca esteve aqui. Eu senti sua falta, todos os dias, e não significou nada. Eu chorei, por muito tempo, e você não se importou. - Ela riu sem humor. - Não venha dizendo que eu sou importante agora, porque eu não vou acreditar.

É claro que ela estava magoada, isso eu já esperava.

- Vou embora, preciso encontrar o Ian e explicar pra ele que o idiota que me beijou é só um idiota. - Murmurou.

- Aquele cara que nem te deixou explicar nada e foi embora? - Dei uma risada. - Por favor, você merece mais que isso.

- Qualquer cara é melhor que você, Noah. - Ela cuspiu, entredentes.

- Marque minhas palavras. Garoto de cidade pequena, vida pequena. Não será o suficiente pra você.

Lucy me deixou falando sozinho e saiu andando, sem nem olhar pra trás.

Uau! Que mulher. Como descrever aquelas curvas? Como meros aninhos puderam lhe fazer tão bem?

Aquelas curvas... Eu podia me perder nelas, facilmente.

Foda-se o que eu tiver que fazer, foda-se quem vai sair machucado nessa história, eu não tô nem aí.

Só sei que Lucy Hale é minha, minha Lolita, e ninguém vai me tirar ela, de jeito nenhum. Eu a fiz mulher. E agora, agora que ela tá esse mulherão, nada mais justo do que ser do papai aqui.

É Ian o nome do cara? Acho melhor ele sair do meu caminho... Ou eu vou ter que tirá-lo.

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