Heroína

232 27 75
                                    

Por Maite.

Ok, eu sou completamente maluca. Disso eu já sei. Na verdade, se eu ganhasse um dólar cada vez que alguém me disse "nossa Maite, como você é doida", eu estaria nadando em verdinhas agora.

Mas vamos lá, tente compreender, eu fui criada por um casal de hippies que me ensinaram a sempre praticar boas ações, fazer o bem sem ver a quem. E esse é meu objetivo atual de vida. Além de alimentar os gatinhos e cachorros de rua, visitar o orfanato da cidade aos sábados e dar aula de pintura para os idosos do asilo, hoje eu ajudei um bêbado.

- É claro que ele está vivo. - Murmurei para o telefone, do outro lado da linha estava minha melhor amiga, Kimberly. - Ele só está dormindo, Kim.

- Você ao menos já o viu na vida? - Questionou baixinho, como se estivesse ali e não quisesse acordá-lo.

- Não. - Ela bufou com minha resposta. - Eu só moro aqui há 8 meses, o que esperava?

- Que fosse alguém bonito, Mai.

- Mas é. Na verdade, muito bonito. - Escorreguei o olhar pelo peito descoberto do cara que dormia no meu sofá. - Ai, caramba! - Me remexi na poltrona. - Ele tá acordando! Depois nos falamos, Kim.

Nem esperei ela responder, apertei o botão vermelho encerrando a chamada e joguei o celular na poltrona vazia ao meu lado.

O cara de cabelos castanhos escuro deitado no sofá a minha frente abriu os olhos lentamente, franzindo a testa com a luz. Ele coçou os olhos e olhou em volta, dando um pulo ao me encontrar lhe encarando.

- Quem é você? - Perguntou, sentando no sofá.

- Não lembra de mim? - Encostei a mão no peito, arriscando um sorriso. - Você estava descendo as escadas do prédio e vomitou nas minhas lindas sapatilhas floridas.

- Eu ainda estou no prédio da Lucy? - Ele olhou em volta.

- Lucy? - Franzi a testa. - Bom, não sei de quem você tá falando, mas eu te ajudei porque você estava bem bêbado.

Então o garoto olhou pra mim, percebendo finalmente o que eu tinha feito. Deu um sorriso genuíno que era de tirar o fôlego. Eu sou apaixonada por sorrisos assim.

- Obrigado. Muito obrigado por ter me ajudado. - Agradeceu, me olhando nos olhos. - E desculpa eu ter vomitado nas suas sapatilhas floridas, eu sou um idiota bêbado.

- Tudo bem. - Assenti, rindo. - Sou acostumada com isso, meus amigos vivem bêbados.

O garoto sorriu, abaixando o olhar por um momento.

- Posso saber o nome da minha heroína?

- Maite.

- É um prazer, Maite. - Ele murmurou. - Sou o Ian. 

- Ian. - Sussurrei.

Eu gostava desse nome. Não sabia a origem dele, mas ao dizer, era necessário amansar a voz. Era o tipo de som que fica sexy ao ser pronunciado.

- Ian. - Repeti, não contendo o sorriso.

- Você gostou do meu nome? - Ele me encarou, rindo. 

- É gostoso de dizer. - Dei de ombros, puxando uma das pernas para o alto da poltrona.

- Eu tenho uma resposta pronta pra quando uma garota me diz isso. Mas não vou usar com você.

- Ah, qual é! - Exclamou. - Não me deixe curiosa.

- Melhor não. - Ian riu pelo nariz.

- Acredite, eu já ouvi de tudo. - Fiz um gesto com a mão que fizesse ele crer na minha mentira.

Todas Contra Ian | LucianOnde histórias criam vida. Descubra agora