Capítulo 2

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Os dias que se passavam no orfanato não poderiam ser mais inusitados para Tom. Pollyanna era uma companhia muito diferente, não o aborrecia, mas estava sempre contente de tudo.

- Bom dia Tom, faz um belo dia não?

- Bom dia. - disse o garoto dando de ombros.

De fato Pollyanna não andava muito com os outros órfãos, estava sempre na companhia de Martha, falando, falando e falando, ela era realmente diferente. Certa vez, durante as férias, a garota brincava animada com uma bonequinha que havia encontrado.

- Me devolve, ela é minha. - reclamou uma garota da mesma idade de Pollyanna puxando a boneca.

- Desculpe, eu a encontrei jogada e achei que...

- Você a roubou, tia Martha, tia Martha. - gritava a menina pelo orfanato.

- Eu não roubei nada! - gritou Pollyanna indignada. Tom observava a cena fingindo ler um livro, sentado em seu canto no pátio do Orfanato.

- Você é uma ladra, Pollyanna! - disse a menina que segurava a boneca de pano pela perna.

Pollyanna olhou chateada e ressentida para a colega que segurava a boneca de pano e a boneca simplesmente se rasgou inteirinha na frente das duas espalhando espuma branca pelo chão.

- Você fez isso. - acusou a outra garota num sussurro assustado, antes de continuar aos berros. - BRUXA. Devia morrer queimada.

- Eu não fiz nada, nem toquei na boneca, mas fico contente que isso tenha acontecido, pois não vamos mais brigar. - dizia a loira de olhos arregalados, assustada com os gritos, mas sem se intimidar por isto.

- Sua estranha! - a outra gritou se afastando de Pollyanna.

- Mas eu não fiz nada. - disse uma Pollyanna em uma voz aguda mostrando sua indignação.

Tom, por sua vez, abaixou o livro.

- Como fez aquilo? - perguntou admirado.

- E-eu não fiz. - disse sem convicção.

- Fez sim, Pollyanna, você é diferente, especial, como eu.

- Como você? Também pode fazer coisas que os outros garotos não podem? - perguntou a garota finalmente parando de negar e desviando o olhar.

- Posso – disse Tom com orgulho. – Então admite que fez aquilo com a boneca dela? Pode fazer outras coisas também?

- Não foi de propósito, às vezes sai do controle, papai dizia para eu não contar a ninguém, as pessoas poderiam não entender. E agora ela vai contar a Martha. - disse Pollyanna levando a mão à testa muito preocupada. Tom sorriu maldoso.

- Não se preocupe com isto. – assegurou-lhe Tom. Martha logo chegou, a boneca despedaçada em uma mão e uma menina chorona na outra.

- O que houve aqui? Vocês dois podem me explicar?

- Eu posso, Martha. - disse Tom. - Eu vi tudo o que aconteceu.

- O que houve Tom?

- Essa menina estava brigando com Miss Pollyanna dizendo que a boneca era dela, mas não era, então com raiva essa menina rasgou toda a boneca de Pollyanna, ela não teve culpa.

- Isso é certo Giselle? - perguntou Martha à outra menina.

- Não, não Martha ele está mentindo, esses dois estranhos.

- Não os chame assim, agora vá para o seu quarto.

Tom e Pollyanna se entreolharam quando Martha se foi.

PollyannaOnde histórias criam vida. Descubra agora