Pollyanna
Algumas semanas se passaram desde que eu me tornara oficialmente uma comensal da morte, ainda não tivera coragem de me comunicar com a Ordem da Fênix por causa do feitiço que Voldemort lançou em minha marca negra e nem de ver Jimmy em sua cela, embora ordenasse a Uly que lhe desse comida decente, um bom banho e o deixasse ficar no jardim sob vigilância quando não houvesse nenhum comensal e nem Voldemort estivesse na mansão.
Tom estava quase sempre muito ocupado e eu percebia o motivo no Profeta Diário pela manhã, o Ministério da Magia estava agindo junto com o professor Dumbledore e a Ordem, mas eu sabia que era uma questão de tempo até o Lorde das Trevas assassinar o ministro e tomar o controle de tudo.
Era uma manhã fria, atípica para aquela época do ano, Voldemort estava em uma reunião com os outros comensais, da qual não fiz questão de participar, essa coisa de guerra a maior parte do tempo me deixava irritada. Troquei-me tirando o pijama e colocando um vestido de mangas compridas e sapatilha.
Saio do quarto e a caminho da cozinha encontro Mulciber, o comensal grande e bruto saía da sala de reunião.
— Não vai participar da reunião, milady? — perguntou, ignorei a careta que ele fez ao me chamar por milady.
— Não que isto seja da sua conta, mas, não Mulciber, obrigada por se preocupar.
— Ah me preocupo sim, porque... Neste exato momento o Lorde das Trevas ordenou que eu fosse até as masmorras e buscasse o prisioneiro sangue ruim, Jimmy Bean, o jogador de quadribol, achei que a Lady das Trevas gostaria de saber disto.
— O que ele quer com Jimmy? — pergunto ficando tensa.
— Você já deve imaginar, ele até demorou a fazer isto, o Lorde das Trevas não costuma ser tão piedoso.
— Nem me fale, eu gostaria que ele já tivesse se livrado de Bean, tiraria este peso de minhas costas — digo, surpresa com o quanto estou sendo convincente, Mulciber semicerra os olhos, mas logo ri despreocupado.
— No começo, eu realmente pensei que estava tentando enganar o Lorde das Trevas, Lady Pollyanna, os comensais e eu até apostamos, sabe... — ele dizia, enquanto andávamos rumo à masmorra. — quanto tempo você duraria e qual seria seu fim, eu apostei em uma maldição da morte depois de boas doses de cruciatus, mas parece que vou perder, você é realmente uma traidora da sua raça de sangues ruins, deve odiar ser uma deles.
Eu paro bruscamente e o seguro pelo queixo arranhando sua pele com a minha unha.
— Nunca mais me chame assim, Mulciber ou vai pagar por isto — digo ameaçadora, por um momento ele parece temer, mas logo assente e faz-me uma reverencia.
— Perdão, milady.
Mulciber e eu chegamos nas masmorras, na cela de Jimmy e o bruxo das trevas riu-se cruel.
— Chegou o seu fim Bean, como se sente sendo levado para a morte pela sua amiguinha?
Jimmy que estava sentado abraçando as próprias pernas, levantou os olhos surpreso, mas eu o ignorei, abri a cela e entrei.
— Segure ele, o Lorde das Trevas não vai se importar se nos divertirmos um pouco, não é?
Mulciber segurou os braços de Jimmy nas costas, o olhar de meu amigo era surpreso, confuso e levemente amedrontado quando apontei a varinha para ele, mas o feitiço foi direcionado ao homem que o segurava.
— Estupefaça. — E Mulciber caiu inconsciente no chão. — Imbecil.
— Você me assustou.
— Desculpe, eu precisava ser convincente, está na hora de você ir embora daqui, ele não estava brincando, Voldemort quer matá-lo hoje.
— Quer me dizer como vamos fazer isto sem destruir seu disfarce? A menos que, você vai vir comigo, certo?
— Não. Oh Jimmy me desculpe não ter vindo aqui antes. E, ahm sobre aquele beijo, eu... Eu só... Você tem a Minerva e tem que voltar para ela, está na hora, eu me viro por aqui, pegue a varinha de Mulciber, você vai precisar, a mansão está rodeada de dementadores. Diga ao professor Dumbledore que Tom tatuou a marca negra em meu braço, se eu mentir para ele agora, sentirei uma dor insuportável e ele saberá, por isto não entrei em contato ainda, mas eu vou dar um jeito.
— Vem comigo — diz Jimmy segurando meu pescoço, seus lábios a centímetros de distancia dos meus, sinto meu coração disparar, como quando estou com Tom e me pergunto se é possível alguém gostar de duas pessoas.
— Vai, não temos tempo. Você sabe que eu não posso ir — digo e Jimmy suspira derrotado, não conseguiria me convencer a acompanhá-lo. Ele pegou a varinha de Mulciber e saiu da mansão, enquanto que com minha varinha, alterei a memória de Mulciber para que ele acreditasse que Jimmy conseguiu sair sozinho, roubar sua varinha e deixá-lo desacordado sem minha ajuda.
Por fim corro em passos silenciosos de volta para o quarto, onde vejo de meu quarto, Jimmy concretizar sua fuga com sucesso.
Alguns minutos mais tarde, a porta do quarto foi aberta e quem entrou por ela não foi Tom, mas sim Bellatrix.
— O Lorde das Trevas está solicitando sua presença.
— Milady, é melhor não se esquecer Bella — digo com um sorriso vitorioso e passando por Bellatrix rumo à sala de reunião.
Atraio os olhares de todos assim que adentro a sala, Voldemort fitava-me com os olhos rubros frios e girava a varinha nos dedos, os comensais abaixaram a cabeça, temerosos.
— Vão! - ordenou Voldemort. — Todos, exceto você Mulciber.
Mulciber já estava acordado, ajoelhado perante seu Lorde, parecia amedrontado, todos se retiraram e Voldemort levantou-se rondando furioso o seu servo.
— Soube que seu querido amigo Jimmy fugiu, Pollyanna?
— Ele não é mais meu querido amigo, Tom. Por acaso não está desconfiando de mim, está?
— Não, Mulciber contou-me tudo, sobre como foi incompetente e imbecil, embora é claro, você seria capaz de alterar a mente dele, dê-me sua varinha para que eu possa ver qual foi seu ultimo feitiço.
Meu coração disparou, eu não tinha pensado nisto.
— Eu a esqueci no quarto, posso ir buscar, se quiser. — ele semicerrou os olhos.
— Seria conveniente se não soubesse o quanto é esquecida — ele diz me fazendo sorrir, embora eu estivesse tensa.
— De qualquer forma — eu digo me sentando em uma das cadeiras de espaldar alto. — Eu não poderia mentir para você, lembra? A marca negra.
— Tem razão. Apenas diga-me que não sabe de nada quanto à fuga de Bean.
— Não sei nada quanto à fuga de Jimmy Bean, Tom — digo e no mesmo momento que as palavras saem de minha boca, a marca em meu braço arde tanto que meus olhos lacrimejam, era como se queimasse minha pele.
— Ótimo, então você terá que pagar por isto Mulciber. Crucio.
— Com licença, milorde — digo tentando não demonstrar a dor que estava sentindo.
Saí quase correndo da sala de reunião e fui para o banheiro, debruçando-me sobre a pia. Tranquei a porta e joguei água sobre a marca negra, mas não parava de doer, doía tanto que eu chorava silenciosamente, mordia meu próprio lábio e xingava até a primeira geração de Gaunts e Riddles, somente meia hora mais tarde a dor começou a aliviar.
— Mãe, está se sentindo bem? — ouvi Prince do outro lado da porta.
— Sim, querido, eu estou ótima, não se preocupe.

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Pollyanna
RomansaTudo poderia ter sido diferente se Tom Riddle o futuro Lorde das Trevas tivesse conhecido Pollyanna? Pollyanna a excêntrica, atrevida e encantadora garotinha de 11 anos perde o pai e vai para um orfanato em Londres - o Orfanato Wools -, onde desc...