Pollyanna
Alguns dias mais tarde, eu me levantei, me arrumei para ir ao St. Mungus e me juntei a Nancy, tio Tom, tia Polly e Prince para o café da manhã. Jimmy não estava, deveria ter ido para algum treino ou sair com Minerva. Enquanto tomava o café da manhã, minha língua coçava para perguntar sobre Tom, mas não o fiz.
— Já vai voltar a trabalhar, querida? Você trabalha demais — dizia Nancy, exatamente quando Tom adentrou a cozinha, com uma camisa branca cujas mangas estavam erguidas até metade do antebraço que o deixava extremamente charmoso.
— Eu não trabalho demais, às vezes eu vou com o Jimmy nos treinos, levo Prince e James para passear — me defendo, me forçando a ignorar a presença de Tom e irritada por sua presença me afetar tanto.
— Trabalha demais sim, chega está pálida minha menina, por Deus — reclamou Nancy.
— Tenho que concordar com Nancy, Pollyanna — disse tia Polly.
— Eu também concordo — Tom se pronunciou pela primeira vez atraindo o olhar de todos na mesa. — Por isso que você não irá trabalhar hoje, tenho outros planos para nós.
— Planos? Para nós? Espera, eu vou sim. Não existe planos e não existe nós — digo entre confusa e impaciente, aperto os lábios e reviro os olhos.
— De fato, minha sobrinha não irá a lugar nenhum com você — disse tia Polly.
— Madame Westmacott te liberou por hoje, a pedido meu. Gostaria que me acompanhasse a um lugar esta tarde, miss Pollyanna — disse Tom de forma gentil e distante, como me convidava a ir caminhar do lado de fora do castelo ou ir até a biblioteca quando ainda estudávamos, antes de ele virar Lord Voldemort e aterrorizar Londres.
— Eu não sei, ahm... Tá, tá, ok.
Assim mais tarde, após o almoço, nós saímos da mansão. Tom não me contou aonde iríamos, eu não fazia ideia para aonde ele iria me levar, mas fazer o que? Tom era um enigma e eu gostava disso. Ele segurou minha mão, senti novamente aquele friozinho na barriga e tentei ignorar.
"Aparecemos" em um vilarejo simples, feito de pedras paralelepipedas, com uma estradinha estreita e uma igreja de paredes azuis claras simples com janelas no estilo gótico a frente. Eu a reconheci imediatamente e levei as duas mãos à boca completamente surpresa. Era a minha cidade natal, o lugar em que eu morava com meus pais antes de morrerem e eu ser enviada para um orfanato em Londres. O orfanato em que o conheci.
— Tom! — Ofeguei e andei um pouco mais a frente. Mais perto da igreja, eu apontei. — Olhe! A igreja onde meu pai era reverendo.
Eu comecei a andar completamente estupefata e hipnotizada, Tom andava atrás de mim apenas ouvindo o que eu dizia.
— Aquela é a casa de Mrs. Gray, ela e o Mr. Gray são primos do deão Carr — eu dizia quase sem respirar. — A casa deles é tão bonita. Podemos visitá-los.
Ouvi Tom sorrir de leve atrás de mim. Eu o esperei e segurei sua mão.
— Oh Tom, estou tão contente... Tão...
— Você não mudou nada.
Foi um passeio divertido até chegar ao outro extremo do vilarejo onde ficava o cemitério. Foi quando meu sorriso murchou, Tom apertou ainda mais minha mão a fim de me dar forças, nós entramos e entre as lápides, encontrei a de meus pais.
Jennie Harrington Whittier
E
John Whittier
Minhas pernas fraquejaram e por um momento eu me ajoelhei sucumbindo às lágrimas, a verdade é que quando criança eu estava sempre jogando o jogo do contente para não sentir a perda de meus pais e meus irmãos, foi quando conheci Tom e ele se tornou alguém tão importante para mim.
Tom ficou ao meu lado e me abraçou, eu escondi o rosto em seu pescoço, era por isso que eu o amava tanto, era sempre ele que estava ao meu lado, nos momentos mais importantes da minha vida, logo após meu pai morrer, quando eu descobri que era bruxa, ele foi meu primeiro amigo, meu primeiro amor, me apresentou o ódio puro e o mais intenso prazer. Eu enxuguei as lágrimas e me levantei sorrindo.
Durante toda a tarde eu visitei as damas da sociedade beneficente, agora senhoras idosas, agradeci a elas o que fizeram por mim. Ao anoitecer Tom e eu paramos para comer em um restaurante bruxo, onde tivemos um jantar agradável e eu podia ver que era apenas Tom, mas quando chegamos na sobremesa, falei sem olhar para ele:
— Isso não muda nada, Tom. — Levanto o olhar e o encaro, sua expressão não mudou. — Eu não sou mais a garotinha ingênua que acreditava que você iria mudar toda vez que você fazia algo terrível.
— Não acredita mais que eu posso mudar? — ele perguntou arqueando uma sobrancelha imperiosamente.
— Não... sim, quero dizer, não sei — digo confusa e ele aperta os lábios em uma tentativa de não rir. Cerro os olhos. — Não ria de mim.
Bato nele com um guardanapo para que pare, mas consigo o efeito reverso e ele apenas ri mais.
— O que eu quero dizer. — Coloco o cabelo atrás da orelha tentando ficar séria. — É: muito obrigada pelo passeio, eu amei, mas não consigo mais confiar em você e não acho que um dia vou conseguir.
— Tudo bem. Acabamos? Preciso te levar de volta ou sua tia vai pensar que te raptei para algum ritual satânico — ele diz me fazendo rir.
Nós fomos embora, aparatamos de volta para Little Hangleton e passamos pelo portão da mansão, mas antes que eu girasse a maçaneta da porta e entrasse na sala, Tom segurou meu pulso.
— Tudo bem você não confiar em mim, eu também não confio. Poder e magia das trevas são incrivelmente sedutores. Estar sem varinha é como estar sem braço, matar e torturar era como respirar para mim, mas nada... — Ele abriu e fechou a boca como se fosse difícil falar. — Nada se compara a te perder. Imortalidade não é nada se você não estiver comigo. Então vou tentar todos os dias resistir à Voldemort, porque... eu não posso te perder.
Tom tocou minha nuca e roçou seus lábios nos meus. A este momento, meu coração já está descompassado, meus olhos arregalados e estou ligeiramente trêmula, porque nunca imaginei que ouviria Tom dizer aquelas palavras, sei que ele vai dizê-las.
— Eu te amo, miss — ele sussurrou ainda com os lábios a centímetros dos meus, sussurrou como um segredo.
Tom não espera por uma resposta, ele apenas entra e me deixa ali com os olhos marejados e sem reação.
Aaaaaa esse capítulo mostra muito a mudança do Tom desde que Pollyanna quase morreu por um feitiço que ele lançou. E mostra também um pouco mais sobre o livro Pollyanna, alguns nomes desse capítulo, na vila natal de Pollyanna foram retirados do livro Pollyanna de Eleanor H. Porter. Perdoem qualquer errinho. Estou ansiosa para saber o que acharam. Até o próximo. Bjs <3
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Pollyanna
RomanceTudo poderia ter sido diferente se Tom Riddle o futuro Lorde das Trevas tivesse conhecido Pollyanna? Pollyanna a excêntrica, atrevida e encantadora garotinha de 11 anos perde o pai e vai para um orfanato em Londres - o Orfanato Wools -, onde desc...