Adentrei aquela rua escura e estranha. Não havia muita luz no caminho estreito e tortuoso, apertei a varinha dentro do bolso. Era ali que Tom trabalhava? Onde ficava a tal Borgin & Burkes? Eu ignorara o pedido que ele fizera de nunca aparecer ali e começava a me arrepender profundamente. Não era um lugar muito bonito, havia muitas coisas sobre artes das trevas e era um lugar considerado muito suspeito e perigoso. Olhei ao redor e só via bruxos estranhos e com aspectos sombrios, assustadores.
Olhei para cima a procura de um letreiro que indicasse a loja que Tom trabalhava, mas o lugar escuro e a noite sem estrelas não ajudavam em nada. Tentei lembrar como tinha feito para entrar ali e voltar pelo mesmo caminho, mas como fazia para voltar mesmo? Droga, eu estava perdida.
— Perdida mocinha? — perguntou um bruxo de vestes rasgadas, um chapéu velho e sem os dois dentes da frente, eu sorri tentando parecer confiante.
— Estou bem, senhor — eu disse educadamente tentando me distanciar, porém mais dois bruxos tão mal vestidos e de aparência tão deplorável quanto o outro se aproximaram.
— Mas o que uma bela dama faz em um lugar como esses? — perguntou o outro de cabelos longos e desgrenhados.
— E ainda mais sozinha? — completou o outro com um sorriso assustador e olhos arregalados.
— Se afastem — eu disse empunhando minha varinha, mas ainda era injusto, eram três contra um. — Eu estou avisando.
— Calma queridinha, nós mostramos a saída para você. — disse o primeiro dos homens sorrindo simpático.
— Sério? — perguntei já desesperada e pensando em segui-los, talvez não fossem tão ruins, abaixei a varinha.
— Mais é claro anjinho, vamos te tirar daqui, mas antes... — ele arranhou minha bochecha com as unhas podres e segurou meu queixo com força, enquanto o outro arrancava minha varinha e segurava meu pulso, eu gritei assustada.
— Tire suas mãos imundas de cima dela. — Sua voz era baixa, mas ainda assim se destacou entre as vozes daqueles homens asquerosos. Tom usava uma capa longa que o deixava com um ar autoritário, com um aceno de varinha os três homens caíram no chão e se contorceram de dor.
— Por favor, por favor, meu senhor, nos deixe ir, nunca mais encostaremos nela, nunca mais.
— Humpf, desprezíveis. — Tom continuou a torturá-los.
— Para, Tom, eles não vão mais me machucar — eu disse em um tom de voz baixo, mas Tom não me ouvia, cego pelo poder, pelo estranho prazer que sentia em machucar os outros, eu podia ver aquele brilho vermelho em seus olhos, fui até ele e toquei em seu rosto fazendo-o olhar em meus olhos. — Por favor, pare, está me assustando.
Ele parou, pegou-me pelo pulso de maneira rude e saímos dali.
— Eu lhe avisei para nunca, Pollyanna, nunca ir para a Travessa do Tranco. Imagina o que aconteceria se eu não tivesse aparecido?
— Mas você apareceu. — eu sorri de leve e beijei seus lábios num beijo rápido que pareceu acalmá-lo. Estamos juntos de novo, desde que ele pediu desculpas pela cena com Jimmy. Não sei se foi sincero, mas só o fato de ele pedir desculpas já é um grande avanço.
Nós dois aparatamos para casa em Little Hangleton. Tom vai para seu quarto, mas eu ainda janto com meus tios, ajudo Nancy na cozinha, conto a tia Polly do estágio que consegui no St. Mungus, onde poderei trabalhar lá enquanto estudo para ser uma curandeira, tenho uma ótima chefe e professora chamada Madame Westmacott. Por fim, já é bem tarde quando pego alguns potes de sorvetes e guloseimas na geladeira, dou boa noite a meus tios e vou para o quarto de Tom, abrindo sem nem ao menos bater.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Pollyanna
RomanceTudo poderia ter sido diferente se Tom Riddle o futuro Lorde das Trevas tivesse conhecido Pollyanna? Pollyanna a excêntrica, atrevida e encantadora garotinha de 11 anos perde o pai e vai para um orfanato em Londres - o Orfanato Wools -, onde desc...