Flores novas

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Último dia, antes de ir embora.

Eu resolvo andar por essa pequena cidade, uma forma de me despedir dela.
Eu até senti paz aqui, tive meu primeiro apartamento, passei noites sozinhas sim, mas esse lugar me deu uma nova amiga, Blair, que irei levá-la sempre comigo. Nunca quis que ela soubesse das loucuras da minha vida, das perdas, mas, ela me ajudou, eu precisava dela, e ela me ajudou muito, se não fosse ela, eu não sei aonde poderia estar agora.

Vou para escola, pegar o diploma, e minhas coisas.
Todos estão na escola, os boatos do baile são inevitáveis.

Ficamos sentandos no banco do pátio, Eu, Blair, Caleb, Brenda e Vivian também estão conosco.
Decidimos que, irei com Brenda e Vivian, para NY, fazemos planos sim, e Blair vai depois com Caleb, elas​ me perguntam sobre Luan, eu não sei o que dizer, preciso de tempo.

- Você vai levar muita coisa? - Pergunta, Blair.
- Não, vou deixar muita coisa para trás. - digo.

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Em caminho para nosso novo lar, procuramos não lembrar do passado, dos acontecimentos, das mortes..

Estávamos no carro, Brenda dirigindo, eu no passageiro, e Vivian atrás.

- Eu tenho medo de ser a próxima. - diz Vivian.

Brenda diminui a velocidade do carro, e olhamos para trás.

- Nunca mais diga isso! - Diz Brenda, que volta a dirigir normalmente.
- Vivian, nunca vamos deixar algum mal de acontecer! Ella não estava do nosso lado, a própria mãe a matou, na verdade, não sabíamos o que se passava na cabeça de Ella. Aria, se foi, a doença a levou, e toda essa confusão de chave também.- Eu digo.
- Eu sou a mais fraca, serei a próxima com certeza. - Vivian diz triste.
- Amiga, vida nova, vamos esquecer o passado por um tempo, está bem? - digo.

Seguimos em silêncio, com o rádio tocando.
Eu penso que sim, pode ser verdade, ela é a mais "fraca", por conta da sua deficiência. Eu lembro que na escola, ela odiava isso, sempre queria mostrar ser independente, mesmo Dayana fazendo o possível para mostrar que ela não prestava para nada. Dayana tentou apagar muitos sonhos de Vivian.

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Nós chegamos ao nosso apartamento, e decidimos nos reunir na sala, para conversar sobre trabalho,e outras coisas.
Ajeitamos os cômodos, o apartamento ficou lindo.
E vamos conversar.

- Eu pretendo ir amanhã em todos os orfanatos de NY. Quero continuar de onde parei, cuidando das crianças, e quem sabe, futuramente, realizarei um grande sonho meu.
- Eu concordo​ Brenda. - diz Vivian. - Eu não sei bem o que fazer ainda, por enquanto, eu fico em casa, até pensar o que cursarei na faculdade, ou se cursarei.
- Eu pretendo decidir ainda, pode até demorar um pouco, mas não vou ficar parada, vou procurar um emprego. - digo.

O telefone toca.
Eu atendo, e quando viro-me para elas, elas atenciosamente paradas, tenho até um susto. Desligo.

- Calma meninas, é só Blair, dizendo que em breve ligará dando a data que chega.

Elas ficam aliviadas. Por um segundo.
O telefone toca novamente, ai, eu acho mais estranho..

Atendo, falo, olho para elas, e elas " espantadas", desligo.

- Agora era minha avó, pedindo para eu enviar nosso endereço por e-mail, pois ela quer nos fazer uma visita. - Digo rindo.

Mas acontece, que é a porta que bate agora. Ficamos com medo sim. A porta não tem olho mágico, e Vivian diz, com seu senso de humor;

- Deixa que eu vou, não vou ver quem é mesmo.

E ela vai mesmo. Eu e Brenda ficamos atrás, esperando, Vivian abre a porta, fica parada, e escuto.

- Liana está aí?

E é Luan.
Ela reconhece e pede para ele entrar.

- Que susto! - eu digo.
- Ainda bem que era você. - Diz Brenda, se sentando no sofá com Vivian.

Percebo que Luan está meio aflito, estranho.

- O que veio fazer em NY? - Pergunto.
- Porque não me contou que ia se mudar? - ele diz um pouco alterado.
- Te dizer? Depois da morte de Ella você " sumiu". Como soube que vim para cá?
- Não faça mais isso, eu vim correndo até aqui, eu pensei que tinha perdido você! Eu prometi para mim mesmo que cuidaria de você, então, eu vou cuidar.
- Não preciso dos seus cuidados, Luan. Mas, você precisa. Você bebeu? - Ele realmente parece que virou a última noite.
- Não sei, porque? - ele diz e Brenda e Vivian riem.
- Olha, eu sei que você não deve ter onde ficar, então, toma um banho, come, e dorme, amanhã conversamos.. - digo.
- Não precisa. Eu tenho um amigo, que mora perto, ficarei lá. Amanhã eu volto, eu te ligo, tá?
- Certo..
- Ok, até mais..

Ele se vai, e eu fecho a porta. Quando me viro, e até suspiro, lembro-me que nunca vi ele desse jeito, que louco. Quando vejo, está Brenda e Vivian rindo de mim.

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A noite chega, e vamos sair para comer pizza.
Chegamos a pizzaria que é ao ar livre, tá um friozinho bom.

- Você vai voltar com ele? - Vivan pergunta.
- Ele quem?.. - digo..
- Luan, não se faça de burrinha..
- Acho que ele precisa me
" reconquistar" de novo..
- Hmmm, certíssima. - Diz Brenda. - Pretendo encontrar um namorado também, mas se não encontrar agora, não tem problema.
- Ah, quero encontar meu doutor logo, quero sentir a sensação de um beijo, de um abraço apertado, segurar em uma mão, encostar minha cabeça no ombro de alguém. Sinto que ele está perto.. - Vivian diz rindo, e rimos com ela..

A caminho de casa, parecemos crianças, brincamos no caminho todo. Paramos em uma praça, muito linda, começa a nevar, ficamos ali, olhando para o céu.
Lembro- me dê Aria, Ella, e sinto saudades. Até que sou interrompida por uma mensagem;

" Eu tenho a chave que abre muitas portas.
Bem vinda a NY, Liana.
A chave. "

Minha noite acaba ali.

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Fight For The KeyOnde histórias criam vida. Descubra agora