Capítulo cinco

1.3K 201 63
                                    

Encarei a solicitação por alguns segundos, atônita, e logo a seguir aceitei. Dias de luta, dias de glória!

Entrei no Facebook de Gunner e vi - todas - as suas fotos. Dentre todas aquelas fotografias, uma em especial chamou minha atenção: Ele e Cassy. De volta à realidade.

Já de noite, ainda enquanto eu sonhava com as ovelhinhas da vida, meu celular tocou.

Uma vez, ok. Caixa postal.

Duas vezes, ok. Caixa postal novamente.

Na terceira vez, me estiquei bufando irritada e vi o nome de Charlotte na tela. Ah, senhorita insistência. Atendi a chamada em seguida.

- Caramba, o que foi? Espero que você tenha ganhado na loteria ou caído em algum buraco. - resmunguei.

Eu só tenho um maldito ponto fraco: odeio que me acordem a força.

- Bom dia flor do dia! Tava dormindo, né? - exclamou alto e rindo - Olha só Amélia, você tá perdendo toda sua vida! - escutei um barulho de vidro quebrando. - Droga, menos um prato pra coleção da mamãe. Vamos no Devil's hoje? preciso fugir daqui antes que minha mãe sinta falta desse prato.

Repirei fundo me sentindo... cansada? Eu não fiz nada o dia inteiro!

- Agora? - insisti no papel de desentendida.

- Sim, agora. Te pego em vinte minutos. - e ela desligou o telefone.

Corri pro banheiro, tomei banho e me vesti com uma blusa preta e uma calça jeans. Meu uniforme para a vida!

O Devil's é um parque de diversões, o único em um raio de sessenta e seis quilômetros, na verdade. É praticamente uma das únicas atrações da cidade.

Exatos vinte minutos depois, minha amiga chegou.

- Olá, Amélia adormecida. - charlotte disse, dando a volta na rua escura.

- Oi. - cumprimentei enfiando o canudo na pequena caixinha de achocolatado que havia pego. Juntei as sobrancelhas sentindo falta de mais alguém. - Onde está Emma?

Ela suspirou.

- Eu a convidei, mas ela está na casa do Thomas. - Contou mantendo sua atenção no trânsito - Eles estão fazendo aquele trabalho que você fez com o Peter. É pra semana que vem, né?

- Sim. - confirmei e liguei o rádio. Charlotte é um pouco acima do peso, considerada gostosa pelos garotos e por toda a população da nossa escola. É morena e tem grandes cabelos ondulados castanhos. É tão linda que dá inveja.

- Você tem falado com Peter? - ela indagou descontraída.

- Ele dormiu lá em casa essa noite, completamente bêbado. - afirmei sugando o resto do meu achocolatado.

- Dormiu lá? Não sabia que vocês já dormiam juntos. - ela riu, irônica.

A ideia de deixar um cara praticamente desconhecido dormir comigo jamais seria cogitável dias atrás. A vida tem dessas, não tem? Essas surpresas imediatas. Acho que é por isso que ela vale a pena. Viver é se surpreender. 

- Ele não podia voltar para casa daquele jeito. - tentei argumentar - Deitou na minha cama e dormiu na mesma hora!  - eu disse, animada, colocando a caixinha de achocolatado na sacola de pano rosa pendurada na marcha do carro. Não pude evitar rir baixinho quando me lembrei do nosso desiquilíbrio mútuo na noite passada. Charlotte pareceu não perceber então mantive em oculto. 

Assim que Chegamos no Devil's, fomos direto ao fliperama correndo como duas crianças empolgadas. Aquele era o nosso lugar favorito de todos, e nós éramos as melhores na maioria dos brinquedos que haviam ali, principalmente na pista de dança. 

Eu (não) Estou a Fim de Você | Em RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora