Amanhã faz dois meses.Dois meses desde que Vater nos sequestrara.
Dois meses desde que minha mãe biológica morreu de verdade.
Dois meses me parecia apenas uma boa quantidade de dias um tempo atrás, mas, agora, um mês significa mudança; um mês significa seguir em frente. Todos os dias significam uma nova chance, e eu decido escolher todos os dias ter escolha. Tentar algo novo, perceber as pessoas ao meu redor e tentar estar presente da maneira que posso.
Nada é perfeito, isso deve ser tão aceito como o simples respirar. A questão é, qual seria a graça sem os altos e baixos que a vida nos traz? A vida nos força a viver, mas, mesmo assim, ainda temos escolhas. Sempre há uma escolha a se fazer.
Algumas semanas atrás, um mês depois de Vater, Peter e eu estávamos planejando uma viagem juntos. No início, achei que era loucura, mas, uma loucura faz bem uma vez ou outra.
- Nós devíamos visitar o México... Cancun, um lugar com praia. – Meu namorado afirmou com suavidade enquanto seus dedos a acariciavam minha bochecha – Eu gosto muito de praia. Havaí? – Ele indaga esperançoso – Diz sim! Diz Havaí! – Peter se levanta bruscamente da cama onde estávamos deitados. Ele está realmente animado com a ideia de passarmos as próximas férias em outro país. Rolo para o lado por causa se seu movimento brusco e ele se retrai. – Ei, me desculpa eu... fiquei empolgado um pouco demais. – Admite corando e eu sorrio.
Me sento ao lado dele com as pernas cruzadas e deito minha cabeça em seu ombro.
- Por que você gosta tanto de praia? – Eu sussurro esperando por uma resposta válida.
Peter deita sua cabeça levemente sobre a minha e suspira.
- Ela adorava a praia. – Ele começa. Está se referindo à sua mãe, Clarice. – Acho que se sentia conectada ao oceano ou algo do tipo... – Ele faz uma pausa – Ir à praia me traz boas memórias...e não podemos esquecer que praia significa ver você de biquíni. – Peter dá uma risada e eu soco seu braço de leve, também rindo.
- Eu sempre quis conhecer a Europa. – Conto, baixinho.
Peter vira seu corpo para em minha direção e uma de suas mãos pousa na lateral de meu pescoço.
- Eu aceito. – Ele afirma e eu rebato imediatamente com um "O quê? ". – Ir à Europa. Vamos para a Europa, Ame! – Ele abre um sorriso genuíno. Eu amo esse sorriso. Acabo sorrindo junto dele na mesma proporção.
- Você vai desistir da praia assim tão fácil? – Eu pergunto e levanto uma sobrancelha. – Eu já estava ficando convencida com a ideia do Havaí...
Um sorriso de caráter indecente se estica no rosto dele - Bom, eu meio que posso ver você de biquíni a hora que quiser então... – Peter observou cada parte do meu rosto antes de continuar – Eu tenho uma parte da minha família lá, você sabia? Na Itália.
Levanto minhas sobrancelhas com a surpresa.
- Isso quer dizer que você é meio italiano, é? – Indago. O quebra-cabeça estava montado.
- Sim. Em parte. – Ele conta e eu exclamo um "Tá explicado!" .
Não é à toa que ele faz Pizzas tão bem...
Peter ri com a minha comparação idiota de seus dotes culinários com suas raízes italianas. Mas isso faz muito sentido para mim. Muito.
- Eu quase me chamei Peter D'Angelo Abernathy mas meu pai achou que eu devia ''homenagear'' a família dele e eu acabei Abernathy Jackson. – Ele contou – Nós podemos visitar meu primo Milo! – Exclama, animado mais uma vez. – Ele mora em Roma, eu acho. – Mordo o lábio inferior. Roma. – O que acha? Itália?
Me aproximo dele deixando apenas uma barreira de ar invisível entre nós.
- Eu acho incrível. – Afirmo sorrindo e ele retribui o sorriso – Qualquer lugar com você é incrível.
É claro que eu não poderia pagar por uma viagem dessa. Só se vendesse meus rins, na verdade. Mas de alguma maneira Pete pode, e eu nem ao menos o questionei sobre. Talvez seja algo em relação a Clarice, ou ele é rico e não me contou. A primeira opção é muito mais provável, e por isso eu não me atrevo a perguntar sobre.
Mesmo que dois meses tenham se passado agora, eu nunca me esquecerei de tudo o que houve naquele galpão. Como eu poderia? Me mantenho focada em superar isso e sei que Peter se sente da mesma forma.
- Vocês estão indo para a Itália? – Charlotte grita do outro lado do telefone e escuto Emma gritar logo em seguida um "O que? Sandália? " No fundo. Desato a rir, mas era pelo nervosismo da situação mesmo.
Nosso voo é durante a madrugada porque Peter anunciou um decreto: Não esperar pelas férias e simplesmente faltar alguns poucos dias de aula (eu obviamente concordei). Não perderia jamais a oportunidade de ir para a Itália com o meu namorado gostosão que só usa preto.
Estamos indo para outro país!
Apenas eu e Peter.
- Amélia! – Escuto minha mãe gritar – Ele chegou!
Me despeço de minhas melhores amigas na ligação e mando uma mensagem de texto para Cassy.
"Qualquer coisa, estou na Itália. Beijos, gata"
Termino de digitar enquanto arrasto minha mala de rodinhas pelo corredor até as escadas.
Quando levanto meus olhos do aparelho celular, ele está lá no pé da escada. Todo de preto e o cabelo aparentemente úmido com algumas mechas caídas sobre os olhos. Tão lindo como sempre. Peter sorri e seus olhos parecem sorrir com seus lábios. Meu coração salta no peito como se tivéssemos acabado de nos conhecer; minhas canelas estão formigando e sinto como se fosse cair dura no chão. Tudo isso sem ao menos desviar meu olhar do dele.
Os lábios de Peter se movem em um "Eu te amo" perfeito.
"Eu te amo", eu respondo lentamente para que ele leia meus lábios.
Não conhecia o peso que amar alguém pode trazer, mas agora também conheço a leveza, e o colorido que o amor pode colocar em nossas vidas. Peter me trouxe tudo o que temia. Amá-lo me deixou sem chão, mas consequentemente eu aprendi a voar. E eu o amo por isso e muito mais.
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Eu (não) Estou a Fim de Você | Em Revisão
Teen FictionCUIDADO: esta história pode parar seu coração por ser clichê! "A curiosidade matou o gato" é o que sempre insistem em dizer para Amélia, uma garota extremamente curiosa de dezesseis anos. Ame tem um crush, Gunner Campbell. Típico para essa idade, nã...