Fancinelli

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Mais tarde naquele mesmo dia, mamãe, Oliver e eu estávamos em uma cafeteria perto do litoral da cidade. Tudo ia estranhamente bem até o telefone de Suziane tocar.

- Como assim fugiu? – Mamãe exclamou repentinamente assustando-nos e algumas pessoas ao redor nos encararam – Eu vou sim... Vou falar com ela agora mesmo! – Afirmou e terminou a ligação em seguida. Poucos segundos depois de permanecer estática encarando a tela brilhante do telefone ela começou a falar – A Maggie... – Minha mãe nos encarou perplexa – Ela desapareceu... – OK, espera, ela não foi embora tipo, dois dias atrás? Por que não perceberam antes? – Decã está desesperado a procura dela...

- Ele disse desde quando ela sumiu? – Indaguei e Oliver nos observava confuso.

Minha mãe buscou pela minha mão sobre a mesa parecendo muito preocupada.

- Ele disse que não a viu esses dias por conta do trabalho, mas que só hoje pela manhã os empregados notaram que a maior parte das coisas dela sumiram... E ela também. – Minha mãe me olhou triste.

Por um segundo cogitei contá-la que eu sabia que ela não tinha sumido e sim ido embora por vontade própria, mas se mamãe soubesse que eu simplesmente a deixei ir embora daquela maneira as coisas só piorariam, eu tinha certeza.

- Maggie de quê? – Oliver perguntou com as sobrancelhas juntas em uma linha reta – Del Finkler?

Assenti com a cabeça. O nome era conhecido, provavelmente todos naquele Café já sabiam do "desaparecimento" de Maggie.

Minha mãe deixou-nos em casa e foi até a mansão dos Del Finkler para apoiar Decã em, nas palavras dela, um momento muito difícil para sua família. Mesmo insistindo que ela permanecesse em casa não consegui impedi-la de ir até lá. Preocupei-me apenas em garantir a mim mesma de que tudo ficaria bem, e que Decã ou... Vater, não faria nada contra ela. Não nesse momento onde sua família está tão visada pela mídia por causa de um desaparecimento.

- Amélia – Oliver segurou meu braço na entrada da casa – Eu preciso conversar com você. – Me olhou aflito – Eu já sei de tudo. Ou quase.

"Todos esses últimos dias eu vi meu pai estar estranho. Nervoso, ansioso, até mesmo falando enquanto dormia. No começo achei que ele estava, não sei, ficando deprimido, talvez? Mas aí as ligações começaram. Eu consegui acesso ao telefone dele e todas as ligações eram de fábricas; todas do mesmo homem, Decãlinson Del Finkler. Todas. Eu não achei que devia me preocupar, mas, em uma dessas noites cheguei em casa pela madrugada e pude escutá-lo conversando com alguém no telefone. Amélia, o seu nome foi dito e repetido por, pelo menos, cinco vezes. Meu pai deixou bem claro que você descobriu algo sobre a sua mãe e que isso poderia prejudicar o fabricante famoso... Claro que poderia ser qualquer uma, existem muitas Amélias por aí. Mas, não é coincidência demais o nome do seu pai também ser citado? E além do mais, o seu quase atropelamento só confirmou tudo! Eu ainda não sei ao certo o que está acontecendo, mas você precisa me dizer o que sabe.'' - Contou-me Ollie.

Meus pensamentos de interligavam com tanta velocidade que fiquei tonta! Se não estivesse sentada no sofá da sala teria caído no chão, com toda certeza!

Então o Fancinelli também estava envolvido nessa bagunça toda.Como poderia o melhor amigo do meu pai ser cúmplice de um homem como Decã? Johnprovavelmente contou a Fancinelli sobre eu ter descoberto que minha mãe não éminha mãe. Foi assim que Decã também soube! Eu precisava avisar John o mais rápido possível. Fancinelli não era mais tão confiável quanto parecia.

- Caixa postal. – Afirmei decepcionada. Estava tentando entrar em contato com John desde que soube que seu melhor amigo não era tão amigo assim.

Já era noite e nem John ou Suzianne atenderam minhas ligações. Oliver e eu decidimos procurar pela mamãe, já que naquele momento ela estava mais próxima do que John. Ou pelo menos devia estar.

Ollie e eu fomos até a mansão Del Finkler para encontrá-la mas...

Não, eles não estavam lá.

O lugar estava vazio e parecia cenário de filme de terror, nem mesmo os empregados estavam. Os seguranças também não estavam por ali, de acordo com o que pude ver.

Nossa próxima parada foi o CityCenter Memorial, hospital onde Suzianne passava a maior parte de seu tempo sendo enfermeira.

Para minha infelicidade, a senhora carrancuda da recepção do hospital me garantiu de que mamãe não apareceu por lá naquele dia.

Eu estava desesperada.

Já era quase meia noite e nenhuma notícia deles. Nenhuma.

Andei rapidamente em rumo da saída do hospital deixando Ollie para trás e senti o ar frio do litoral golpear meu rosto repentinamente. Oliver apareceu do meu lado poucos segundos depois.

Respirei fundo tentando ao máximo manter a calma.

Me virei para Oliver, mas... aquele não era Ollie.

Vater estava de pé, bem ao meu lado, com a expressão parecida com a de um animal raivoso me encarando como se eu fosse sua mais nova presa.

E eu era.

Depois disso, eu não vi mais nada. 

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05 de março de 2019
22:33 pm

Eu (não) Estou a Fim de Você | Em RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora