oceans

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"Eu quero você, e sempre vou querer. Nós escondemos nossas emoções sob a superfície e tentamos fingir, mas parece que há oceanos entre nós"

- Oceans, Seafret.

Com o par de saltos na mão, caminhei até o estacionamento e me afundei no banco do motorista. O que eu estava pensando quando concordei com tudo isso?

Liguei o carro e me dirigi em direção de casa.

Não gosto de como as coisas acontecem. Não suporto o circulo vicioso que a vida é. Mas gosto de pensar que para tudo há um motivo. Para tudo. Talvez todas as coisas resultem outras coisas. Talvez não.

Mas as pessoas, essas sim influenciam à outras coisas. Uma palavra, um toque, um respirar, podem mudar o futuro. Nem tudo influencia a tudo. Mas quase tudo o faz. As pessoas dizem: "Você não pode decidir seu futuro." Mas você pode. Uma palavra, um toque, um respirar... eles podem decidir seu futuro. Decidir sua vida.

Nada é predefinido, porque o futuro pode mudar a qualquer momento. Um piscar de olhos podem fazer todo um roteiro escorrer pelo ralo.

Cheguei em casa e fui direto pro quarto. Desamarrei o laço do vestido nas minhas costas e o mesmo escorregou pelo meu corpo. Depois de um bom e longo banho, eu estava enrolada na toalha branca de banho quando me lembrei: A carta que o Peter me deu.

De toalha, corri pelas escadas e peguei a chave do carro que eu havia abandonado no balcão da cozinha e fui até o carro.

Sentei-me no banco do motorista e esguerei-me até o porta-luvas. Aguarrei o envelope com precisão.

Meu coração batia cem vezes mais rápido com a adrenalina. Levei o envelope até meu quarto, com medo do que encontraria ali dentro, me sentei sobre a cama e abri a carta.

A cada palavra que eu lia, meu coração se quebrava mais um pedacinho. Peter me deu uma carta onde se declara pra mim, e olha tudo que eu fiz.

Ele não merecia isso. Ele não merece.

Meus olhos começaram a marejar a medida que eu terminava de ler a carta, mas os sequei antes que qualquer lágrima rolasse. Não sou tão fraca a esse ponto.

Me vesti e li a carta por pelo menos mais vinte vezes, até que o cansaço tomou conta do meu corpo e eu apaguei.

Pela manhã, acordei mais cedo do que de costume aos domingos. Tomei um banho para acordar meu corpo sonolento e escovei os dentes como nunca antes, pareciam uma folha de papel ofício de tão brancos.

- Bom dia, querida. - mamãe me cumprimentou quando adentrei a cozinha - Como foi o baile?

- Ótimo - menti e me fui em direção à geladeira - Comida de graça sempre é ótimo. - Adcionei retirando o queijo e o presunto de dentro do eletrodoméstico.

Coloquei os frios sobre o balcão que divide a cozinha da sala e fui até a cafeteira. Logo em seguida, enchi uma xícara de café e o adocei.

- Você não parece muito feliz, Amélia. - ela declarou se sentando em um dos bancos a que eu me dirigia.

- Eu estou. - abri um sorriso enorme, tentando parecer sincera para ela. - Como vão as coisas com o Decã?

Eu estava tentando manter tudo fora da minha mente. Eu estava tentando manter Peter distante dos meus pensamentos. E quanto mais eu tentava, menos conseguia.

Uma semana se passou. Liguei para Peter na segunda, ele não atendeu. Na terça, enviei algumas mensagens. Na quarta, deixei recados na caixa postal. Na quinta percebi que estava sendo chata e insistente. Na sexta, tentei deixar pra lá. Peter tinha se tornado um verdadeiro fantasma. Duas semanas depois e recebi a notícia de que a Clarice, mãe do Peter, havia morrido. Tentei falar com ele, fui até a casa dele mas não havia ninguém. Eu não tinha a mínima ideia de onde ele estava ou o que estava fazendo.

Eu (não) Estou a Fim de Você | Em RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora