danger!

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Passei o resto do dia trancafiada no meu quarto por motivo de: minha mãe saiu e me deixou sozinha com um loiro de quase dois metros de altura meio pirado da cabeça.

Minhas atividades se resumiram em trocar mensagens engraçadas com Peter Jack, e reler pela vigésima vez minha cópia de A Rainha Vermelha. Como pode um livro ser tão bom?

Pela noite, desci sorrateiramente as escadas até a cozinha a fim de comer tudo que encontrasse pela frente. Havia um buraco negro em meu estômago, e com certeza o maior de todos.

Infelizmente, antes mesmo de alcançar a geladeira, Oliver Fancinelli interrompeu minha jornada faminta. Eu pude sentir a cor se esvair do meu rosto diante do susto que ele tinha me dado. Eu disse que era meio pirado da cabeça!

- Você não vai parar de fugir de mim? – Ele indagou enrugando o nariz de forma engraçada – Eu não mordo, Lia. – Disse o garoto que mais se parecia com um homem do que um garoto.

Abri bem os olhos para encará-lo. Medo dele? Eu não tinha medo algum! Ele realmente acha que seus olhos de safira assustam alguém? Ok que ele era quase do mesmo tamanho de uma porta, mas, não era para tanto. Tentei encontrar uma resposta o mais rápido possível, mas Ollie fez isso primeiro me impedindo de falar.

- Eu quero fazer uma oferta de paz! – Exclamou tão rapidamente que quase atropelou todas apalavras com outras – Eu sei que não fui muito legal com você um tempo atrás, mas, agora vamos morar juntos e, - ele fez uma pequena pausa – não quero que se sinta desconfortável em sua própria casa. Minha banda vai tocar mais tarde, seria legal se você fosse. – Falou, por fim.

Levantei as sobrancelhas ainda um pouco cética. Ele queria mesmo que tudo ficasse bem entre nós dois? É complicado confiar no cara que disse para todos os meninos da sua vizinhança que você ainda usa fralda aos onze anos.

- Eu vou pensar sobre a sua oferta – Eu disse, ainda com receio – Mas minhas amigas talvez também queiram ir ao seu... show. – Oliver abriu um sorriso enorme e seus olhos pareciam sorrir junto de seus lábios.

- Interessante que você tenha uma banda. – Ponderei – Como é o nome?

Ele parecia se divertir com o meu desconforto. O rosto dele tinha uma espécie de malícia que nunca encontrei em rosto algum a não ser o dele.

- EvilMen. É punk rock, aliás. – Contou com o rosto sério.

Eu quase dei um ataque de risos quando ouvi aquele nome. Caras malvados? Sério?

- Interessante. – Afirmei tentando segurar a risada quase que inutilmente.

Aqui vão todas as coisas que eu tenho certeza sobre esse show:

(1) Gente bêbada

(2) Música MUITO alta

(3) Suor

(4) Ir ou não ir?

(5) Eu devia parar de ser tão dramática

Assim que consegui escapar das garras de Ollie novamente, convidei as meninas para irem ao show comigo. Quando eu disse as palavras "Punk Rock" e "EvilMen", as Emma e Charlotte recusaram de imediato. Mas Cassy não.

Em parte, eu sabia o porquê – Cassy conhecia a EvilMen e surtou quando soube que o vocalista estava simplesmente hospedado na minha casa. Eu não pude deixar de me divertir com a empolgação dela. Segundo Cass, ela se mudaria para minha casa, nós duas dividiríamos nossas coisas e o Oliver se apaixonaria por ela assim, como um estalo de dedos. Como nos filmes e livros, onde tudo acontece do nada, só porque tinha que acontecer com quem tinha que acontecer.

Eu (não) Estou a Fim de Você | Em RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora