She's not alone

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Quando acordei estava presa. Minhas mãos estavam amarradas para cima, em uma barra de ferro que se estendia pela extensão do lugar de tons cinza em que eu me encontrava. Minha mãe e Maggie estavam ali também, presas, como eu.

Minutos depois, um bater de porta ecoou pelo que parecia-se com galpão e segundos depois John, entrou no lugar acompanhado de Fancinelli, que tinha uma arma apontada para a cabeça de meu pai em suas mãos trêmulas.

Com as duas mãos levantadas em rendição, John caminhou até uma das grossas barras de ferro que sustentavam o lugar e Fancinelli o prendeu ali mesmo com um par de algemas.

Os olhos de meu pai percorreram todas nós com extrema preocupação. A aflição evidente em seu rosto me deixava cada segundo mais desesperada.

- John... – Escutei mamãe sussurrar.

Fancinelli se afastou de nós e foi em direção ao corredor de onde veio. O homem suava como um porco e parecia estar a segundos de desmaiar.

- Seu imprestável – Outro bater de porta – Eu te disse para permanecer aqui dentro! – Vater vociferou e sua voz fez meu corpo estremecer. Ele arrastou Fancinelli pelo braço, que tropeçou incontável vezes, pelo corredor e o posicionou ao lado de meu pai. Um telefone brilhava na mão do homem assustado mas Vater pareceu não se importar.

Logo atrás de Vater dois homens que deviam ter a mesma altura que portas adentraram juntamente o lugar. Posicionaram-se nas duas pontas do corredor. Eram algum tipo de seguranças, eu pensei.

- Seu doente! – Maggie gritou ao meu lado. Estávamos as três enfileiradas há poucos passos de distância e ambas presas da mesma forma. – O que você quer? – Ela cuspiu – Seu desgraçado!

Mamãe e eu nos entreolhamos.

Vater caminhou lentamente até Maggie e encarou-a por alguns segundos antes de levantar sua mão e chocá-la contra o rosto da morena em um tapa.

O rosto de Maggie, antes branco como neve, agora era vermelho como um pimentão e a mão de seu tio ficara marcada ali.

- Quero todas vocês caladas agora. – Anunciou e dirigiu-se ao meu pai, parando-se bem em sua frente – Você vai sentir tudo o que eu senti – bradou Vater – Elas vão sentir! – Berrou o homem – Você vai saber como é perder quem você mais ama além de tudo! – Eu conseguia ver o ódio queimar no rosto de Vater – Você vai sentir! – Exclamou pausadamente como um animal ou... um monstro.

John não expressava reação. Seu rosto era uma completa confusão e isso aparentava apenas irritar Vater ainda mais.

Com passos pesados ele marchou até uma porta de madeira escura que ficava na lateral do galpão e a destrancou.

Vater escancarou a porta e luzes acesas foram reveladas de dentro do quarto. Ele adentrou o cômodo e escutamos mais portas serem destrancadas assim que, com a volta de Vater, alguém vinha atrás dele como uma sombra.

Todos no lugar pareciam ter perdido o ar ao mesmo tempo. A sombra se tornou real quando Louise posicionou-se ao lado de Vater. Era ela. Minha mãe.

Ela estava viva.

Os olhos dela examinaram cada um ali até que repousaram sobre John, que parecia não acreditar no que via.

E talvez fosse mais fácil não acreditar do que ter noção de que uma mulher foi escondida pelo seu próprio irmão por quase dezessete anos. Ela tinha agora rugas em seu rosto e seu cabelo cortado na altura dos ombros. Suas roupas eram trapos manchados que mal cabiam nela.

John tentou, inutilmente, soltar-se das algemas. Ele exclamou o nome de Louise em desespero por mais algumas vezes até Fancinelli voltar a apontar sua arma para sua cabeça.

Eu (não) Estou a Fim de Você | Em RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora