A louça do jantar estava me assombrando até que eu sedi em lavá-la.
Não sou muito adepta a atividades que envolvam a casa. Mal sei fazer um arroz sem colocar sal demais ou queimar o coitado! E eu não gosto de lavar louça. Nem um pouquinho.
Houve uma vez em que eu quase incendiei minha mãe tentando fritar algumas batatas congeladas.
O ocorrido foi que eu acabei deixando o óleo esquentar demais e, quando coloquei as batatas, eu tentei abafar com uma tampa, mas o óleo quente espirrou e incendiou um pano de prato que estava por perto. Eu comecei a gritar e desliguei o fogão e em seguida, peguei o pano para colocar na pia, pra molhar e acabar com o "incêndio". O problema é que minha mãe apareceu e eu acabei jogando o pano em cima dela.
Desesperada, ela correu e conseguiu jogar o pano na pia, cessando o pequeno incêndio.
Concluindo, eu sou um desastre hiperbólico quando o assunto é cozinha.
"Prazer, Amélia! Bela, recatada e do lar!"
Não mesmo. Segundo o Google, Amélia é um substantivo feminino que significa mulher amorosa, passiva e serviçal.
Ah, sei. A meu respeito, o Google errou.
Depois de um curto tempo perdida em meus devaneios e nos pratos sujos, Peter pergunta:
- O que foi, Amélia? - escuto a chuva caindo lá fora, indicando que o dia de hoje será nublado e úmido do jeitinho que eu gosto.
Estou parada ao lado de Peter, observando como ele consegue fazer isso tudo tão suavemente e já saber a quantidade exata de cada ingrediente, isso é mágico. Pelo menos para mim, que não sei nadica de nada sobre cozinhar, Peter parece ser de outro mundo.
- Como eu faço você querer ficar aqui pra sempre? Isso é uma obra de arte!
Indago e ele gira o tabuleiro acertando partes rebeldes que pularam para fora e, quando termina, se vira em minha direção.
- Esteja aqui. - ele responde e se direciona ao forno, já ligado, e coloca o tabuleiro lá dentro.
Me peguei pensando sobre mentiras, e a mais nova mentira em que eu estava me metendo. Não estou falando sobre eu e Gunner, mas sim de Peter. É como se ouvesse algo a mais escondido debaixo das cobertas, algo que seja essencial porém desconhecido e esse pequeno detalhe, faz com que todo o resto pareça apenas uma encenação para encobrir essa minuciosidade.
Quando ele se vira de volta para mim, nossos olhares se fixam um ao outro em algum tipo de magnetismo e, com fascínio, percebo o quão cauteloso e melancólico é o olhar de Peter essa noite.
- Depois que descobri sobre minha mãe, - ele diz agora fitando o chão - achei que ficar sozinho seria o melhor a se fazer, mas alguma coisa estava faltando. Era você. Tão exêntrica e engraçada. Era o que eu precisava.
Coloco uma mão em seu rosto e em seguida me estico o máximo que posso e deposito um beijo em sua bochecha, que acabou demorando um pouco mais do que o planejado já que permaneci estática e com a boca no rosto do coitado por uns quatro segundos.
Quando de volta a gravidade, me lembro de que temos aula em poucas horas. Peter parece surpreso com minha última ação.
- Se quiser, você pode tomar banho primeiro. - relato me afastando para subir as escadas, mas ele continua lá, parado. - Você não vem? - então ele assente e finalmente, me acompanha.
Peter foi pro chuveiro primeiro e, enquanto isso, eu respondi algumas mensagens que Emma tinha me mandado com Jon em minhas pernas até que parei meu olhos na camiseta preta em cima da minha cama. Imediatamente, tiro Jon de cima de mim e rolo sobre a cama e agarro a camisa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Eu (não) Estou a Fim de Você | Em Revisão
Teen FictionCUIDADO: esta história pode parar seu coração por ser clichê! "A curiosidade matou o gato" é o que sempre insistem em dizer para Amélia, uma garota extremamente curiosa de dezesseis anos. Ame tem um crush, Gunner Campbell. Típico para essa idade, nã...