*Matthew*

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-Como estava a dizer, dêem as boas vindas a Matthew Daddario. -diz, fazendo todos baterem palmas, menos eu que arregalei os olhos.

Ele entra em palco com a sua postura sempre sedutora e sorria revelando os seus dentes brancos e brilhantes.

Matthew estava, agora, mais crescido, mais velho, mais alto, mais bonito. Os seus cabelos pretos continuavam brilhantes e os seus olhos com o seu brilho especial e misterioso natural.

Fiquei tensa assim que a sua figura apareceu na minha frente e momentos da nossa infância passavam como um filme na minha cabeça.

-Iremos agora sortear o nome do aluno ou aluna que poderá representar aqui, na frente de todos, com o Matthew. -diz a velha professora.

Eu ainda não acredito que ele está aqui. Bem aqui na minha frente. Que os seus olhos, a qualquer momento, se podem encontrar com os me...

-Samantah Evans. -diz, interrompendo os meus pensamentos, e fazendo com que ele arregalasse os olhos.

Levanto-me, atraindo o olhar dele que arregala os olhos mais uma vez. Caminho a passos lentos, até ao palco e, logo, estou frente a frente com ele.

-Vocês vão ter de criar um reencontro entre antigos apaixonados. -começa por explicar a professora, fazendo-nos engolir em seco- A cena tem de transmitir sentimento, saudade, angustia, mágoa, tristeza, tem de envolver lágrimas e emoção e, no final, um beijo de despedida. -diz e é ouvido sussurros tipo "Eles vão ter de se beijar?'', "Como eu queria estar no lugar dela" e assim- Podem começar.

-M-Matthew?! -digo surpresa.

-Samantah. -ele "sussurra" admirado.

Ficamos um tempo em silêncio, enquanto nos encaravamos fixamente.

-Nós precisamos falar. -diz e eu rio irónica.

-Eu não tenho nada para te dizer. -digo fria, olhando-o nos olhos.

-Mas eu tenho. -ele diz e segura a minha mão, olhando nos meus olhos- Desculpa. -diz e eu reviro os olhos com um sorriso irónico na cara- Desculpa ter ido embora daquela maneira, mas Santa Mónica não tinha o que eu precisava para seguir o meu sonho.
-Essa é a tua desculpa, Matthew? -pergunto fria e incrédula- Que lá não podias seguir o teu sonho? Então e eu? -pergunto e uma lágrima escorre pelo meu rosto- E eu, Matthew? Nós? Como achavas que eu ia ficar ao saber que te foste embora sem te despedires de mim? Sem nem acabares comigo? -pergunto irónica, entre lágrimas- COMO ACHAVAS QUE EU FICARIA AO PERDER O MEU PRIMEIRO AMOR? -grito e as lágrimas já não paravam.

-E achas que foi fácil para mim também? -pergunta, depois de algum tempo em silêncio- Eu sofri mais do que possas imaginar, Samantah. Eu chorei durante dias, não comia, não saía de casa, não falava com ninguém. -ele disse e uma lágrima escorreu pelo seu rosto, fazendo-me sentir a pior pessoa do mundo, por fazê-lo chorar- Achas que eu fiquei bem em saber que te tinha deixado para trás daquela maneira? Eu senti-me tão egoísta, Samantah.

-Tu foste egoísta. -respondo rápido, interrompendo o que ele ia dizer a seguir- Eu odiei-me tanto, Matthew. Pensei que eu tinha feito algo mal e que me tinhas deixado por não ser o suficiente para ti. -disse e, a esta altura, as lágrimas desciam freneticamente, tanto pelo meu rosto como pelo dele.

Matthew segura o meu rosto com as suas mãos e aproxima-nos, encarando o fundo do meu olhar, assim como eu fazia com o seu.

-Nunca mais digas isso. -ele repreende-me entre lágrimas- Tu eras e sempre vais ser mais que suficiente, Samantah. -ele diz e aproxima-nos mais ainda- Eu sempre amei a tua maneira de ser, o teu revirar de olhos quando te irritava, fazendo-me irritar-te de propósito só para te ver fazer isso, o teu sorriso, antes desalinhado e metálico era perfeito aos meus olhos, o oceano a que chamas de olhos era o que me fazia ter um brilho sempre presente nos meus e a tua espontaneidade fazia-me sentir feliz a cada dia. -ele diz fazendo com que eu chorasse mais, se isso fosse possível- Eu sempre te amei.

-Então porque é que me deixaste daquela maneira? -pergunto magoada- Triste, magoada e sem respostas, Matthew?

-Porque eu não te queria ver desta maneira, triste, vulnerável e a chorar. -responde sem me deixar falar mais- Não tens noção de como eu me estou a sentir ao ver-te chorar por minha culpa. Eu estou a sentir-me a pior pessoa à face da Terra, Samantah. Um monstro. -diz e mais uma lágrima escorre pelo seu rosto.

-Eu fiquei tão mal, Matthew. -digo depois de um curto silêncio, onde só se ouviam as nossas respirações aceleradas e os nossos soluços- Foram noites e dias sem dormir, litros de lágrimas gastas, feridas sem serem saradas. Eu senti-me sem chão, desamparada e perdida. -digo e ele olha-me culpado- Eu senti-me trocada quando vi a notícia de que arranjaste outro alguém, pensei que me tinhas deixado por ela, Matthew.

-Eu nunca te troquei, Samantah. -ele diz e eu limpo a lágrima que escorreu nesse exato momento pelo seu rosto- Eu sempre te amei e sempre te irei amar, Mary.

-Eu sempre te amei, Matt, mas tu magoaste-me de uma das piores formas. -digo e ele fecha os olhos com força, encara-me fixamente e aproxima-nos mais ainda.

-Desculpa. -ele diz e beija-me. Os seus lábios macios contra os meus, novamente, foi como um choque de nostalgia, mas ao mesmo tempo realidade.

Quando nos separámos, encarei fixamente os seus olhos.

-Adeus, Matt. -digo deixando uma última lágrima escorrer.

-Adeus, Mary. -ele diz e a sua última lágrima ameaça cair, fazendo-me virar as costas para não ver.

Sons de palmas são ouvidos, fazendo-nos voltar à realidade e perceber que não estávamos sozinhos ali.

Todos pensavam que este momento foi apenas uma atuação, pena que não foi e virou uma despedida e um fechar de um velho capítulo mal terminado.

SprouseOnde histórias criam vida. Descubra agora