Capítulo 56

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Eu sei que eu prometi que meu próximo capitulo seria ontem e seria o epílogo. Mas gente, não consegui. Não consegui mesmo. Precisei escrever mais esse capitulo. A ideia veio e eu escrevi. Acho que Lydia e Franz precisavam disso.







- É a segunda vez que você vira para a esquerda e já estamos longe do centro. Preciso ficar com medo? – eu perguntei, me virando para o motorista.

- Falta pouco agora. – ele respondeu, sorrindo de lado.

O que ele estava tramando? Ele era bom em tramar e executar planos, talvez pelo tempo no Iraque.

- Eu não posso me atrasar. – eu avisei. Me virando para a frente. - Marquei de almoçar com Ofélya hoje.

- Estamos quase lá. – ele respondeu, evasivamente.

- Eu já estou aqui e estou usando meu anel de noivado, não precisa me sequestrar para ter certeza que vamos nos casar. – eu disse, colocando uma dose extra de drama cômico.

Ele revirou os olhos e virou a direita. Eu poderia tê-lo feito falar mais alguma coisa se não tivéssemos chegado ao nosso destino. Paramos em um portão de ferro preto e ele colocou a senha no interfone e entramos.

- Onde estamos? – eu perguntei olhando as arvores altas e cheias de folhas.

Para variar, ele não respondeu.

Franz decidiu que aquele seria o dia de ficar todo cheio de segredos. Desde o momento em que apareceu para me buscar no apartamento ele não estava falando muito, além de que tinha uma surpresa para mim.

Eu ainda tinha receios de que conseguiríamos esquecer tudo o que tinha passado, como fui embora, sobre Ofélya, sobre ele pedir para que eu largasse a faculdade. Era tanta coisa que eu nem conseguia mais me lembrar. Mas a questão é que simplesmente decidimos passar uma borracha e estávamos escrevendo nossa estória de novo. E isso estava sendo incrível. Se eu achei que sentia falta dele quando estava em Fayette, hoje eu não sei como consegui viver lá por tantos dias sem ele.

Ainda estávamos cercados por uma bolha de carinho e felicidade, dando sorrisinhos bobos e tudo mais, o que tinha feito os jornais ficarem eufóricos, principalmente quando eu apareci com um vestido tão exuberante no Baile de abertura.

Esqueci meus pensamentos quando a casa apareceu, assim que atravessamos o portão. Era alta, de dois andares e tinham pelo menos 14 janelas só na parte da frente. Na entrada tinham três colunas e uma grande porta de vidro.

Ele veio me ajudar a sair do carro e me levou pela mão até a porta, tirou uma chave do bolso e abriu.

A casa estava coberta de uma fina e quase imperceptível camada de pó. O teto era alto e tinha uma bela escadaria que levava ao segundo andar. Os moveis estavam cobertos com lenções brancos, e a maioria das paredes estavam nuas. Mas alguns quadros ainda eram mantidos.

Eu nunca iria me acostumar ao ver o estilo barroco pessoalmente tão de perto.

- Essa casa pertenceu ao meu avô. Ele deu o nome de Pavilhão da Rainha. – Franz explicou enquanto andava até a janela mais próxima e abria as cortinas, deixando as luzes do fim da manhã aparecerem. – Quando ele morreu ele deixou para mim. Tem cinco quartos e outros comodos amplos e confortáveis.

- Ela é linda. – eu disse, girando e olhando para todos os lados. - Tem muito pó, mas parece ser bem conservada. Você vem sempre aqui?

- Vinha mais antes de entrar no exército. Ela ficou esquecida depois que voltei. Mas ainda é uma bela casa. – ele disse, parando no arco de entrada para a sala enquanto eu fiquei no centro.

- Com certeza é.

- Você gostou? – ele perguntou, com as mãos nos bolsos.

- Claro que gostei. – eu respondi, passando a mão pela borda bem desenhada da lareira.

Era detalhada e bonita, em um estilo antigo e atual, com suas paredes claras e mais do que tudo, era intimista. Era impossível não gostar.

- Eu pensei que podíamos morar aqui, depois do casamento.

Fiquei surpresa com isso. Virei para ele, com o cenho franzido, e perguntei:

- Pensei que fossemos morar no Schönbrunn.

Afinal era a casa dele. Onde ficava o escritório dele e o meu. Era o mais certo. E era um palácio tão grande que 20 familias poderiam morar ali sem nenhum problema.

- Nós poderíamos. – ele respondeu, dando de ombros. - Mas eu gostaria de poder ter um lugar só nosso.

Deixei que a ideia de morar ali entrasse na minha cabeça. "Um lugar só nosso" ele disse. Eu podia nos imaginar ali, aconchegados na lareira, tomando café na sala com janelas altas de vidro, deixando o sol entrar todas as manhãs. A vida de um casal quase comum. Deixei que o sorriso começasse a preencher meu rosto.

Eram imagens muito mais convidativas do que morar com os reis no grandioso e amarelo Schönbrunn.

Eu passei a gostar dos meus sogros. Desde que eles estavam quase agindo como dois adolescentes, com sorrisinhos e tudo mais. Além da agradabilidade que parece ter caído de paraquedas em cima dos dois. Mas a ideia de passar 24 horas por dia com eles, não era convidativa.

Mas agora tínhamos o Pavilhão da Rainha. Talvez tivéssemos que reformar alguma coisa, mas para mim já era perfeito.

Senti as lagrimas de emoção, presas nos meus olhos e corri para Franz e o abracei totalmente, com braços e pernas.

- Um lugar só nosso? – eu perguntei, com meus braços enrolados em seu pescoço e meu rosto encostado em seu pescoço cheiroso.

- Um lugar só nosso, meine Liebe. – ele disse me abraçando de volta. - Podemos fazer o que quiser com ele. É nosso.

Ele me colocou no chão e abriu as portas dos fundos e ficamos de pé na varanda. Ele enrolou seus braços na minha cintura e ficamos olhando para a paisagem verde.

- Podemos mobiliar tudo de novo, podemos fazer reformas, qualquer coisa. Ou podemos escolher um dos outros palácios, se você preferir um lugar maior.

- Não. Esse lugar é perfeito. – eu respondi me virando para ele. Colocando minhas mãos em seu pescoço e chegando bem perto. - Já me sinto em casa. Mas acho que isso tem mais haver com você do que com a casa em si.

Ele sorriu e me beijou.

Talvez tenha sido a melhor surpresa que Franz poderia me fazer. Não a casa, mas nos dar a possibilidade do infinito, de pensar em todos os momentos que no futuro iríamos compartilhar naqueles cômodos. E pensar em todos os momentos que iríamos compartilhar em nossa vida.





Dessa vez, eu juro, foi o último...

Agora só o Epílogo.

Não esqueçam de deixar uma estrelinha e um comentário antes de sair. Valeu, Falô

O Príncipe e Eu [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora