Finalmente estou de volta à Londres, não como eu gostaria, mas de qualquer forma estou de volta, a tristeza ainda ao meu redor apesar de poder estar próxima de meu Dono, mas confesso que estou voltando com muito medo, o medo normal de se estar mudando de país de se estar aceitando o desafio de um novo trabalho e com medo de não voltar a ser o que eu era para o meu Dono.
Meu corpo hoje não é mesmo que ele conheceu e desejou, trago uma grande cicatriz em meu peito, sei que os médicos que a fizeram estavam mais preocupados, no momento, com minha vida e como um fragmento da bala, de uma arma de grande potência, estava a milímetros de uma artéria de suma importância, o que eles menos pensaram foi na estética. Nesse tempo em que me descobri como submissa aprendi a apreciar e me orgulhar de marcas, mas essa só me traz desgosto, procuro esconde-la de todas as formas, mas minha pele é propensa a queloides.
Sei que Suzanne contou o que aconteceu comigo, mas ela não soube o que eu vivenciei naquele momento em que parei o carro na entrada da garagem do prédio em que eu morava com meus pais e quando eu menos esperava vi uma arma apontada para a minha cabeça, até hoje eu não sei se eu ouvi o meu nome antes de ouvir o som dos disparos, volta e meia eu acordo ouvindo o meu nome e o som dos estampidos, para em seguida sentir a queimação e tudo se apagar ao meu redor.
Eu não queria estar voltando em um momento tão conturbado, eu não queria ter que voltar praticamente obrigando minha mãe a me acompanhar, sei o quanto ela está sofrendo a falta do marido, amigo e companheiro de tantos anos, sinto imensamente a falta de meu pai que foi arrancado de nossas vidas naquele fatídico dia.
Mas eu estou disposta a vencer todos esses obstáculos, eu tenho algo em mente e vou à busca disso, eu sei que posso ter o que descobri o que sou. Eu sei que posso ser a Queta de Hunter, que é o que mais quero nesse momento, meu Dono tem estado ao meu lado esse tempo todo, estando ou não presente, mas sei que ele está nem que seja ao dizer um bom dia ou boa noite minha menina.
Como são as coisas, no mesmo dia em que fui atingida, e seria mortalmente, se eu não estivesse usando a medalha que Suzanne me deu, chegou à minha casa uma carta da universidade convidando-me para trabalhar com eles, eu de início não a vi e com a confusão toda eu não a visualizei mesmo, pois ficou perdida em um canto junto com outros papéis, mas meu Dono intercedeu e os responsáveis pela administração da universidade entenderam que a minha não resposta não era uma negativa e sim por um fato além da minha vontade. E agora estou desembarcando em Londres com minha mãe.
Estamos aguardando a bagagem ser depositada na esteira, meu coração bate forte, pois sei que em algum ponto do saguão de desembarque desse imenso aeroporto está o meu Dono o meu Hugo, o homem por quem me encantei, a quem eu me entreguei e pertenço de corpo e alma. Da última e primeira vez que aqui desembarquei eu esperava encontra-lo e acabei ficando, de certa forma, desapontada, mas hoje eu sei que ele está lá, é eu sei, já falei com ele.
- Mãe, estamos em Londres, sei que a senhora não está vindo de bom grado, mas sei que vai ser o melhor para nós duas.
- Minha filha eu estou vindo por você única e exclusivamente por você que passou a ser o único significado de minha vida, mas não posso mentir para você e dizer que estou feliz em vir, estou longe de tudo o que eu vivi, estou longe do seu pai.
- Mãe pense que ele vai estar sempre em nossos corações e olhando por nós independentemente de onde estivermos eu não poderia recusar esse convite de trabalho, eu precisava vir, mas de forma alguma eu poderia deixa-la.
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Hugo & Henriqueta
Literatura FemininaO retorno de Henriqueta Borges a Londres, agora como uma profissional contratada por uma universidade. Sua nova vida em um país estrangeiro e as adaptações às quais ela precisa se adequar para continuar a sua relação com seu Dono Hugo Hunter, tendo...