Meu Querido Sr. Viking [REPOSTANDO]

2 - Sr. Viking

"Não confie em homens metidos a viking. Não confie e ponto."

Uma semana havia se passado desde que eu finalmente me libertei das correntes opressoras em forma de uma criatura horrenda que nada tinha de humano, a não ser sua bela feição da mais esplendorosa perfeição, que escondia o verdadeiro monstro dentro de si.

Pessoas brigam com o tédio e com a monotonia, mas eu nunca estive tão feliz de ter uma vida monótona; uma vida em que eu não precisava temer dormir e, principalmente, acordar. Descobri que uma fagulha de liberdade é muito, quando dela, por quase duas décadas, fui privada.

Contudo, mesmo que tudo estivesse quase perfeito na minha nova vida, as procurações, infelizmente, começaram a rondar. Eu precisava arrumar um emprego, pois o dinheiro que eu trouxe iria durar, no máximo, por mais uns dois meses. Eu já havia passado fome, já tinha sentido o estômago doer enquanto rugia por qualquer mísero alimento. Por isso, ficava desesperada ao pensar que poderia ficar à beira da miséria novamente. Eu precisava urgentemente de qualquer emprego.

Naquele curto intervalo de tempo, finalmente conheci minha colega de quarto, a Laura. E para minha felicidade, a garota não era uma gótica das trevas. Na verdade, era totalmente o oposto, estava mais para uma estrela de cinema: linda, alta, loira, e dona de exuberantes olhos verdes como duas esmeraldas brilhantes. Ainda bem que não estava à procura de um namorado, pois seria impossível competir com ela.

Não que eu fosse esquisita. Acho que sem graça me definia melhor. Era apenas mais uma pequena garota de olhos claros e sem vida, pois sua alma fora sugada há muito tempo. Mais uma jovem cujo sorriso não chegava ao olhar, e que se escondia atrás de roupas seguras a fim de camuflar as marcas de uma vida medíocre estampadas em sua pele. Apenas uma menina que herdou os traços genéticos de alguém que nunca conheceu, mesclado com o DNA daquele que sempre desejou a morte. Apenas uma mulher no mundo que desejava apenas viver.

Mas, em algumas raras vezes, eu pensava que, se eu me cuidasse, ou permitisse desabrochar, até poderia ser tão linda quanto minha companheira de apartamento. No entanto, nunca tive motivos para tal coisa e também não queria começar a me preocupar com essas futilidades. Além do mais, não tinha o desejo de ser bonita, não esperava que homem algum me notasse novamente. De qualquer forma, não ansiava em conhecer outro monstro por trás de um rosto bonito e um sorriso fácil. Ficaria segura enquanto estivesse sozinha.