20 - A Fuga

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"Ás vezes a dor é cruel demais para suportar, mas precisamos ser fortes se quisermos proteger aqueles a quem amamos".

— David Hoffman

>> D A V I D <<

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>> D A V I D <<

Nunca soube afirmar de onde surgiram tantas lágrimas, só sei que, naquele dia em que Sala recebeu a visita inesperada de sua mãe, as águas salgadas caíram constantemente dos meus olhos, como uma chuva que não cessava.

Eu não sabia nem a metade da história da Salua e já tinha testemunhado dor o suficiente para toda uma vida. Por mais que me esforçasse, não compreendia como ela ainda conseguia sorrir, depois de tudo que passou. Entretanto, apesar de tudo, minha garota ainda esbanjava um lindo sorriso para vida, não permitindo que o caos a devorasse. Salua, havia escolhido me amar, logo ela que nunca conheceu o amor, permitiu abrir seu coração partido, e me amou.

Naquele final de tarde, completamente impotente, vi minha pequena chorar nos meus braços, implorando para que eu tirasse sua dor, e droga! Desejei no íntimo do meu ser, arrancar todo o sofrimento que castigava a sua alma, mas não consegui. Se eu soubesse que aquela mulher iria deixá-la despedaçada, jamais deixaria que se aproximasse da minha Salua.

Ouvi-la gritar a cada minuto, quase me matou. Vê-la socar seu peito e dizer que estava doendo, me deixou tremendamente furioso, porque não era capaz de fazer nada, além de abraçá-la, mas meu abraço jamais seria o suficiente, porque a dor dela era terrivelmente cruel.

Depois muito tempo chorando e urrando em um constante estado de tormento, seu corpo não foi mais capaz de suportar tanta dor e ela desligou. Minha pequena, sucumbiu, completamente desmaiada em meus braços. Com os olhos marejados em lágrimas, carreguei-a até o quarto e depositei seu corpo inerte sobre a nossa cama.

Ao deixar o quarto, caminhei até a sala e soquei a parede a minha frente até a carne se abrir, sentindo os meus dedos sangrarem.

Odiei aquela sensação de impotência. Odiei saber o quanto Salua sofreu e ainda sofria. Odiei, de todo o meu coração, as pessoas que lhe deram a vida.

Porra, mundo! Ela não merecia!

— AHHHHHH! — gritei, tentando fazer aquela dor passar.

Tudo o que realmente desejei era encontrar o maldito progenitor daminha Salua e socá-lo até ver o último resquício de vida se apagar de seus olhos. Porém, como não sabia onde o miserável se encontrava, ou melhor, se escondia, liberei toda fúria na parede a minha frente e esmurrei-a até que a dor física superou a dor emocional.

Depois de um lindo período, finalmente me acalmei, peguei o telefone, contatei a Ângela, pedi para que fechasse o Pub e concedesse uma semana de folga a todos. Minha gerente tentou argumentar, alegando que minha decisão era insensata, que só me traria prejuízo, mas eu pouco me importava com o dinheiro, Salua havia devolvido uma razão para viver e ela era tudo que me importava. Como Ângela não foi capaz de me compreender, apenas pedi para que faça o que seguisse as minhas ordens, pois estava disposto a arcar com as consequências da minha súbita decisão. Claro que poderia deixá-la cuidando de tudo, mas desde que meu irmão me traiu, me roubou, deixando-me a mercê da falência, não conseguia confiar mais em ninguém. Era melhor perder uma semana de ganhos do que todo o resto.

Meu Querido Sr. Viking [REPOSTANDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora