27 - O Vôo

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>>  D A V I D <<


Após decidirmos que realmente iriamos nos casar, tivemos de embarcar em um voo rumo o Rio Grande do Sul para que minha mãe finalmente pudesse conhecer a sua futura nora. Quando dei a notícia do meu casamento a minha mãe, via telefone, ocorreu um misto de reações do outro lado da linha. Primeiro ela ficou chocada, porque não esperava que eu fosse me casar com alguém cujo eu conhecesse à tão pouco tempo, mas depois que expliquei o quanto amava a Salua e de como parecia que eu a conhecia por toda minha vida. Minha finalmente mãe relaxou e ficou mega empolgada em conhecer a mulher que finalmente havia fisgado o meu coração.

***

Salua estava muito nervosa e eu não sabia dizer se o motivo era o fato de que viajaria de avião pela primeira vez, ou se estava apreensiva, pois iria conhecer minha mãe. Então, pela milésima vez, antes da decolagem, ela perguntou se nós realmente não poderíamos ir de carro e novamente eu enfatizei que não.

Sentamo-nos em nossas poltronas, eu ocupei o lugar da janela, já que Salua disse que seria muito assustador ver o mundo lá de cima, e um garotinho de uns cinco ou sete anos, de cabelos castanhos claro levemente bagunçados, com olhos cor de amêndoas, senta-se ao seu lado.

Pego em suas mãos e percebo que elas estão trêmulas e suando frio.

— Amor, você vai ficar bem? — perguntei preocupado.

Um tanto pálida e com os olhos azuis arregalados, ela respondeu:

— Sim. — A voz quase não saiu.

O garotinho ao seu lado nos observou curioso.

— Ela tem medo de voar de avião. — expliquei a ele que lançou a Salua um olhar cheio de pena.

— Moça, vai ficar bem! Eu já voei com minha mãe um milhão de vezes e nunca morri. — Abriu um largo sorriso.

Salua, no entanto, esboçou apenas um sorriso amarelo.

— Vocês querem algo do serviço de bordo? — A aeromoça se aproximou e descaradamente me devorou com os olhos carregado de malicia.

— Você tem Diazepam? — Minha noiva indagou às pressas.

— Não. — Forçou um sorriso. — Infelizmente, não podemos dopar os passageiros!

— Graças a Deus! — Suspirou aliviada. — Agora sei que não corro o risco de você me desmaiar para tentar pegar o MEU NOIVO! — enfatizou as duas últimas palavras, deixando a comissária envergonhada que rapidamente de nós.

— Pelo visto seu medo passou pequena. — Sorri, entrelaçando os meus dedos no seu.

— Não há medo no mundo capaz de me impedir de defender o meu homem! — Estufou o peito, orgulhosa.

O piloto anunciou que iriamos decolar e de repente o avião começou a se inclinar em direção ao céu.

Naquele momento, Salua segurou minha mão com muita força e endureceu na poltrona, mantendo no rosto uma expressão de puro terror.

— Você pode segurar minha mão também! — O garotinho estendeu sua mãozinha para minha noiva que rapidamente a segurou.

O avião continuou inclinando.

— Aí baralho, baralho, baralho, baralho! — disparou, repetidamente, mantendo os olhos fortemente fechados.

Depois de alguns instantes, o avião estabilizou.

— Pode abrir os olhos, amor. — sussurrei no seu ouvido. — O pior já passou.

Seus olhos se abriram com muita cautela. Um tanto reticente, minha pequena soltou nossas mãos, em seguida, olhou para o garotinho e o agradeceu.

Meu Querido Sr. Viking [REPOSTANDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora