4 - A Menina dos Olhos Tristes

6.6K 1K 96
                                    

» D A V I D «

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

» D A V I D «


Meu recomeço. Estava tentando, novamente, reviver meu sonho das cinzas, naquela cidade em que a esperança sempre é a última a morrer.

Depois de ter sido roubado por meu sócio — que era meu melhor amigo e, por ironia, meu irmão —, decidi sair da região Sul do país e abrir meu Pub na maior cidade da América Latina: São Paulo, a cidade que não dorme. Deixei tudo para trás. Família, amigos, desilusões, e parti em busca de um  recomeço em um lugar estranho, onde não conhecia ninguém. 

Ali eu não tinha amigos e nem fazia  questão de ter, pois após o receber o golpe traidor que fora desferido pela pessoa que eu mais confiava, decidi lacrar meu coração para aquele tipo de sentimento. Descobri da pior forma que as pessoas que você mais ama são aquelas que carregam consigo o dom de te decepcionar.

Mas a vida sempre segue e pessoas vêm e vão, como as ondas do mar, que deixam um pouco de si todas as vezes que desaguam em praias novas. No entanto, não se pode esquecer que a vida é cheia de artimanhas e surpresas. Quando menos se espera, ela joga uma bomba na sua frente e te diz: “Se vira!”. E foi lá, no turbilhão daquela metrópole,  que a vida me surpreendeu novamente.

A garota do elevador, da calcinha vermelha e do dedo do meio, de alguma forma foi parar no meu escritório e encontrou-se sentada bem à minha frente para ser entrevistada por mim. Como eu disse... a vida é mesmo irônica.

 Enquanto lhe fazia uma série de questionamentos, não consigo conter o desejo de provocá-la. Aquela garota ficava tão engraçada quando está enfurecida. 

Após minha vizinha concluir a sua fala sobre a escassa experiência de trabalho que possui, decidi analisá-la pela primeira vez com mais calma. 

Ao encarar seus olhos cinzentos, soube que não importava o quanto  ela tentasse esconder e o quanto se esforçasse em parecer ser feliz. Eu via nitidamente a tristeza esboçada bem lá no fundo de seus pálidos olhos azuis. Era um dom que eu carregava, ou melhor, uma maldição. Conseguia identificar quando as pessoas estavam quebradas, e aquela garota na minha frente estava, terrivelmente, destruída.

Jamais soube dizer o que se passou na minha cabeça naquele momento, porém, decidi lhe conhecer a oportunidade de  emprego. Salua não era a melhor das minhas opções, as outras meninas tinham mais experiências, contudo, senti no íntimo do meu coração que aquela garota precisava do trabalho mais que as outras. E de todas as reações possíveis que ela poderia esboçar mediante sua empolgação em estar empregada, ela soltou um virtuoso palavrão. E foi ali, naquele momento, que a garota me ganhou. Em um mundo de cópias e de pessoas que seguem modelos pré-moldados de personalidade, a autenticidade, na minha opinião, sempre foi a melhor qualidade que alguém poderia ter.

Eu gostava dela, mesmo que me esforçasse em provar o contrário. Eu admirava a sua força, porque mesmo que Salua estivesse completamente despedaçada, ela continuava sorrindo.

E eu também queria sorrir.

E eu também queria sorrir

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Meu Querido Sr. Viking [REPOSTANDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora