"O medo, ás vezes, nos faz mais forte".
Salua Rodrigues
>> S A L U A <<
Quatro anos atrás (15 anos)
Sr. Diário,
Hoje descobri que finalmente desabrochei, ou, como alguns dizem, eu me tornei mocinha. Não faça essa cara de espanto, pois mais cedo ou mais tarde isso ocorreria!
Esse momento aconteceu há uns três dias. Pensei que o monstro havia danificado meu corpo, porque eu não parava de sangrar e meu ventre doía absurdamente, mas, não podia ir ao médico, porque ele descobriria que havia algo errado comigo. Então, peguei várias camisetas velhas, as cortei em pequenos retalhos para que eu pudesse forrar minha calcinha, não deixando sangue escorrer por minhas calças, e fui para a escola.
Durante a aula, eu senti tanta dor, que cheguei a pensar que meu útero ia se desprender da minha barriga. Ao menos foi bom ter ido à escola, pois na aula de biologia a professora, coincidentemente, explicou sobre o ciclo menstrual feminino e só então descobri que não eu estava doente. Apenas havia menstruado. Fiquei aliviada, mas também fiquei com medo, pois agora posso engravidar e não quero que o monstro plante sua semente em mim.
Sem muita escolha, conversei com a inspetora, disse que eu estava saindo com alguém, que não queria engravidar do meu suposto namoradinho e expliquei que não podia falar para o meu pai sobre o fato de eu ter relações sexuais. Ela, como é minha amiga, me acompanhou até o posto de saúde, onde falei com a ginecologista que me receitou pílulas como método contraceptivo. A médica me disse que as pílulas demoram um tempo para fazer efeito no organismo, e como percebeu minha cara de desespero, recomendou que usássemos camisinha nesse período. No entanto, como isso está fora de cogitação, perguntei se havia outra coisa para usar nesse intervalo de tempo e a doutora me falou sobre a pílula do dia seguinte, e explicou-me que este medicamento não deixa que a pessoa engravide se for tomada um dia após a relação sexual, mas que não recomenda que se faça uso por repetidas vezes. Saí da consulta mais aliviada e um pouco receosa, porque a doutora marcou um tal de "Papa Nicolau". Claro que não vou fazer esse exame. Deus me livre! Imagina se eles descobrem algum traço dos abusos que eu venho sofrendo?! O monstro me leva para longe e acaba comigo devagarzinho. Não gosto nem de imaginar isso!
Depois da consulta, voltei à escola e fui para o laboratório de informática pesquisar na internet como se usa um absorvente. E após encontrar minha resposta, peguei minhas economias conquistadas com as vendas dos quadros que fiz na aula de artes, e fui até o mercado comprar o tal do absorvente. Você não acreditaria na quantidade de modelos diferentes que existem! Fiquei completamente perdida! Por fim, peguei cinco pacotes do mais barato (Não sei por quanto duram) e fui para a fila do caixa. Estava com tanta vergonha de andar com aquilo no meio do mercado, que senti o meu rosto arder enquanto caminhava, dura como um robô, pelo corredor do estabelecimento. Tudo que eu queria era pagar à moça e sair correndo, pois parecia que todos sabiam que eu estava menstruada.
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Meu Querido Sr. Viking [REPOSTANDO]
RomanceOBRA VENCEDORA NA CATEGORIA "ROMANCE" DOS CONCURSOS: #1° LUGAR no concurso "Amarelo da Alegria" #2° LUGAR no concurso "Revelações do Wattpad" AVISO ESTA NÃO É UMA FICÇÃO HISTÓRICA "Eu me encontrei, quando me perdi e...