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Acordei no outro dia cansado, como se não tivesse dormido nada, embora meu sono tenha sido pesado. Fiquei tempão na cama pensando em mim, na minha vida, no Eduardo e no que estava acontecendo conosco.

Eu estava feliz por um lado, pois finalmente havia me libertado da solidão, da falta de sexo, da falta de um homem em minha vida. Por outro lado, estava apreensivo, pois sabia que Eduardo não queria nada sério comigo. Eu, para ele, era apenas uma aventura, sexo, puramente sexo. Um corpo pra gozar. Ao pensar nisso, senti-me um lixo! Fiquei me questionando o porquê de eu ser gay, de eu ser retraído e, justamente agora, me interessar e me entregar para um cara que não curtisse o mesmo que eu em todos os sentidos. Depois de pensar, repensar e pensar de novo, levantei, fui ao banheiro esvaziar a bexiga, só de cueca fui à cozinha, fiz meu café, tomei-o com leite acompanhado e pão puro. Depois, voltei ao quarto, deitei novamente e fiquei lá, largado na cama...

De repente, lembrei-me do celular! Peguei-o no criado mudo e vi várias ligações do Eduardo durante a madrugada. Nenhuma ele deixou recado, apenas ligou. Fiquei tentado a ligar novamente, mas não o fiz. Não quis parecer intrometido. Se ele quisesse que me ligasse novamente. Nisso, um ânimo danado se abateu sobre mim. Levantei, fiz o que tinha fazer em casa (faxina total, lavar roupas, lavei carro, limpei quintal). Sempre com ele dentro da minha cabeça... o cheiro, o jeito, as palavras, a pegada... eu limpava e pensava! Vício desgramado esse.

Pedi um marmitex, almocei, peguei a roupa do varal que já estava seca, dobrei-a e a guardei. Depois, assisti a uns programas bobos na tv e peguei no sono no sofá. Acordei com o toque do celular. Olhei no visor e vi que era o Eduardo. Dei um pulo no sofá, caí de quatro no chão e não conseguia deslizar a tela para atender. Finalmente, consegui e disse com voz trêmula:

___ Alô?!?

___ Oi, Marcos. É o Eduardo. Só queria ti pedir desculpas, mas não quero mais ti ver, nem amizade, nem sexo, nem nada. To namorando sério uma menina aqui da cidade.

E desligou abruptamente.

Fiquei com o celular no ouvido que nem um idiota. Não sabia o que fazer: se retornava a ligação, se chorava, se gritava... calmamente, desliguei o aparelho, coloquei-o sobre a mesinha de centro, encostei-me no sofá com as pernas no meu peito, abracei-as, mergulhei minha cabeça nelas e as lágrimas quentes, grossas e doloridas escorriam sobre meu rosto, lavando minhas coxas... chorei o que não havia chorado minha vida toda. Chorei por ser quem eu era. Chorei pelo Eduardo ter me tratado como um mero depósito de porra, um brinquedo, mesmo sabendo de todo meu jeito de ser. Ele brincou comigo, com meus sentimentos. Transformou minha vida do avesso e caia fora. Chorei não sei por quanto tempo... depois que as lágrimas secaram, levantei-me como um zumbi, fui ao banheiro, vomitei, fiquei sentado no chão, com a cabeça sobre meus braços no vaso... fiquei ali, largado, destruído... com muito esforço, tirei minha cueca, liguei o chuveiro e me escorei na parede sentindo a água cair sobre mim... fechei meus olhos com força, mas não tinha mais lágrimas. Nem ensaboei meu corpo, apenas me enxuguei e com a toalha mesmo caí na cama e ali fiquei até anoitecer. Adormeci sem ao menos perceber.

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O cowboyOnde histórias criam vida. Descubra agora