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Depois que o Robson se foi, fechando a porta delicadamente, fiquei deitado na minha cama, debaixo do lençol, quietinho, sem me mexer e pensando em tudo o que ele havia feito por mim.

Fazia mais de 5 anos que ele trabalhava comigo. O que eu sabia dele? Praticamente o nome e informações essenciais que foram passadas ao escritório de contabilidade no momento que o contratei. Apenas isso. Nunca conversamos nada pessoal, nem sobre família, amor, sexo, religião... nada. Nos cumprimentávamos diariamente, conversávamos sobre assuntos relativos ao depósito (estoque, compra, venda, promoções, essas coisas). Nunca, em nenhum momento, eu poderia imaginar que ele fosse fazer o que fez. Nem que tivesse a audácia e a iniciativa de vir me resgatar de mim mesmo.

Estava grato a ele? Muito. Por não ter amigos tão próximos a mim e meus pais morarem em outra cidade, eu estou sozinho por aqui. Sei que é por culpa minha, por não dar brecha a amizades. Mas nunca havia imaginado que minha vida viraria do avesso como ela está agora.

Veio à minha mente tudo o que o Robson havia falado para mim, o banho, o olhar de preocupação dele ao me ver. Também veio à minha mente ele me banhando, passando com tanto carinho e delicadeza as mãos em mim, ensaboando meu corpo fatigado de tanta tristeza. Um misto de vergonha se apoderou e eu sorri amarelo para ninguém, lembrando dele fazendo movimentos circulares em meu ânus... meus Deus, a que ponto cheguei! Há pouco tempo minha vidinha seguia monótona, mas seguia. Tudo "nos conformes". Depois, virou da cabeça para baixo e finalizando tudo isso meu empregado lavando meu cu!

Se alguém lesse meu futuro e me falasse que tudo isso aconteceria brevemente, eu daria boas gargalhadas, não acreditaria em nada disso e ainda tiraria um sarro.

Mas agora, tudo acontecendo tão rápido, tantas emoções positivas e negativas, eu me deixando levar pelo amor, pelo lado obscuro do amor, ansiando em sentir o toque todos os dias do Eduardo, e agora quem me tocava tão intimamente era o Robson. Que loucura!

Mas, mesmo com todo o encanto que meu empregado me proporcionou, minha mente insistia em pensar no Eduardo, na nossa conversa, em tudo o que passamos juntos (poucos momentos, mas intensos, se pensar que eu jamais havia sido tocado, gozado, querido outro cara...). Pode parecer bobeira para muitos, mas um homem como eu, na minha idade, sendo "desvirginado" a um mundo tão desconhecido para mim, o resultado estava sendo catastrófico e, inexperiente como sou nessa área da vida, não estava sabendo lidar muito bem (ou nada, para ser sincero) com tantas novidades.

Fiquei ali deitado até umas 18h30. Depois, levantei-me, fui à cozinha, bebi um pouco de suco de laranja que estava na geladeira não sei a quanto tempo. Não comi nada, pois a fome não existia. Sentei-me na cadeira, coloquei minha cabeça sobre meus braços em cima da mesa, fiquei olhando pela janela e sol se pondo e cochilei.

Despertei com a campainha tocando alto.

Levante, fui até à porta, a abri e o Robson estava li com algumas sacolas nas mãos.

Abri totalmente a porta, ele entrou sorrindo para mim e foi direto para a cozinha.

Não pude deixar de pensar na ousadia desse rapaz, que sempre me tratou com tanto respeito e agora agia como se fosse o dono da minha casa (fiquei vermelho lembrando dele fazendo movimentos circulares no meu cu... minha nossa, a que ponto cheguei!).

O segui e ele estava tirando das sacolas do supermercado verduras, legumes, frutas, arroz, feijão, carne. Foi colocando tudo organizadamente na geladeira.

Sentei e fiquei observando-o. Não aguentei mais e disse-lhe:

___Robson, muito obrigado por tudo. Mas... por quê? Nem somos amigos! Por que está fazendo tudo isso por mim?

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