29 (epílogo)

829 72 24
                                    


Acordei cansado, corpo doído literalmente.

Abri os olhos e pensei no Robson. Senti uma angústia no peito me consumir. Sentia saudade dele. Muita. Por mais que o Eduardo me completasse na cama e tivesse sido o primeiro a despertar em mim todo o desejo reprimido, foi com o Robson que eu aprendi o significado da ternura, do carinho, do respeito, do companheirismo, do amor sem pedir nada em troca, da segurança... e, pelo jeito, havia perdido tudo isso por gozadas.

Forcei-me a levantar, fui ao banheiro, fiz minha higiene matinal, dirigi-me à cozinha, fiz meu café, tomei com leite e não comi nada. Estava sem fome.

Tomei banho troquei-me, lembrei-me de pegar meu celular, ativei a internet e ouvi o som de mensagens chegando. Sem ter esse hábito, acessei o WhatsApp e a primeira mensagem que eu vi o remetente era do Eduardo... curioso, abri e eram fotos dele me fodendo... olhei aquilo com susto, pois nas vezes em que ficamos juntos eu não percebi ele com o celular... fiquei vendo-me exposto ali, sem minha autorização, sem eu saber e senti-me um lixo. Era assim que o Eduardo sempre me fazia sentir: um verdadeiro lixo. Enviei uma mensagem pra ele perguntando o que era aquilo e rapidamente ele respondeu "Eu fazendo aquilo que mais gosto e que ti faz feliz: ti comendo kkk" Nossa, o sangue ferveu nas minhas veias! Fiquei puto com a falta de respeito dele! Escrevi xingando-o de tudo quanto é nome. E o desgraçado respondeu enviando-me um pequeno vídeo dele me comendo, eu gemendo igual a uma puta, ele sorrindo pra câmera do celular... nossa, eu quis morrer após assistir aquilo. Não sabia o que fazer! Desliguei o celular. Fui quase correndo pro trabalho.

Ao chegar lá, abri, entrei no escritório. Não acendi as luzes, nem liguei o computador. Sentei-me na cadeira e ali fiquei, quieto, as imagens minhas fazendo sexo vindo e indo na minha mente... só isso eu pensava, só isso ficava martelando na minha cabeça.

Meus funcionários começaram a chegar. O dia de trabalhava iniciava.

Mesmo com tudo isso, o dia passou. Não saí pra almoçar, nem nada. Apenas trabalhei.

Às 18h, voltei para casa e, no meio do caminho, o Eduardo parou seu carro perto da calçada e me chamou. Minha vontade era pegar o que tivesse ao meu alcance e jogar na cara dele, quebrar o carro dele todinho, mas me segurei e fui até ele.

___ Vem, entra aqui que ti levo pra casa. – disse ele.

___ Nem morto. Você não presta. Você não vale nada. Você fez algo sem meu consentimento. Você morreu pra mim!

Ele gargalhou e respondeu:

___ Que nada... só filmei nós dois fodendo, fazendo o que gosta que é levar pica no rabo... – e gargalhou – venha, entre logo.

Virei a cara e fui caminhando pra casa. Ele se adiantou e, quando eu cheguei na minha rua, ele já estava sentando em uma das cadeiras do alpendre. Eu vi aquilo e a raiva se apossou de mim. Abri o portão, entrei e o encarei:

___ Eu ti chamei pra vir na minha casa? Some daqui!

___ Não vou embora. Vim aqui e pronto. Abre logo essa porta.

Se eu tivesse um revólver teria atirado na cara dele, pra vê-la toda desfigurada...

___ Não vou abrir merda nenhuma. Some daqui, cara! O que você quer? Chega! Vamos parar com isso.

___ Ainda não... deixa eu entrar pra gente conversar. Depois vou embora... se você quiser.

Acreditando nessas palavras e sem alternativa, abri a porta, ele entrou, entrei, fechei-a trancando.

Ele sentou-se no sofá, sentei-me bem longe dele.

___ Fala. – eu disse.

___ Escuta, por que você ficou tão nervoso? Eram só fotos e um vídeo!

___ Eduardo, você me filmou e fotografou sem eu saber... sem pedir. Como acha que estou me sentindo? E se tudo isso cai na internet? Você sabe da minha história, sabe da minha vida, cara...olha só o que você está fazendo comigo!

___ Marcos, deixe de ser bobo. Eu jamais passaria essas imagens para outra pessoa. Achei que você não ficaria bravo comigo, por isso fiz isso... nunca imaginei que sua reação fosse essa... relaxa!

___ Relaxa? – gritei – Relaxa uma merda! Você me deixa doido, maluco... você está acabando comigo. Não percebeu? Não percebeu que nunca conversamos? Que nunca agimos como pessoas normais? É só sexo e que sempre começa de um jeito horrível, com brigas, discussões, um maltratando o outro...

___ Isso acontece por sua causa... – disse ele.

___ Não... você me persegue, me segue, afasta de mim pessoas que me amam de verdade, transforma meus dias em verdadeira agonia, e quer jogar a culpa em mim? Você é doido... – eu comecei a chorar enquanto falava isso.

Ele ficou me olhando, olhando... levantou-se e respondeu:

___ Não sabia que era assim que se sentia. – abriu a porta e foi embora.

Fiquei ali, sentado, chorando, soluçando sem parar, com o corpo tenho espasmos de dor, de agonia, de tristeza.

A noite chegou. Fui pra cama. Deitei vestido, sem comer, adormeci querendo não mais acordar.

O cowboyOnde histórias criam vida. Descubra agora