26

712 74 21
                                    

Depois de um tempo, desliguei o chuveiro, enxuguei-me, coloquei apenas uma cueca e caí na cama.

Fiquei pensando em tudo o que havia acontecido.

Uma parte de mim me recriminava por ter deixado acontecer.

A outra parte estava jubilando de alegria, de desejo saciado, de vontade satisfeita.

Fiquei pensando no Robson, em todo o carinho, paciência, coragem, amor demonstrado por mim, preocupação... no modo como fazíamos amor, como ele me tocava com delicadeza, a segurança e maturidade que ele demonstrava.

Também pensei no Eduardo, no modo rústico dele, agressivo até. Na maneira nada educada que ele me tratou esses tempos. Porém, hoje, ele havia se libertado, liberado, havia me chupado, senti-o próximo a mim de um jeito que antes não havia sentido. Das outras vezes em que ficamos juntos, depois de tudo, sentia-me usado! Depois de hoje, senti que estávamos quites, um igual ao outro, um único desejo. Um só corpo.

Não sabia o que fazer: falaria para o Robson? Não falaria? Omitir e mentir é a mesma coisa?

Uma confusão se instalou em minha mente e fui despertado desse devaneio com o toque do celular.

Apenas estendi a mão, abri a gaveta do criado mudo, peguei-o, vi no visor que era o Robson e uma pontada de arrependimento se abateu sobre mim.

___ Oi... – disse, por fim.

___ Nossa... que "oi" mais mixuruca! – respondeu ele.

Apenas ri.

___ Já estava dormindo? – questionou ele.

___ Deitado. E você? Já está em casa?

___ Não.

___ Não? Nossa... mas faz tempo que você saiu daqui! – eu disse surpreso.

___ Pois é...

___ Onde você está? Aconteceu algo? – perguntei já sentando na cama e com o coração acelerado.

___ Diga-me você: aconteceu algo? – respondeu ele me questionando.

Senti uma ânsia doida envolvendo meu corpo.

___ Não entendi, Robson. Pode me explicar?

___ Claro que posso... – ele deu uma risadinha – Quando eu saí da sua casa, após caminhar uns cinco quarteirões, bati minha mão no bolso da calça e vi que havia esquecido minha carteira na sua casa. Resolvi voltar para pegá-la e para desejar boa noite novamente a você, pois já estava com saudades de ti... mas, ao chegar aí o que ouvi foram gemidos de duas pessoas transando. Fiquei escondido, esperando, e vi o Eduardo saindo da sua casa.

Não consegui responder nada... senti o chão sumir...

___ Não vai falar nada? – perguntou ele.

Eu não conseguia articular letras, sílabas, formar palavras.

___ Tudo bem. – disse ele – Só quero que saiba que quem ama não desiste, não trai, não mente. Quem ama é paciente, confia, entende. Amar é uma virtude que poucos têm. Eu fiquei e estou muito magoado, não por tudo o que aconteceu e presenciei, mas por não poder voltar a acreditar em você. – e desligou o telefone.

Fiquei mudo, com o celular na orelha, sem saber o que fazer. Sentia, apenas as lágrimas descendo sobre meu rosto, molhando meu peito. Disquei o número dele, tocou até cair na caixa postal. Não deixei mensagem. Liguei várias vezes e sempre a mesma coisa. Entrei no WhatsApp e percebi que ele havia me bloqueado. Levantei desesperado da cama, coloquei um short e saí para a frente da casa correndo: olhei para todos os lados, mas não o vi. Coloquei as mãos sobre o muro, abaixei minha cabeça e chorei. Chorei muito. Sem respostas, entrei, tranquei a porta, me joguei na cama e fiquei a noite toda olhando para o teto.

_VVrsLR

O cowboyOnde histórias criam vida. Descubra agora