Nova semana

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Começa uma nova semana, a minha 2ª semana na minha nova vida. Levanto-me e apronto-me para ir trabalhar, tomo o pequeno almoço e sigo em busca do meu expresso no Café Lisboa. Este cheiro e sabor a Portugal é tudo o que eu preciso. Assim que chego á empresa vou direto á minha sala, abro o meu email e vejo o que tenho da LisEdict. Um dos email's faz-me travar, não sei de quem é mas faz-me ver que a nova situação já é do conhecimento dos meus colegas em Lisboa.

De: verdadesuprema@sapo.pt

Assunto: Verdades

Data: 8 de Junho de 2016

Para: anavalente@lisedict.com

Pois é, a verdade veio ao cimo

fazias-te de sonsa, não ligavas a ninguém e afinal andavas a dormir com o Fonseca.

Andavas a dar para o velho para ficares com tudo e conseguiste.

Mas ainda te vou ver cair, falsa virgem

Aproveita o poder enquanto podes sua vaca.

Quem te avisa teu amigo é putinha.

Ass: verdade suprema


Sinto a minha cabeça rodar, a vista começa a ficar turva, um zumbido entra nos meus ouvidos, ouço um grito e não vejo mais nada.

Quando volto a abrir os olhos estou deitada no sofá da sala do sr. Lehto, ouço-o gritar ao telefone e tenho a minha secretária Laura a chorar de joelhos ao lado do sofá. Assim que ela percebe que acordei dá um gritinho e chama o sr. Lehto:

- Herra, hän heräsi.(Sr, ela acordou)

- Kiitän Jumalaa, tule lääkäri. Ja haluan sähköpostin seurannan, haluan tietää, kuka lähetti sen, JOSTA ...  (Graças a Deus, mandem subir o médico. E quero o email rastreado, quero saber quem enviou aquilo, JÁ...)

Não percebo o que eles dizem mas os animos estão exaltados na sala. Para além de Laura e do sr Lehto estão também os 2 advogados da empresa. O que será que aconteceu? De repente lembro-me do email que recebi e as lágrimas começam a cair-me pela cara. Porque será que me enviaram aquilo? Eu não pedi nada disto, eu nem sequer sabia. Vim para aqui ás cegas em relação á situação e agora isto... Será que fiz assim tanto mal a alguém para não conseguir ter o direito de me sentir feliz ou realizada? De repente sinto 2  polegares a tentarem secar as minhas lágrimas que teimam em não parar de cair.

- Kaikki ulos ...(Saiam todos...).- Diz o sr Lehto

Logo todos os que estão na sala saem deixando-o sozinho comigo.

- Acalme-se "rakas"(querida), por favor.

Aos poucos vou respirando mais calmamente e as lágrimas vão parando. Batem á porta.

-   Välillä(Entre).- responde o sr Lehto.

Entra um sr já com uma certa idade e uma maleta na mão, que pelo que percebo é médico. O sr Lehto fala com ele apontando para mim e ele dirige-se ao sofá onde estou dando-me um sorriso enquanto abre a sua maleta. Avalia-me a tensão, ausculta-me e vai falar com o sr. Lehto. Depois de falarem o dr despede-se com um aperto de mão e tão sorrateiro como entrou, sai da sala.

- Então Ana, como se sente? O médico diz que teve uma quebra de pressão provavelmente causada por stress.- diz o sr Lehto, carinhosamente.

- Estou um pouco melhor, obrigado. Mas como vim aqui parar?

- Quando desmaiou a sua secretária estava a entrar na sua sala e viu, gritou e eu fui informado, pelo que eu a trouxe para a minha sala, para estar mais comoda e resguardada da situação. Peço desculpa mas vi o email que provocou isto.- diz envergonhado pela sua indiscrição e fazendo-me corar devido ao conteudo do mesmo.

- Eu nunca pensei que fosse receber algo daquela natureza. Eu nunca fiz nada para ser acusada daquela maneira, sempre fui muito reservada eu sei, mas por ser assim que eu sou.- digo, recomeçando a chorar.

- Os seus colegas alguma vez tiveram alguma atitude menos própria consigo?

- Não, quer dizer, eu percebi uns susurros na festa de despedida que o sr Fonseca realizou na minha despedida, mas nunca pensei que me fossem enviar algo assim. Eu não tive nada a ver com o que aconteceu, eu nem sabia de nada até aqui chegar e o sr me explicar toda a situação. Eu nem queria nada disto para mim, por mim continuaria no meu mundo de tradutora e mais nada.

- Não se preocupe, já tenho gente a tratar de descobrir de onde veio este email. Em breve saberemos quem o fez e poderemos tomar providências contra a pessoa. Agora quero que vá para para casa descansar, o meu motorista irá levá-la.

- Não senhor, eu vou prosseguir com o meu trabalho. Não posso deixar que pessoas mal intencionadas comandem a minha vida. Eu já devia estar acostumada, foi assim a minha vida toda. Mais uma vez vou fazer o que sempre fiz, erguer a cabeça e seguir em frente. - levanto-me mais depressa que devia e uma tontura faz-me cambalear. Sinto 2 braços fortes me segurarem e me voltarem a sentar.

- Ok, sem desculpas agora, eu vou levá-la a sua casa. E não admito um não como resposta. -Liga para a sua secretária e de seguida para a minha a informar e a pedir-lhe para me trazer a minha mala. Assim que a Laura me traz a mala, ele chama o seu motorista, pega-me no colo e leva-me para o elevador privativo no seu gabinete. Apesar dos meus protestos não me coloca no chão levando-me até á porta traseira de um SUV preto com vidros escuros que estava junto á porta do elevador e senta-me no banco, entrando pela porta do outro lado. Assim seguimos até ao meu prédio onde entra diretamente na garagem e novamente me pega e me leva até á porta do meu apartamento. Pede-me as chaves, abre a porta, pega-me novamente e entra comigo na minha sala levando-me ate ao sofá onde me senta, sentando-se ao meu lado.

Paixão em HelsinquiaOnde histórias criam vida. Descubra agora