Markus 2

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Na quarta falei com a Ana logo de manhã. Ela está apreensiva com a reunião mas dei-lhe umas luzes e ela ficou mais calma. Informou que iria sair mais cedo para ir buscar a amiga ao aeroporto. Vai ser dificil ela deixar de se ver como uma empregada, por mais que eu lhe diga. Outra pessoa imporia a sua posição de sócia, mas ela não. Um dos meus colegas Norueguês, Soren Eriksen vem ter comigo.

- Então Lehto, o que se passa contigo? Costumas ser um dos mais focados e este ano pareces meio aéreo. Rabo de saia?- pergunta enquanto ri. Temos os 2 a mesma idade, a diferença é que ele é professor de Literatura na Universidade de Estocolmo, um génio, e casado com uma Sueca tendo um bebé com 10 meses. Foi inclusivé estagiário do Professor Tomas Tranströmer, também ele agraciado com o Nobel da Literatura em 2011. Apenas os melhores alunos da Universidade eram acolhidos por ele.

- Porque dizes isso? 

- Em todas as pausas sais para falar ao telefone e voltas com um sorriso no rosto. Isso meu amigo, é amor.- ri e dá-me 2 palmadas nas costas. É, ele tem razão. Fui apanhado pela Portuguesinha... 

Durante a pausa da tarde liguei para ela novamente. Decidi convidá-la para jantar na sexta quando chegar. Como pode ser em 2 dias ter tantas saudades dela. Sempre fui tão frio com as mulheres, todas se aproximaram de mim apenas pelo meu dinheiro e pelo status que  lhes podia dar mas a Ana não é assim. Ela é tão inocente para uma mulher com 27 anos. Lembro-me do 1º beijo que trocámos. Se ela não tivesse a idade que tem eu juraria que tinha sido o seu 1º beijo de tão inexperiente que me pareceu. E pelo que ela me contou, será que não foi mesmo? Não posso deixar esta mulher escapar. Tenho de fazer tudo direito com ela. Tenho de arranjar uma maneira. Já sei, aproveito o fim de semana, como tinhamos combinado sair, e vou declarar-me a ela. 

No fim do dia, chego a casa e ligo para ela. Reforço o convite para o fim de semana e convido a amiga também. Pode ser que assim ela me veja melhor e me aceite. Vou dormir depois de lhe enviar a mensagem e sonho com a minha portuguesinha a noite toda.

Na quinta feira os trabalhos desenvolvem rápido. Já temos a 1ª fase de seleção toda pronta, todos os nomes que foram escolhidos. Depois disto iniciaremos a seleção final entre os nomes escolhidos.Aproveito e reservo o voo para hoje ainda. Estou ansioso para ver o meu anjo ainda hoje. Envio-lhe uma mensagem a informar que chego ainda hoje ás 18:00. A resposta chega logo, inclusivé com um convite para jantar e ir buscar-me ao aeroporto. Será que fica mal se eu começar a pular de tão feliz que estou. É claro que aceito os 2 convites. Aproveito a tarde livre e vou a casa buscar a minha mala. Chamo um táxi e peço que me deixe na Frey Wille, uma joelharia no centro de Estocolmo. Uma funcionária vem me atender e eu digo-lhe exatamente o que pretendo. Depois do presente comprado apanho outro táxi para o aeroporto, faço o check-in e aguardo. Neste tipo de viagem prefiro utilizar a linha comercial. O meu voo é chamado e sento-me no meu banco na classe executiva. Quando já estamos no ar começo a ficar nervoso com a antecipação de a ver, pareço um adolescente.Assim que saio do avião sigo apressado para a saída, muito ansioso para vê-la.

Assim que passo as portas olho em volta e agradeço a minha altura, pois logo a vejo e um sorriso nasce na minha cara quando vejo que ela me olha, apresso-me a chegar perto dela, largo a minha mala e faço o que tinha vontade, pego-lhe e dou-lhe um beijo onde deposito toda a saudade que tenho dela. Nunca 3 dias me pareceram tão longos. Largo-a, pego-lhe na mão e seguimos para o carro. Dá-me as chaves e apanhamos o caminho para casa. Diz-me que encomendou jantar e que estará pronto as 19:00. Paro junto a um dos parques da cidade e levo-a para lá. Não aguento esperar para chegar a casa para beijá-la novamente, para além de que ela tem lá a amiga com a filha. Depois de mais uns beijos que não matam nem 1% da saudade que tenho seguimos para casa dela.

Assim que entramos uma bonequinha de cabelos castanhos vem a correr para a porta mas pára quando nos vê. Chama-a á altura dela e pergunta-lhe qualquer coisa em Português que eu não percebo, mas acho que deve ser sobre mim pois ela aponta para mim e a Ana cora. Ela apresenta-me a pequena Catarina e eu faço-lhe uma cosquinha na barriga e dou-lhe um beijo na bochecha gordinha. Logo chega á sala uma versão adulta da pequena e a Ana apresenta-me a Inês. É uma moça da idade da Ana muito simpática, vem me cumprimentar com um aperto de mão mas eu respondo á portuguesa, com um beijo na bochecha, afinal ela é amiga da Ana. Depois das apresentações seguimos para o jantar onde a pequena tagarela sem parar. A Ana e a Inês vão-me traduzindo o que ela me diz e nós rimos das coisas da pequena. A Ana diz-me que a Inês a convidou para ser madrinha da pequena e que aceitou.  Não me lembro de alguma vez ter tido uma refeição tão descontraida e divertida. 

Até que a pequena pergunta qualquer coisa e a Ana cora. A Inês diz que a pequena perguntou se eu era o namorado da madrinha. Eu perguntei se ela queria que eu fosse. A pequena respondeu que sim, que eu parecia um principe. Depois de uma gargalhada perguntei-lhe se eu pedisse se ela achava que a madrinha aceitava. A pequena diabinha respondeu que se a madrinha não aceitasse que ela seria a minha princesa. Bem, a diabinha adiantou os meus planos, mas não faz mal.

Peguei na mão dela e perguntei-lhe se ela aceitava. A Inês saiu com a pequena e ficamos os 2 sozinhos. A Ana pergunta se eu estou a falar sério e começa a falar das nossas diferenças sociais. Se ela soubesse de onde eu venho e como aqui cheguei... Então dá a resposta que eu tanto ansiava e aceita. Vou á minha mala e tiro o presente que comprei em Estocolmo. Um par de alianças, a minha é simples em ouro, a dela é igual só que mais fina e tem 1 diamante no meio.

Após trocarmos as alianças, puxo-a para o meu colo e beijo-a. Quando vejo que estou já demasiado excitado digo-lhe que é melhor irmos descansar, não a quero assustar. Ligo para o Iary e peço-lhe para me vir buscar a casa da Ana. Assim que ele chega, a um toque para o meu telemóvel e após nos despedir-mos desço para o carro. Assim que me vê Iary abre a porta do carro e após guardar a minha mala arranca com o carro.

- Som senhor, Dr Lehto, nem sabia que já estavas de volta e vou logo buscar-te a casa da dra Ana. E pelo que vejo, com a mão direita enfeitada. Acho que me escondeste alguma coisa. O sangue Lusitano apanhou-te mesmo.

- Pois é amigo, a vida dá muitas voltas. Quem diria que a nossa viagem a Lisboa me traria o que eu não procurava. Realmente, a vida é engraçada. O que achas deste fim de semana irmos dar uma de turistas para 3 portuguesas? Chegou uma amiga da Ana com a filha para ter formação e ficar á frente de Lisboa.

- Se tiver de ser. Mas sabes que eu e crianças...

- Esta vais gostar. E assim talvez elas não se sintam tão acanhadas. O que dizes meu velho?

- Como o senhor desejar,- diz ele deixando-me em casa.    

Entro em casa e vou-me deitar, não sem antes mandar uma mensagem para a minha namorada. Nunca pensei ver este dia. Quem diria...

Paixão em HelsinquiaOnde histórias criam vida. Descubra agora