Irmãos

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Depois do Markus dizer aos pequenos que era o irmão que eles procuram os meninos abraçam-no e todos nós choramos. A Minna que assistia a tudo dá um soluço alto e tira-nos do transe em que estávamos. O Aimo olha para o Markus ainda sem entender.

- Mas a Ana disse que te chamas Markus...

- Sim pequeno, depois de fugir mudei o meu nome para Markus para eles não me encontrarem. Por isso eu não sabia de vocês. Mas diz-me, a Aliisa não fala?

- Depois que o homem lhe fez mal ela não falou mais.

- E o que o homem lhe fez?

- Ele... Ele pôs uma coisa nela. Ela gritou muito e chorou muito e deitou muito sangue. Ainda deita quando faz xixi. - Todos nós estamos chocados adivinhando o que aconteceu.- Depois ele deu dinheiro a eles e disse que voltava no dia a seguir e tinha um amigo que ia vir com ele para tratar de mim. Ai fugi com ela. Ela gritou muito mesmo.- continua com as lágrimas a cair. O Markus abraça-os e diz.

- Nunca mais ninguém vai fazer mal a vocês, eu não vou deixar. Acreditam em mim?- diz para eles que assentem.- Agora precisamos levar vocês ao médico e falar com a polícia para eles pagarem pelo mal que vos fizeram. - Os meninos assustam-se quando ouvem falar na polícia e dão um passo atrás.- Não fiquem com medo, vocês a partir de hoje ficam comigo, com a Ana e a Minna. Não vou deixar mais ninguém vos fazer mal.- diz e os meninos relaxam. Markus liga para o advogado e manda-o ir ter connosco á clinica e de seguida liga para o director da clinica e para um amigo dele da polícia para lá irem ter também. A Minna vai no carro com o segurança para casa e nós seguimos no carro do Markus para a clinica.

Assim que chegamos já lá se encontram os 3 á nossa espera. Entramos no gabinete Markus explica a situação e as nossas desconfianças. Logo o director chama 1 pediatra da sua confiança que se juntam a nós e após explicarem a situação eu sigo com os meninos enquanto Markus fica com os 3 homens no gabinete. Foram designadas 1 médica mulher devido aos traumas da pequena. Fazem-lhes uma bateria de exames e confirmam a violação da pequena. Segundo a pediatra eles estão subnutridos e fora o trauma psicológico até estão bem, apenas com uma ligeira anemia e passou-lhes uma vitaminas.

Chega 1 psicóloga mandada pelo director para falar com os meninos e eu peço se posso ficar com eles. Como a Aliisa não larga a minha mão eu sou autorizada a ficar. A meio do relato do horror que os meninos passaram eu começo a sentir-me tonta e de repente tudo escurece.

Acordo deitada numa maca com o Markus ao meu lado.

- Os meninos Markus?

- Calma enkelini, eles estão com a psicóloga. Eles assustaram-se muito quando te viram desmaiar. A tua médica também já aqui esteve a ver-te e disse que foi do stress. Como estás?

- Bem... E os nossos bebés? 

- Estão bem. 

- Vamos ter com os meninos? Eu quero ver como eles estão e sossegá-los. O que vai acontecer agora com eles? Vão ficar connosco, não vão?

- Sim, vão. Também ja fizemos o teste de ADN para comprovar que são meus irmãos, ficará pronto daqui a 2 horas. Vamos vê-los e depois falamos com o nosso advogado para ver o que será melhor. Mas isto tudo vai ser feito sem o nosso nome aparecer. Não queremos retaliações.- Saimos do quarto e fomos para a sala da psicóloga onde estavam os meninos.

Assim que me viram correram a abraçar-me. A psicóloga liberou-os e falou connosco em Inglês.

- Eles já podem ir convosco. Vou fazer o meu relatório já mas gostaria de continuar a acompanhar os meninos. Eles têm muitos traumas do que viveram e a pior delas é a violação da Aliisa. Aconselho para já 1 sessão por semana que depois se tornará mais esporádica. Quanto á Aliisa não falar, é só mesmo psicológico, quando ela se sentir mais segura voltará a falar. Eles andaram na escola mas para já não os aconselho a voltar, será demais para eles e como a pequena não fala poderão ser vitimas de bullyng.

- Ok dra, não se preocupe. Eu vou tratar de tudo para terem aulas em casa. Quanto ás consultas, poderá deslocar-se a nossa casa dra?- pergunta o Markus.

- Sim Dr Lehto, não há problemas.

Saimos do consultório com os meninos e fomos para o gabinete do director, que entretanto pediu que nos levassem lá uma refeição. Os olhos dos meninos brilharam quando viram a comida em cima da mesa de reuniões e o director disse para nos sentar-mos e comermos e os meninos olharam para o irmão. O Markus disse aos meninos para comerem o que quisessem, o que eles fizeram. Nós ficámos estáticos a vê-los enquanto eles se saciavam com a comida. Depois de também nós comermos e enquanto tiravam a loiça da sala chegou o resultado do teste e como já sabiamos confirmavam que eles eram irmãos do Markus. Ele ligou para a Minna dizendo o resultado e pedindo-lhe para mandar a Eni preparar 2 quartos para eles e pediu á Minna para vir com o segurança comprar roupa e brinquedos para eles. Tentámos sempre falar em Inglês para os meninos não perceberem o que se passava, para os aliviar um pouco de todo o sofrimento que tinham passado. 

O agente da Polícia entretanto chamou 2 colegas para receberem o depoimento dos meninos e de caminho o de Markus acerca do que ele também tinha sofrido, uma vez que isso ajudaria no processo. O advogado iniciou o processo de pedido de guarda dos meninos.

- Markus, seria viável nós os adoptarmos?- pergunto e quem me responde é o advogado.

- Isso seria o ideal Dra Ana. Podemos pedir a guarda e de seguida iniciar o processo de adopção. Mas para resguardar todos, todo este processo será feito em segredo de justiça. Ei liguei para um amigo que é Juiz e se concordarem vou tratar de tudo com ele, inclusive a alteração dos nomes dos meninos. Temos de evitar ao máximo que algum dia eles sejam encontrados pelos progenitores. Dada a complexidade do processo foi o que aconselharam. Mesmo o depoimento de todos será feito á distância e com as faces e as vozes distorcidas. E o facto de serem seus irmãos nunca poderá vir a público. Para todos os efeitos vocês adoptaram 2 crianças desconhecidas. 

Claro que nós concordámos com tudo o que o advogado falou. Contámos aos meninos que eles iriam ficar connosco, mas sem falar da adopção. Dissemos ainda que eles iriam ter outro nome. 

Assim que chegaram os 2 agentes e a assistente social, que era a mesma que tinha estado connosco quando foi o problema da Anne, seguimos todos para a sala de reuniões onde o Aimo começou o relato do terror que tinham passado.

    

Paixão em HelsinquiaOnde histórias criam vida. Descubra agora