Em meia hora chegamos ao meu prédio. Estaciono na garagem e peço ao porteiro se nos pode ajudar com as malas. Ele sempre muito solicito leva as malas da Inês para cima. Assim que ela entra em minha casa larga a Catarina e olha abismada para a sala.
- Amiga, que casa é esta? Tão linda...
- Vem , vou te mostrar o vosso quarto e a casa e então falamos enquanto fazemos um lanchinho. Sente-te em casa.
Levamos as malas delas para o quarto de hóspedes, mostro-lhe a casa e depois seguimos para a cozinha. Ponho uns pães pré-feitos no forno para descongelar e eu vou-lhe contando tudo em pormenor, desde que terminei a faculdade, a LisEdict, a proposta que recebi e para o que vinha e tudo o que descobri assim que aqui cheguei.
- Quer dizer, vieste a pensar que vinhas apenas para ser representante da empresa e chegas aqui, és sócia e ainda tens um apartamento e um carro que não sabias que tinhas. Bem, conhecendo a Ana que eu conheci na faculdade e que acredito que não tenhas mudado, deve ter sido um choque e tanto...
- Pois, o que eu sempre mais amei foi livros e traduções e neste momento sou uma gestora. E não depois da confusão de ontem, nem imaginas o que descobrimos hoje. De manhã fui avisada de uma reunião com a contabilidade, logo depois o Markus ligou....
- Markus? Uau, da maneira como disseste o nome do CEO agora, acho que temos outra conversa para ter depois desta.- diz ela deixando-me logo corada. Baixei os os olhos e falei.
- Bem vamos é aproveitar que o pão está quentinho e vamos lanchar. Eu vou ver a Catarina.- respondi saindo ás pressas da cozinha e indo para a sala onde a Catarina estava a ver desenhos animados na tv. Na sala ainda ouvia as gargalhadas da Inês. A Catarina olhou para mim e perguntou
- Que baulho é este madinha?
- É a tonta da mãe a rir.- digo enquanto lhe pego ao colo
- Nunca ouvi a mãe ri tanto... Ela tá sempe tiste...
Quando a pequena me disse aquilo assustei-me com as suas palavras. Acho que a minha amiga é que tem umas coisas para me contar.
Lanchámos, um lanche ajantarado pois com isto já passa das 19:00. Os horários aqui, devido ao clima e ás mudanças entre verão e inverno acabam por ser diferentes de Portugal. Aqui o normal é almoçar entre as 11:00 e as 13:00 e o jantar entre as 18:00 e as 21:00. Após termos comido, fomos até ao Kamppi beber um expresso e fiz de guia para a Inês. Apesar de não conhecer muito, o Kamppi eu já conhecia bem. Comprei uns mimos para elas. Mostrei-lhe também onde ficava a empresa. Perto das 21:00 já estávamos em casa. A inês foi arrumar as coisas delas no quarto enquanto eu fiquei a brincar com a Catarina e com as bonecas que eu lhe comprei no Kamppi. Logo fomos para a casa de banho para a Inês dar banho á menina e ela adormeceu rápido. Estava muito cansada com a viagem e tantas novidades.
Sentámo-nos no sofá e contei à Inês o que aconteceu hoje com a empresa. Claro que ela ficou apreensiva, afinal é ela que vai ficar á frente da empresa em Lisboa. Sosseguei-a, até porque lá ela vai ter a ajuda da D. Marilia. Calamo-nos um pouco e então falei com a Inês.
- Inês, lembras-te quando á pouco deste uma gargalhada na cozinha?- e contei-lhe o que a Catarina me tinha dito.- Sabes que se quiseres falar eu estou aqui.- ela suspirou e começou a contar o que aconteceu com ela.
- Lembras-te quando houve aquela festa, a confusão, eu engravidar e como congelei logo a faculdade? Pois então, quando contei aos meus pais que estava grávida eles não quiseram que eu voltasse mais á terra. Apesar de estarmos no séc. XXI, a filha deles aparecer em casa grávida era uma vergonha. Avisaram-me que já não pagariam mais um tostão da faculdade e que eu me virasse por Lisboa ou por onde fosse. Fui ter com o André e disse-lhe que estava grávida e ele humilhou-me em frente a toda a gente. Familia e amigos, todos me abandonaram. Como não voltei á faculdade nunca mais te vi. Então decidi que iria dar uma volta na minha vida. Com o dinheiro que ainda tinha aluguei um quarto e comecei a trabalhar numa papelaria/ livraria na zona da baixa. Trabalhei até ao dia que a Catarina nasceu, nesse dia fui despedida pois não me iam pagar para estar em casa. Pedi auxilio a uma associação de mães solteiras e quando a Catarina tinha 2 meses voltei a trabalhar. Na associação ficavam e cuidavam dela. A diretora da associação incentivou-me a voltar á faculdade e acabar o curso e como faltava um semestre, fiz em horário noturno. acabei á 2 anos a faculdade. No principio do ano passado aluguei um T0 para mim e para a Catarina, é pequeno mas para nós dá e é o que eu posso pagar. Pus a Catarina na creche e consegui trabalho como tradutora numa empresa e estava tudo a correr bem até que um dia á 2 meses atrás o chefe pediu-me para fazer 1 hora extra, como ainda não era tarde para apanhar a Catarina fiquei. Dava-me jeito o dinheiro extra. Ele começou a insinuar-se e eu rejeitei-o. Quando peguei nas minhas coisas para sair ele disse-me que se eu não fosse para a cama com ele me demitia. E fui demitida. Depois disso não tinha ainda arranjado nada nem como tradutora nem noutro lado. Sabes que mãe solteira é sinal de portas fechadas.
- E o André? Nunca mais falaste com ele? Ele tem deveres como pai da Catarina.
- O André, dias antes da Catarina nascer morreu num acidente de mota na Avenida 24 de Julho. Somos só mesmo nós 2. - fomos interrompidas pelo som do meu telemóvel.
- Oi Markus.
- Boa noite enkelini, como estás? Incomodo?
- Claro que não Markus, estava só a jogar conversa fora com a Inês. E tu, como estás?
- Cansado. Cheguei á pouco a casa, hoje o dia foi muito cansativo. Precisava ouvir a tua voz.- corei e a Inês olhou para mim a rir.
- Eu também vou dormir daqui a pouco. Só a Catarina é que já dorme.
- O que achas de no sábado mantermos os nossos planos. Vamos sair na mesma e levamos a tua amiga e a menina. Assim elas também conhecem um pouco e eu passo o dia contigo, o que dizes? Aceitas?
- Vou falar com a Inês. E tu não vais querer descansar?
- Eu estou longe de ti á 2 dias e a morrer de saudades. Quero poder estar contigo. Eu sei que posso parecer apressado, mas eu falo sério quando digo que quero estar contigo como nunca quis com mais ninguém. Dá-me uma chance de te mostrar que gosto de ti. Nunca conheci ninguém como ti enkelini.
- Eu vou falar com ela e amanhã digo-te, pode ser?
- Sim enkelini. Até amanhã, dorme bem. Beijo
- Até amanhã Markus. Beijo
Assim que desligo a chamada a Inês diz-me.
- Agora não escapas tu... Conta-me tudo
Então contei-lhe tudo, desde o dia que cheguei, o atropelamento, a minha 1º reunião com ele, o email que recebi, o meu desmaio, os beijos e as chamadas e mensagens. Falo-lhe do que estou a sentir e dos meus medos pois nunca estive com ninguém, nem sequer nunca namorei.
- Amiga, entrega-te ao que estás a sentir. Quem sabe não é ele a pessoa que te vai fazer feliz? Não te podes fechar a vida toda. E no fim de semana combina o que quiseres, não te preocupes conosco. Tens de ser feliz amiga
- Vou pensar, agora vamos deitar, são 23:00 e amanhã ás 06:00 eu estou de pé. Se quiseres ficar mais um pouco, estás em casa.
- Vou também. Importaste que amanhã vá contigo? Não conheço nada e não me quero perder.
- Sem problemas Inês. Eu saio de casa por volta das 07:15 para beber o meu expresso no Café Lisboa. Até amanhã, dorme bem.
E assim segui para o meu quarto. Quando me deitei recebi uma mensagem.
Markus: Dorme bem enkelini. Não sais 1 minuto dos meus pensamentos. Saudades tuas, do teu beijo, do teu doce. És o que de melhor apareceu na minha vida. Beijo
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Paixão em Helsinquia
RomanceAVISO: Devido ás novas normas da app, apenas os meus seguidores terão acesso a todos os capitulos. Para ler a história na integra deve seguir o meu perfil Capa por @SuzanaFrey7... Obrigado pela sua disponibilidade e interesse... Beijinhos A sua emp...