Paixão em Helsinquia

Tristeza

Chegamos a Lisboa ás 14:00, o jacto aterra no aeroporto de Figo Maduro. Quando saimos temos um carro com motorista á nossa espera pois o Markus não conhece a cidade. Ligo para a D. Bea e ela informa que o corpo já pode ser levantado no hospital. Vamos em direcção á casa da D. Rita pois vou precisar dos documentos dela bem como da sua roupa para poder tratar do funeral. Assim que o carro pára em frente á porta a D. Bea vem ter conosco. Entro na casa da D. Rita e a emoção toma conta de mim e desabo a chorar sendo amparada pelo Markus. Ele não me deixa ficar para dormir ali pois será uma emoção demasiado forte. Concordo em ficar com ele no hotel. Depois de apanhar tudo o que é necessário vou até uma agência funerária nos arredores do hospital e trato de tudo, de seguida vamos até ao hospital também. Tratamos de todas as borucracias para a D. Rita ficar junto do seu marido no cemitério, sei que era isso que ela queria. 

Quando o Carro Funerário chega á casa mortuária preparo-me para me despedir daquela que foi quase minha mãe estes ultimos 8 anos. Os vizinhos estão todos no local e olham com curiosidade para o meu Deus Nórdico. Ele mantém-se sempre junto de mim. A D. Marilia soube e também comparece. Vou recordando o que vivi com a D. Rita, desde a sua entrada na minha vida, ela a ensinar-me a cozinhar, os nossos chás com biscoitos. Ela vai-me fazer tanta falta. Mais do que nunca agradeço a entrada de Markus na minha vida. 

No dia seguinte de manhã é o funeral da minha amiga. Antes do funeral um senhor vem ter comigo e identifica-se como o advogado de D. Rita, diz saber que eu estou a trabalhar fora do pais e se me posso encontrar com ele á tarde. Traduzo para o Markus e combinamos de nos encontrar com ele de tarde. Despedi-me então da minha amiga, mãe, conselheira.

Depois de almoçarmos no hotel onde passámos para tomar um banho e trocar de roupa, seguimos para o gabinete do advogado. Toda a reunião vou traduzindo para o Markus. Basicamente a D. Rita deixou a sua casa e contas para mim. Antes de eu assinar qualquer papel o Markus aconselha-me a tratar das coisas com o advogado da empresa, uma vez que eu não tenho advogado. Ele liga-lhe e ele aparece uns minutos depois. Depois de tudo assinado e de entregue uma procuração para que ele me possa representar em relação á herança combinamos amanhã nos encontrarmos no seu escritório. Depois deste dia  eu preciso mesmo de ir descansar. Entramos no Hotel e Markus apanha a chave do quarto. Como ele reservou uma suite ficamos juntos uma vez que tem 2 quartos. Tomo um banho e saio para a sala da suite de robe. Markus vê-me e estende-me a mão  sentando-se no sofá e puxando-me para o seu colo beijando-me. Ficamos ali durante algum tempo até que o serviço de quartos vem com o jantar. Estamos a jantar quando ele fala.

- Estás muito calada, o que se passa enkelini? Sabes que podes contar-me o que te está a deixar assim.

- Tenho estado a pensar, se eu não tivesse ido para Helsinquia, será que ela ainda ela cá estava. Pelo menos estaria acompanhada. Quando se sentisse mal eu estaria com ela.- digo enquanto as lágrimas teimam em cair.

- Meu amor, não penses isso. Estas coisas acontecem. Já pensaste que se calhar isto aconteceu agora mesmo para não estares cá? Que ela partiu só agora para tu não sofreres e a veres partir?

- Não tinha visto por esse lado, mas sei que ela olhará por mim. Agora não entendo porque ela me deixou tudo.

- Da mesma forma que tu a vias como uma mãe ela via te como uma filha. Tenho pena de não a ter conhecido, pelo que dizes devia ser uma grande mulher. Lembra as coisas boas que viveste com ela, isso é o que realmente importa.

Depois ficamos a falar e eu contei-lhe a história da D. Rita, da vida que ela construiu em Moçambique, da fuga com o marido numa caravana para a África do Sul quando foi a descolonização e do seu regresso a Portugal. Assim ficamos até que eu adormeci. Quando acordei já o sol tinha nascido e vi que estava no quarto do Markus e ele dormia profundamente ao meu lado. Fiquei a ver as feições dele enquanto dormia, com um ar tão sereno. De repente ele abriu os olhos e sorriu para mim.

- Bom dia meu amor, que bom acordar e ver logo o teu rosto.- diz Markus abraçando-me e me dando um beijo. O meu corpo reage logo a ele. Amo muito este homem.- O que dizes de irmos ao advogado e esta tarde tu me levares num passeio pela tua cidade? Vamos aproveitar o dia de hoje, amanhã passamos na editora e á noite voltamos a Helsinqia para lá estarmos na sexta para encerrarmos a nossa semana. Que dizes?

- Excelente ideia. Vou só ligar para a Inês para ver como ela está. 

- E eu vou ligar para o Iary... 

Peguei no meu telemóvel e fui para a varanda. Como já eram 10:00 em Helsinquia a Rita já estava a almoçar. Ela atendeu-me logo a chamada.

- Então amiga, como estás?- Diz ela assim que atende o telefone.

- Estou bem, e tu?

- Também. Tenho andado ocupada com a formação e o Iary também me tem feito companhia, a mim e á Catarina. Espero que não te importes mas ele tem cá jantado connosco.- diz ela com a voz baixa, imagino a cara dela muito corada.

- Claro que não me importo amiga. Mas estou a sentir ai um clima entre vocês 2 ou é impressão minha Inês?

- Ai amiga, não digas essas coisas. Apesar de haver um clima, não pode. No fim da próxima semana eu volto a Lisboa, esqueces? Haver alguma coisa só me ia fazer sofrer. Para além de que a Catarina está a apegar-se e para ele. Depois será dificil.

- Lembraste o que me disseste quando eu te falei das minhas duvidas com o Markus? Então faço minhas as tuas palavras. Vive o que sentes e esquece os medos. E afinal, são só 5 horas de distância. 

- Ai amiga... Nem sei o que dizer ou fazer... Bem, vou voltar que já esta na hora. Tenho saudades tuas.

- Eu também amiga. Sexta já ai estou. Beijo.- despedi-me desligando.

Assim que o Markus desligou a chamada começou a gargalhar e olhou para mim.

- Eu acho que o Iary está apaixonado pela Inês.- disse o Markus.

- E eu tenho a certeza que a Inês está pelo Iary.- respondi b rindo com o Markus.

Quem diria que até a vida da Inês mudaria em Helsinquia.