I used to know you

Saudades

O amor é um sentimento esquisito que nos consome mesmo sem razão, sem nós percebemos somos levados para um paraíso temporário que se não tivermos cuidado transforma-se num inferno permanente, nunca fui pessoa de achar que alguém me podia amar tanto ao ponto de desistir de algo apenas porque eu sentia-me feliz p’la sua escolha. Odeio como ele consome todas as horas do meu dia, todos os meus pensamentos alegres e todos os momentos em que sinto que esta relação não vai resultar ele faz questão de me demonstrar que nós podemos resultar. Não é amor o que sinto por ele, não é raiva e também não é ódio. É apenas a necessidade de permanecer perto dele. Já não tenho energia para lutar contra a vontade de no seu corpo me deitar, e já não consigo sacrificar mais o meu coração apenas porque sou demasiado teimosa para dele me afastar…

Passou-se um mês depois da loucura que o nosso quotidiano continha, um mês onde eu e Harry lutávamos os dois pela mesma batalha desistimos ambos de tentar vencer a guerra e queríamos sorrir apenas juntos para cada muralha que tentávamos atravessar, mas sempre juntos. Não é fácil, é preciso ter força de vontade para deixar os outros liderarem o nosso dia, aliás neste caso o nosso corpo e coração. Mas não vou mais lutar contra aquilo que sinto pelos os olhos e o sorriso dele.

- Babe? – perguntou ele enquanto se limpava com uma toalha

Não respondi embora tenha-o ouvido, perdi-me nas tatuagens que ele tinha desenhadas a preto no corpo, e nas imersas perguntas que me surgiam para lhe interrogar porque tantas? E porque é que não escolheu faze-las em diferentes cores, não o fiz, porque também teria que responder a todas as questões que ele queria fazer sobre mim e sinceramente acho que já nos conhecemos o suficiente para sabermos como um se sente em relação ao outro.

Fazíamos vida de verdadeiro namorados, ri-me ao pensar que nunca admiti que ele era o meu namorado e agora faço-o a toda a hora. Quando ele tinha concertos, eu dormia em minha casa, mas quando isso não acontecia dormíamos sempre juntos todas as noites na casa dele, apenas porque não queríamos incomodar e mesmo visitando todos os dias a minha casa, para me certificar que estava tudo bem e se Ana Sofia precisava de alguma coisa era com ele e no seu grande apartamento que me sentia bem…

- Depois podemos almoçar… - terminava ele de se vestir enquanto eu me perdia nos pensamentos

Há tantas pessoas no mundo, e eu tenho imensas escolhas mas continuo com medo de o fazer, tenho medo que este amor que sinto por ele se vá embora e ele se farte de mim apenas porque não sorrio da mesma maneira que ele para toda a gente, apenas porque não me sinto confortável em todo o tipo de situações e porque ainda me sinto nervosa quando ele me beija ou abraça. Sinto falta do conforto da minha casa de Portugal e na maneira fácil e sonhadora que eu costumava encarar o mundo, sonhava com tudo aquilo que tenho e hoje que o tenho, sinto falta daquilo que era quando não sonhava.

- Mas afinal quem é que ela pensa que é para te falar assim? – continuava Harry a falar sobre algo que não me interessava enquanto eu continuava a observa-lo atentamente

Lembro-me tantas vezes do sorriso nervoso que ele me faz quando sente que estou a ser demasiado arrogante com alguém, rio-me mesmo sabendo que ele não entende, só pensei que isto nunca me acontecesse, aquilo que escrevia tornar-se as palavras que alguém me sussurra todas as noites antes de dormir, sinto-me uma sortuda e nunca tive tamanha sorte na vida. É a minha vez de lhe fazer ver que é a minha vez de lhe provar que não quero saber quem já mal nos tentou fazer, porque eu não vou tornar este momento desinteressante apenas porque penso naquilo que os outros tem que dizer sobre mim.

Depois de terminar com todos estes pensamentos que eu tenho tido a algum tempo, sorri-lhe e aproximei –me dele e voltei a corar quando ele me beija a testa.