O coração quer o que quer

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POV Ana

“Há uma luz nos teus olhos que eu não consigo negar” ele disse-me aproximando-se de mim

“Sem ti eu não consigo encontrar o que me mantem vivo nesta vida pode ser demasiado dramático o que te estou a dizer, mas não faz mais sentido eu estar há tua frente e sentir o que sinto e nunca te dizer”

No momento, em que nós pensamos sobre o que nos mantêm vivos inúmeras possibilidades pairam na nossa mente, fazendo-nos pensar sobre o sentido da nossa existência, afinal o que é que eu faço que é verdadeiramente importante para mim, qual é o sentido da minha verdade, e com quem é que eu a partilho. O rapaz que está a minha frente, é a minha realidade, em tempos foi o meu sonho, agora é mais do que aquilo que possa descrever por palavras.

Depois da boleia de Ana Sofia, eu e Harry viemos para minha casa. E deitados na cama, juntos, lado-a-lado, nós estamos, sinto-me sem forças se ele não está perto de mim, é um amor que consume todas as horas do meu dia, é um amor que me faz cometer loucuras como esta, sei que ele me traiu, sei que ele me trocou por outra mas não consigo entender a minha cabeça neste momento porque tentar impedir o meu coração de fazer o que lhe apetece?

“Porque é que tu fizeste o que fizeste?” perguntei-lhe tocando-lhe no maxilar que continha poucos pêlos da sua barba

“Ana…” ele respirou fundo e fechou os olhos “Foi um acumular de muita coisa, foi o acumular de todos os problemas que já tivemos, foi o acumular da imensa raiva que tenho do cabrão do Louis, foi o guardar esta revolta sempre dentro de mim…”

“Mas porque eu? Porque é que escolheste trair-me a mim? A pessoa que sempre fez tudo por ti?”

Não queria mais saber das frases perfeitas de Harry, preferia a verdade, a verdadeira razão pela qual ele me havia traído, mas afinal se ele tinha estes problemas todos em relação a mim e ao Louis, porque é que nunca me disse? Quem é que me garante que todas as coisas que anteriormente ele me havia dito eram mentira…

“Apesar de tu seres… tudo para mim, também és a razão pela qual eu estou assim neste estado e confusão e de frustração comigo próprio” ele admitiu abrindo os olhos

“Eu faço-te assim tanto mal Harry?”

“Eu faço-te mal a ti também, nós fazemos mal um ao outro, eu tenho ciúmes, tu tens ciúmes, as coisas por mais que nós tentemos nunca irão dar certo porque nós teimamos em forçar algo que nunca irá ser possível ser forçado”

“Então porque é que continuamos com isto” gritei levantando-me

Não, a culpa disto continuar a acontecer é minha, eu continuo a forçar algo que já não  dá para ser forçado como ele diz. Ao longo deste ano tenho agido como uma louca, como uma completa louca, todos os minutos que não estamos juntos sinto-me perdida, parece que tudo o que digo ou faço está mal, porque é que eu não consigo viver sem estes momentos de loucura que ele me fornece, ele é tão bom mas faz-me tanto mal. Parada em frente da minha cama, agarrada a minha camisola de pijama, e começo a pensar o que é que aquela boca, aquele corpo, aquela mente tem que me faz querer sempre mais mesmo quando o meu corpo me pede e implora para parar com isto.

Ele aproxima-se de mim, tronco nu, eu sinto as mãos dele quentes na minha cara, limpando cada uma das lágrimas que antes caíram, os seus lábios beijam a minha testa o meu coração pertence-lhe, eu sinto isso, mas…

“Não tenhas medo…”

“Claro que tenho medo, porque parece que a culpa é minha de continuarmos com isto se há alguém que sofre esse alguém sou eu, tu traíste-me trataste a minha confiança como lixo, fizeste-me sentir como lixo… ainda hoje eu me sinto assim, ainda hoje eu choro se me lembrar por tudo o que já me fizeste passar”

“Ana, para” ele pedia-me limpando também as suas lágrimas

“Paro com o que? Paro com esta dor horrível que sinto cada vez que penso naquilo que me fazes, eu só queria parar com isto, com esta loucura que sinto por ti! Estou farta de te amar, farta de ter que estar perto de ti, farta de me deitar na cama a gritar o teu nome!” gritei afastando-me dele

“Queres que me vá embora?”

O problema não era ele ir-se embora, o problema não estava nele, o problema estava em mim, o problema estava na necessidade fulminante que tenho em amá-lo, o problema estava na maneira obcecada que vivo com o amor dele. O meu coração em concordância com a minha mente pedia-me para me afastar, para esquece-lo, para gritar com ele, o meu corpo exigia que dele me despedisse… mas porque raio eu volto sempre para os braços dele?

Ele abraçou-me de volta, encostou a minha cabeça ao seu pescoço, entrelaçou as suas mãos nas minhas, as minhas lágrimas continuavam a cair, e os meus lábios só lhe pediam que fizesse com que esta dor desaparecesse. Harry, olhou para mim e vi o paraíso outra vez, os seus caracóis, as suas covas, os seus dentes, as tatuagens, o meu mundo é ele.

“Eu amo-te” ele sussurrou encostando a sua testa há minha

“Dói-te amar-me?” perguntei-lhe

Ele confirmou com a cabeça, ele também sente o que eu sinto, ele também lhe dói respirar quando estamos próximos um do outro, também lhe custa estar longe de mim, também se pergunta se isto é amor então o que será a tortura… ou se isto é a felicidade o que é a infelicidade?

“Dói-me tanto amar-te, e há milhares de razões para te deixar” ele permanecia há minha frente

“Então porque não deixas?” perguntei indefesa

“Porque não quero…” ele agarrou-me

“O nosso futuro é muito incerto”

“Tu até podes estar certa mas eu não quero saber disso”

Eu não quero saber dos conselhos que os outros me possam dar sobre o que é o amor, o que é ter respeito por nós próprios, este amor já consumiu mais do que aquilo que eu possa chamar de respeito, mais do que aquilo que eu possa intitular de história. Agora, eu iria perde-lo para sempre, e quando digo sempre estou a mentir porque eu sei que o meu sempre, é parecido o perde-lo só por um dia.

“Vamos decidir-nos sobre o que queremos fazer” pedi-lhe “Já não aguento mais isto, já passei por isto tantas e tantas vezes que agora já não sei mais que te dizer ou fazer…” sentei-me cansada

No momento em que me sento na cama, o meu corpo cai sobre esta, a minha mente esvazia-se e o meu coração abre um buraco sem sangrar já sinto que não tenho mais palavras nem sangue, já nada pode fazer-me chorar, já não consigo aguentar mais esta dor, parece que consumiu tudo o que de melhor eu tinha. Sinto-me tonta, e percebo que Harry começa a vestir-se, ele não se deita ao pé de mim, eu quero para-lo de se vestir mas faltam-me forças para me levantar, quero para-lo de se ir embora. A minha cabeça roda, e as lágrimas involuntariamente caiem, as minhas mãos passeiam pelo meu cabelo. Suspiro vezes e vezes sem conta, inalo o seu perfume, algo faz-me querer voltar a senti-lo nos meus braços só mais uma vez… Sinto os meus olhos a fechar, o cansaço ou talvez a fraqueza está a apoderar-se de mim… Talvez isto amanhã passe… e tudo voltará ao normal.

  

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⏰ Last updated: Nov 07, 2014 ⏰

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