A semana passou movimentada no Haras Campbell. Novas cabeças de gado de corte chegaram para substituir as antigas e as aulas de equitação estavam tão movimentadas que ele teve que contratar uma secretária para ajudá-lo a lidar com tanta burocracia.
- Temos cinco candidatos para a entrevista patrão. - Carlos comentou assim que entrou no escritório da casa grande.
- Ótimo, pode mandar entrar o primeiro. - respondeu rude enquanto avaliava alguns papéis em suas mãos.
Ele ainda não havia esquecido os momentos que passara do lado da teimosa Savannah. Tampouco procurou saber mais sobre quem ela era ou o que estava fazendo ali. No começo ele até ficou com a pulga atrás da orelha, mas como dizia seu velho e sábio pai "Não cace sarna pra se coçar Jon ou você vai encontrar!"
Assim ele trabalhou duas vezes mais do que já trabalhava, dormia tarde e acordava cedo, somente para evitar ter sonhos com uma certa dona de lingua afiada e que cheirava a morangos. Ele ainda podia sentir a suavidade da sua pele quando fez o curativo em sua mão, seus olhos brilhando de fúria ao encará-lo enquanto brigavam...
Sacudindo a cabeça para evitar certos pensamentos, ele foi avisado da chegada do primeiro candidato quando ouviu passos no corredor.
- Você é o Denis? - ele se levantou para cumprimentar o recém chegado.
- S-sim, sou eu. - respondeu o garoto meio pálido.
- Você está passando mal garoto? - Jonathan franziu a sobrancelha para o garoto e se aproximou fazendo com que Denis tremesse.
- Não, eu..eu estou bem - gaguejou novamente e se abanou de leve.
O silêncio do escritório foi quebrado quando Jonathan deu forte tapa na mesa, chegando a derrubar algumas canetas. Denis soltou um grito de terror e correu porta a fora.
Gargalhando, Jonathan encostou na sua mesa e cruzou os braços esperando Carlos voltar.
- Você ficou maluco Jonathan? O garoto saiu daqui como se tivesse visto um fantasma. Não poderia ter sido mais simpático? - resmungou o funcionário de cara fechada. - Assim vai ficar difícil achar alguém que trabalhe pra você e ele foi só o primeiro! - exclamou decepcionado.
- Aí é que está, você falou tudo. Olha pra mim Carlos, você conhece meu gênio e meu temperamento como ninguém. Como vou contratar alguém pra ficar aqui no escritorio comigo todos os dias e até fazer hora extra, se a pessoa se borra nas calças como um maricas chorão igual ele? Impossível! - sorriu debochadamente.
- Está bem, você tem um ponto. - Carlos rebateu contrariado quando viu o sorriso presunçoso de Jonathan.
- Já que resolvemos essa parte, pode mandar o próximo candidato entrar. - ele fez um incentivo com a mão.
- Sobre isso chefe...- Carlos tirou o chapéu e passou a mão pela cabeça antes de responder - ela cancelou, arrumou um emprego no novo estabelecimento da cidade.
- Não me diga que abriram outra boate de strip aqui hein, estou precisando de carne fresca. - Jonathan sorriu safado e esfregou as mãos com ânimo. Carlos simplesmente balançou a cabeça com desgosto sem acreditar nas palavras do patrão.
- Livraria. - o capataz respondeu.
- Oi? Não entendi direito. - perguntou Jonathan confuso se aproximando de Carlos.
- O novo estabelecimento é uma li-vra-ri-a. - respondeu Carlos pausadamente e Jonathan revirou os olhos.
- E quem foi o imbecil que teve a coragem de abrir uma livraria nessa cidade? Vai falir no fim da primeira semana.- indagou com curiosidade, já que um negócio desse tipo na cidade era considerado um suicídio financeiro.
- Er...bem..- Carlos passou a mão na testa receoso, como daria a notícia que tinha evitado a semana toda? Uma hora chegaria nos ouvidos de Jonathan mas seria ele a pessoa a conter sua fúria quando descobrisse e não qualquer pobre desavisado. - Então - disse sem saber como começar - segundo os peões ela é a coisinha mais linda que já botaram os olhos desde muito tempo, que tem o corpo de uma deusa e a aparencia de uma anja de cabelos castanhos. - ele completou, colocando lenha na fogueira.
Jonathan ouviu a descrição e repassou na sua mente outra e outra vez quando seus olhos de abriram com o choque da revelação.
- NÃO! - exclamou exaltado - Quem é que chamou ela de deusa e anja? Eu quero saber agora! - pediu furioso enquanto imprensava Carlos contra a parede.
- Ei, ei, ei... - empurrou Jonathan cuidadosamente - Fique bravo com a mensagem, não com o mensageiro. - respondeu arrumando a roupa amassada e colocando novamente seu chapéu. - Pelo visto a "anja" - disse com deboche - não atraiu somente a sua atenção, mas pode ficar tranquilo Jonjon, porque com tantos pretendentes em cima dela, ela com certeza não vai ficar atrás de você, não é?! - após dizer isso, Carlos sabia que havia regado pela primeira vez a semente que o próprio Jonathan havia plantado em seu coração.
Será que eu quero isso? Quero esquecê-la sem mesmo conhecê-la? Será que quero outros homens em cima dela igual carniça?
Jonathan não sabia, por enquanto, a resposta para todas essas perguntas que fazia a si mesmo. Mas em seu estado de reflexão não prestou atenção no que Carlos dizia até que o mesmo balançou a mão na frente do rosto de Jonathan.
- Me desculpe, o que disse?! - perguntou voltando a si.
- Eu disse que é hoje a inauguração na livraria, de fato - olhou a hora no relógio de pulso - começou a quinze minutos atrás.
Por impulso Jonathan saiu disparado do escritório, com as esporas fazendo barulho no chão de madeira e praticamente pulou em sua caminhonete, indo em direção a cidade.
- FICA NA ANTIGA PAPELARIA! - gritou Carlos da varanda, e então ele viu Jonathan assentir com o polegar pra fora do carro antes de deixar um rastro de pó atrás de si.
- Será que pode ser ela meu bem? - perguntou Berta ao abraçar o marido. - Você a conheceu? Ela é tudo isso que os peões falaram? - indagou a esposa.
- Estava escutando atrás da porta novamente? - perguntou Carlos com um sorriso maroto no rosto.
- Não estava atrás da porta escutando, simplesmente eu estava... limpando o corredor na hora...só isso - completou tentando ser indiferente. - E você não respondeu minhas perguntas. - observou atentamente o marido.
- Querida, esses peões só vão a cidade pra ir a bares e boates, creio eu que a senhorita Savannah não frequenta esse tipo de lugar. Sendo assim seria impossível esse encontro entre eles. - explicou tranquilamente.
- Você inventou. - ela sorriu.
- Eu inventei. - Carlos afirmou sorrindo também.
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Em Nome do Amor - Livro 1
ChickLitSavannah Scott era uma doce bibliotecária que foi deixada no altar pelo seu noivo Phil. Após ser enganada, Savie foge da cidade se sentindo envergonhada e humilhada. Com o dinheiro da sua lua de mel abre uma pequena livraria no interior do Texas, re...