Capítulo 27

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Os dias tinham sido difíceis para Jonathan desde o acidente. Na noite do baile, saíra desesperado em busca de Savannah. A chuva não cooperou e quando entrou na estrada em direção à cidade, a visão do carro de Savannah capotando havia parado seu coração por alguns segundos. Ele gritou, fora de si, como se pudesse impedir dessa forma. Mas fora inevitável. Savannah estava presa dentro do carro, desacordada e sangrando. Ele estacionou o carro, deixando as portas abertas, sem se importar com a água inundando-o. Rapidamente desceu pela ribanceira, já com o celular na mão ligando para a emergência. Sabia que não devia mexer em uma pessoa traumatizada. Abriu a porta do carro, sentia o smoking encharcado, pesado. Ajoelhou-se no chão, ao lado de Savannah. Chorando e pedindo a Deus que não à levasse. Era como se tudo acontecesse em câmera lenta, não reparou quando sentiu a mão em seu ombro, forçando-o a se afastar. Também estava fora de si, na hora que o colocaram na ambulância. Ele somente conseguiu segurar a mão fria de Savannah entre a sua, enquanto as grossas lágrimas escorriam por seu rosto.

Agora ele estava ali, na sala de espera silenciosa, porém cheia. Savannah tivera que ser dopada depois que descobrira que não estava enxergando. Além dessa sequela, ela tinha um braço quebrado, algumas escoriações na cabeça que levaram alguns pontos e arranhões superficiais na perna. Ele estava arrasado e quase não conseguira contar a verdade para todos que estavam ali. Carlos trouxera uma bolsa com roupas e itens para que ele pudesse passar a noite. Lisa e Anna estavam sentadas em cadeiras opostas, Carlos e Berta estavam abraçados, enquanto Berta estava com um terço na mão, rezando fervorosamente. Ele não se lembrava como, mas já havia ligado para o pai de Savannah, pedindo que ele viesse o mais rápido possível.

Com os cotovelos apoiados em ambos os joelhos, ele rodava a aliança de noivado pelo dedo. Soltou um suspiro pesado. Não haviam palavras que pudessem consolá-lo naquele momento. Seu maior medo era perder o amor de sua vida e graças aos céus, ela estava viva. Com sequelas, mas viva. Eles iam superar aquilo, ele estaria lá para ela, o tempo todo.

- Sr. Campbell? - a voz do médico chegou aos seus ouvidos, ele estava parado na porta da sala, com ar de cansaço. - Posso dar uma palavra com o senhor? - Jonathan simplesmente assentiu com a cabeça e seguiu o médico, até a porta do quarto de Savannah.

- Descobriu alguma coisa doutor? Sabe como curá-la? - perguntou abatido, porém o fio de esperança ainda existia dentro dele.

- Sim, descobri - suspirou, cansado - Fizemos todos os exames possíveis Jonathan e nenhum deles acusou um problema fisiológico que possa explicar a cegueira da Savannah.

- Desculpe, não entendi. O que isso quer dizer? Se não existe problema, porque ela ainda está cega? - perguntou nervoso. Ele precisava saber que existia algo impedindo Savannah de enxergar e ai sim poderiam tratá-la.

O médico respirou fundo antes de responder, aquele caso era quase um em um milhão. Nunca pensou que veria algo assim, pois era muito raro, ainda mais em uma pessoa tão jovem quanto Savannah.

- O que eu quero dizer, Jonathan, é que a cegueira de Savannah é psicológica. - soltou, direto.

- Psicológica? Eu nem sabia que isso era possível. Então será muito mais fácil fazê-la enxergar, não é? - encostou na parede, aliviado. Mas o alívio só durara poucos segundos, pois assim que olhou a expressão séria no rosto do médico, começou a se assustar novamente.

- Geralmente essa cegueira é causada por um trauma emocional grave. A mente e o corpo estão tão intimamente ligados que, quando a pessoa passa por alguma situação de estresse alto, acaba por haver uma repercussão física também. Nós médicos ainda não podemos dizer como isso ocorre, mas podemos dizer que talvez seja um mecanismo do próprio corpo e da própria mente, quando não querem lidar com alguma situação. - explicou e Jonathan seguiu calado - Precisamos dar tempo a ela, não podemos forçá-la. Vamos torcer para que depois do tratamento, ela esteja calma e tranquila e ai, quem sabe, volte a enxergar novamente.
A família precisa estar perto, principalmente pela próxima notícia que preciso dar a vocês. - disse, tentando manter-se imparcial. Foram tantas desgraças em uma noite só que se pudesse, trocaria de lugar com qualquer outra pessoa naquele momento. Odiava dar aquele tipo de notícia.

Em Nome do Amor - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora