Capítulo 26

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Savannah abriu os olhos, mas logo os tampou com as mãos. A claridade era forte e ela demorou um tempo para se adaptar. Percebeu que estava deitada em uma relva macia e verde. Ela passou a mão pela grama e inspirou o perfume das milhares de flores que a cercavam. Se levantou calmamente e observou que não estava mais em seu vestido de festa da noite anterior e sim um vestido branco, leve e rodado, de alças. Sentiu-se linda, mesmo sem se olhar no espelho.

Por um instante se perguntou se estava morta, se aquele lugar era o céu. Olhou ao redor e não conseguia ver ninguém por perto, se fosse o céu, provavelmente haveriam outras pessoas ali, não é? Ela sorriu ao ver a paisagem à sua frente. Parecia muito com o local em que Jonathan a pediu em casamento. Casamento. Olhou a sua mão direita, porém a aliança não estava mais lá. Se ajoelhou entre a grama novamente, procurando desesperadamente o anel. Suspirou, frustrada. Talvez ela tivesse perdido quando o carro capotara.

Conferiu atentamente seus braços e suas as pernas, passando, por último, as mãos sobre o rosto, mas não achara nenhum machucado como consequência do seu capotamento. Achara estranho, pois conseguia se lembrar muito bem da dor que sentira. A dor no ventre fortíssima havia tomado seu ser, ela sabia disso. Franziu o cenho, confusa. Observou mais atentamente o local que estava. Podia ouvir o canto dos passarinhos ao longe, tudo era muito verde e colorido ao mesmo tempo. As montanhas se estendiam até se perderem de vista. Ela não conseguia explicar a sensação de paz que a inundava. Começou a andar até o lago e percebera que estava descalça. Mesmo sabendo que tudo era forrado com grama, parecia que estava pisando em nuvens. Se ajoelhou na beira do lago, a água era tão cristalina que podia ver os peixes nadando tranquilamente. Não sentia sede, nem fome, nem dor. Era literalmente um paraíso.

- Jonathan! - chamou, ainda ajoelhada, olhando ao seu redor. - Jonathan, cadê você? - sua voz soava estranha, como se estivesse cantando e não simplesmente fazendo uma pergunta. Pôs as mãos sobre o pescoço, mas não sentia nada. Tudo parecia normal.

- Ele não pode te ouvir, não sabe que você está aqui. - falou uma doce voz que veio atrás de si.

Savannah se virou rapidamente, com a mão sobre o peito, assustada. Ela se levantou rapidamente, sem tirar os olhos da linda garotinha a sua frente. Não poderia ter mais que 5 anos de idade. Tinha os olhos verdes, parecidos com os de Jonathan. Mas o cabelo, lembrava o dela. Eram castanhos chocolate, com grandes cachos nas pontas e batiam até no meio das costas. Ela vestia o mesmo vestido que o seu, mas em um tamanho menor.

- Oi? Você sabe aonde estamos? - perguntou, sorrindo. Sentia uma sensação familiar, não podia descrever. - Está sozinha? Sou Savannah. - falou, estendendo a mão para a garota.

Savannah foi surpreendida por uma tentativa de abraço e rapidamente se abaixou para ficar na altura da menina.

- Eu estou aonde deveria estar e você também. Não estou sozinha, estou com você! - falou a menina docemente e beijou a face de Savannah, que ampliou ainda mais o sorriso com aquele gesto, sentiu o coração se aquecer e uma súbita vontade de chorar.

- Qual o seu nome? - perguntou à criança.

- Qual nome você acha que combina comigo? - respondeu com outra pergunta, a menina.

- Hm...não sei, acho que Ava. - respondeu Savannah, passando a mão pelos cabelos da garota.

- Então meu nome é Ava e você é minha mamãe. - disse sorrindo e deitou a cabeça no ombro de Savannah, como se aquela revelação não fosse impactante o bastante.

Savannah simplesmente sorriu, nunca pensou que seria tão bom ter uma filha. Mas aquela afirmação, simplesmente bateu em cheio em seu coração e ela não cogitou outra possibilidade. Ela sentia em seu íntimo, Ava era sua filha. Sua filhinha amada.

Em Nome do Amor - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora