Proposta

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ANASTÁSIA STEELE

Olho envergonhada para Tate enquanto tento conter as lágrimas.

—Me coloca no chão. —Peço baixinho e ele faz isso sem conseguir dizer qualquer coisa. Viro-me e vou correndo em direção à porta. —Anastásia.

Passo correndo pelo salão e vejo Lana e uma menina que não conheço, ela me olha e seus olhos ficam marejados, mas não dou muita atenção, já que Tate está atrás de mim. Subo as escadas correndo ainda o ouvindo me chamar.

Chego ao corredor do meu quarto e ele me alcança segurando meu braço. Fecho meus olhos para não ter que encará-lo. Eu sempre soube que ele era meu pai. Ray, meu tio e pai de criação, vivia me contando histórias sobre Tate, e eu amava tanto, eram as minhas histórias favoritas. E tudo que eu queria era conhecê-lo, e que ele pudesse me amar, mas eu não acho que isso vá acontecer. Eu nem sei por que fui falar que sabia.

—Por favor, eu só quero ir me deitar. —Digo chorando e o encaro. Seu olhar não deixa o meu, mas lentamente sua mão escorrega caindo ao lado de seu corpo.

Viro-me e vou correndo para o meu quarto. Fecho a porta e as lágrimas vem. Encosto minha testa a porta e espalmo minhas mãos sobre ela. Uma leve batida ecoa, mas eu não respondo.

—Por favor, nós temos que conversar... —Tate diz baixinho e eu continuo em silêncio. —Você é a minha filha. Eu... Eu...

—Vá embora Tate. —Peço baixinho. Viro-me ainda e recosto-me sobre a porta escorregando até o chão. —Você nunca quis saber disso. Você me deixou. Nunca me amou.

—Anastásia... Eu... Eu tive medo. —Ele confessa e fica em silêncio por segundos. —Eu sempre pedi que ela me dessa outra filha, era meu maior desejo, ser pai novamente. E... Eu não sabia se você era minha, eu tive medo que você fosse de outro homem, mas você é minha filha, e eu sou um péssimo pai, e não posso mudar isso... E... Eu sinto tanto por isso. Mais do que você imagina.

Aperto meus olhos e suspiro baixinho deixando o silêncio prevalecer.

Os minutos se passam, e eu sei que ele ainda está aqui, mas nós não trocamos uma palavra. Eu apenas consigo sentir sua presença. Isso é tão confuso. Eu fiquei tão curiosa para conhecê-lo e ele não era nada do que eu pensava... Mas então eu ainda queria que ele me amasse, e agora eu não quero mais, porque eu vi a forma como ele me olhou, sentindo-se culpado por tudo que aconteceu, e ele vai tentar se aproximar de mim, e eu vou morrer. Já doeu quando eu perdi minha mãe e o meu pai, e eu não quero perdê-lo, nem vê-lo se machucar por minha causa.

Encaro as caixas no chão e vejo uma com o nome do meu pai, caminho até e abro-a vendo alguns álbuns de fotos, fitas cacetes e uns patinhos de bebê que eu imagino ser meu. Vejo um envelope meio grosso e imagino que sejam cartas. Pego-as e vejo que todas estão endereçadas para Tate. Rasgo as cartas e começo a ler, e logo estou chorando. Isso só pode ser brincadeira.

Pego uma das cartas e guardo as outras no envelope, mas continuo com eles em mãos. Levanto-me e caminho até a porta, abro-a e vejo Tate sentado no chão encostado na parede. Ele me olha e se move para se levantar, mas eu estendo minha mão e ele para de se mexer ficando no mesmo lugar. Elevo a carta uma pouco e começo a ler.

—Eu não deveria fazer isso, é o seu papel, mas eu prometi a mim mesmo que cuidaria dela até você estar presente e ela é tão linda... Sua pele é como porcelana, suas bochechas são rosadas e os olhos, ah que olhos ela tem. Exatamente os mesmos olhos que você tinha quando eu te vi a primeira vez. —Repito as palavras de papai com lágrimas no olhos e vejo Tate também chorar. Suspiro e continuo a ler.

Nós tivemos algumas complicações, ela não estava respirando, e adivinhe? Eu cantei a sua música para ela, e ela começou a respirar. Eu dei-lhe o nome de Anastásia, a ressurreição. Ah, Tate, ela é tão linda, e tão sua.

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