Mil Morte P. II

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Mia solta um grito apavorada e eu levanto a cabeça apenas a tempo de vê-la soltar o celular no chão. Olho em volta e vejo que todos estão com celular na mão, e logo imagino que o vídeo esteja passando para todos. Anastásia, com uma venda, mordaça. Mãos atadas atrás das costas. Sentada sobre os calcanhares que também estão amarrados.

Um aperto toma todo meu peito. Isso não pode ser real. Não pode. Aperto o celular na minha mão e passo feito um furacão pelo campo, direto para dentro da casa de Tate. Na sala está Grace apavorada com o rosto repleto por lágrimas. Papai ao seu lado tentando acalmá-la e Tate olhando para o Macbook enquanto percorre as mãos pelos cabelos.

Aproximo-me e só agora percebo que Joana, as meninas e Paul me seguiram. Ethan e Elliot entram na sala, com os celular em mãos.

—Está ao vivo. —Tate murmura encarnando a tela. —Para toda América.

—Mas... —Duda começa.

—Eu já dei ordem para rastrearem. —Ele murmura e posso sentir a dor em suas palavras. —Mas parece que há algo bloqueando o sinal. Todas as paredes são de aço. Talvez seja isso.

—Então nós não podemos encontrá-la? —Duda pergunta chorando.

—Não por enquanto. —Murmura Tate e praticamente todos estão chorando. —Eu não quero ninguém fora dessa casa, vocês entendem isso? Mia e Kate, já para o banho. A Amélia está chegando.

—Tudo bem. —Kate murmura levando Mia em direção ao elevador.

—Ethan e Elliot, por favor, continuem olhando as meninas. Duda e Paul, vocês podem ficar com eles lá em cima.

—Esta bem. —Duda murmura saindo da sala com os meninos.

—Christian, venha aqui. —Tate pede e eu me aproximo. —Olhe bem, por favor. Me diga que você conhece qualquer coisa nesse quarto.

Respiro profundamente e olho para a tela do computador. Meu coração se quebra em mil pedaços ao ver a imagem de Anastásia. Ela parece estar chorando, mas é difícil dizer. Há marcas pelo seu corpo. Muitas marcas. Só de imaginar alguém batendo em uma menina com ela... Isso me destrói.

Percorro meus olhos pela tela do computador. O quarto é todo de aço. O piso é todo nivelado. É realmente como um calabouço. As paredes estão pichadas com tinta vermelha, e todas as palavras são ameaças a Ana. Há apenas uma tubulação, retangular. Muito pequena. O barulho da tubulação invade toda o lugar e não se ouve mais nada além disso.

Fecho meus olhos sentindo as lágrimas escorrendo e apenas balanço a cabeça.

—Tate... Nós vamos achá-la, não é? —Grace pergunta chorando e isso só faz a dor ficar pior. —Ela é a nossa princesinha. Nós não podemos deixar ela se machucar.

—Carrick, tire-a daqui, por favor. —Tate ordena fechando os olhos.

—Tate, por favor. —Grace implora.

—Querida, venha. —Papai diz se levantando e mamãe começa a gritar.

—Tate, você precisa encontrá-la, por favor, Tate. —Ela grita enquanto meu pai a tira da sala.

—Ei. —Joana se aproxima de Tate e senta ao seu lado, segurando suas mãos, e de repente isso é demais para suportar. —Nós vamos encontrá-la.

—Com licença. —Murmuro indo em direção à porta de saída da sala.

—Christian, ela precisa de nós. —Tate murmura e eu fecho os olhos sentindo tudo doer. —Não faça nenhuma besteira, por favor.

Suspiro pesadamente e saio da sala indo em direção ao elevador. Entro e vou direto para o quarto de Anastásia. Sento-me sobre sua cama e tudo que sinto é um medo absurdo. Sim medo. Eu tenho medo de perdê-la. Desde a nossa primeira noite, quando ela se foi no dia seguinte, me deixando apenas a carta e o colar. Puxo o colar para fora da camisa e aperto o pingente em minha mão. Ela é tão linda, e tão delicada e ao mesmo tempo tão forte. Ela abriu mão de tantas coisas quando ficou doente. Ela não foi feliz por anos, apenas vivia. Ela fazia muitas pessoas felizes. Por onde ela passa ela toca as pessoas.

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