Tão Azul Quanto o Mar

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CHRISTIAN GREY

A garotinha continua me olhando de forma desconfiada, então abaixa o olhar e começa a torcer os dedos. Exatamente como Anastásia faz quando está nervosa. Balanço a cabeça confuso e seguro a mão de Rosa, aproximando-me com cuidado da menina.

Ela se encolhe completamente quando abaixo em sua frente, e vira o rosto como se esperasse um tapa. Lembro-me na hora de como eu era assim, e todas as vezes que aquele monstro me agrediu. Sinto um nó na minha garganta. Levanto a mão com muito cuidado, e ela aperta os olhos. Toco seu rosto com as pontas dos dedos e ela enrijece por completo, levando minutos para perceber que não vou lhe bater.

Acaricio cuidadosamente seu rosto, ajeitando uma mecha sua de cabelo atrás da orelha.

Com cuidado, a pequena abre os olhos, espiando-me por debaixo de seus longos cílios.

—Ei querida... —Murmuro e vejo seus olhos azuis marejarem. —Está tudo bem? Não precisa ter medo ok? Eu não vou te machucar, prometo. Meu nome é Christian, e essa é minha filhinha Rosa.

—Oi. —Rosa diz sorrindo e a menina a olha com ternura, encantada talvez. Ela se aproxima de Rosa e levanta a mão com cuidado, acariciando o rosto da minha filha que sorri e repete o gesto.

—Você está perdida? Onde estão seus pais? —Pergunto e ela me olha assustada, recuando completamente. A menina se encolhe no cantinho da parede, perto de alguns papelões, onde um cachorro sem raça, de pelos cinza descansa. —Você mora aqui?

Ela não responde nenhuma das minhas perguntas, apenas fica ali, encolhida e com muito medo. Eu me vejo nessa garotinha. O olhar assustado. O pavor. A desesperança. Sinto meu peito se fechar, e a escuridão vem, junto com todas as lembranças.

—Alguém te bateu? —Pergunto abrindo os olhos, ela me olha envergonhada e balança a cabeça timidamente. —Muito?

Novamente ela balança a cabeça e suas lágrimas começam a escorrer. Rosa me olha apavorada ao ver a menina chorar e corre para abraçá-la, tentando acalmá-la. A menina parece chorar mais, porém, está confortável no abraço de Rosa.

—Não chola. —Rosa pede alisando o rosto da menina que sorri timidamente. —Passo... Passo...

—Rosa, vem aqui com o papai. —Chamo, mas Rosa se recusa a sair de perto da menina. —Ok. O que você acha de levarmos ela para comer? Com a mamãe?

—Sim. —Rosa sorri e estende a mão para a menina que segura um pouco desconfiada, mas se levanta.

—Esse cachorrinho é seu? —Pergunto e ela confirma balançando a cabeça. —Vamos levá-lo conosco então?

A menina sorri tímida e balança a cabeça, ela bate a mãozinha na perna e o cachorro levanta, seguindo-nos enquanto andamos para a Design Grey. Abro a porta da loja e o sininho toca fazendo Rosa e a menina – que eu ainda não sei o nome – sorrirem com o barulho.

—Ah, finalmen... —Kate para boquiaberta e olha para a menina e o cachorro. —Quem é ela? E o peludo?

—Eu acabei de encontrá-la. —Murmuro encolhendo os ombros e ela fica ainda mais incrédula.

—Amor, você já... —Anastásia para e olha para a menina, assim como Mia que vem logo atrás. —Uau... Que belos olhos.

A menina sorri timidamente e abaixa o olhar. Anastásia se aproxima com cuidado e abaixa na frente dela, oferecendo-lhe sua mão, ela ruboriza aceita a mão da minha namorada. Ok... Talvez ela não goste tanto de homens.

—Quem é ela? —Ana pergunta acariciando a mão suja da menina.

—Eu não sei, ela estava no beco, perto do bistrô. Não disse uma palavra. —Explico.

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