Uma Oração Silenciosa

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ANASTÁSIA STEELE

Sinto uma dor se instalar sobre meus ombros e logo ela se apodera de todo meu corpo. Remexo-me desconfortável e um gemido de dor escapa de meus lábios. Meu corpo inteiro dói. Eu nem sequer consigo abrir meus olhos, e não entendo o porquê de tanta dor, mas então, quando forço a mente, tudo está lá. Os tiros. Tate me jogando do prédio. Mais tiros. Minha cabeça lateja de dor e acho que talvez sejam as lembranças.

Remexo-me novamente e a dor que sinto, pelo cansaço físico, me atinge novamente, dessa vez fazendo-me chorar.

—Ei querida, está tudo bem. —É a voz de Grace ao meu lado. —Eu estou aqui.

—Eu não consigo abrir meus olhos. —Digo chorosa e ela passa a mão na minha testa.

—Eu sei... Você está sobrecarregada, não precisa abri-los senão quiser. Continue dormindo. Eu estou aqui.

—Onde está o meu pai? E as minhas irmãs? —Pergunto chorando.

—Eles estão lá fora querida. Todos estão bem, e sem machucados graves, apenas arranhões.

—Por que eu estou aqui?

—Você sofreu algumas fraturas nas cotelas, por ter caído mais de um vez, e por ter sido jogada. Há uma torção no seu pé, e alguns arranhões no resto do corpo, e você tomou um tiro querida.

—Eu não me lembro de nada disso. —Murmuro frustrada.

—Tudo bem. O tiro foi de raspão. Pego apenas no seu ombro, criando um machucado, mas já está tudo bem.

—Como você chegou aqui? O Elliot... Ethan...

—Eles estão bem. —Murmura minha tia. —Eu tive que voltar, emergência no hospital. E os meninos se ofereceram para me acompanhar. Mas todos estão bem.

—Hm... —Geme frustrada e esfrego o rosto com as mãos.

—Você quer tentar abrir os olhos?

—Sim. —Murmuro esfregando-os e começo abri-los. A luz branca me incomoda um pouco, mas logo me acostumo. Meus olhos focam em Grace e eu suspiro aliviada ao vê-la realmente bem. —Eu estou com sede. E com dor.

—Tome isso. —Grace fala me entregando um copo descartável com água, e outro menor com remédios. Tomo os dois e suspiro. —Melhor?

—Eu estou com dor. —Murmuro impaciente. —É pior do que a quimioterapia.

—Uau. —Grace diz sorrindo e senta ao meu lado. —Vai passar bebê. Você só está cansada.

—Cansada? Há quanto tempo eu estou dormindo.

—Quase nove horas.

—Uau! —Exclamo surpresa. —Como está o Christian?

—Se descabelando lá fora. Ele veio te ver algumas vezes, mas você ainda estava dormindo.

—Ele sabe? —Pergunto preocupada.

—Sobre o câncer?

—Sim. —Murmuro abaixando o olhar.

—Sim. Todos sabem. Sinto muito.

—Tudo bem. —Suspiro e deito a cabeça em seu ombro. —Você pode mandá-los para casa? Eu quero ficar sozinha.

—Tem certeza disso, meu bem?

—Sim.

—Ok meu bem. Eu já volto para ficar com você. Ok?

—Ok.

Grace me dá um beijo e sai da sala deixando-me sozinha. Deito-me sobre a cama sentindo meu corpo latejar de dor em algumas parte. Suspiro frustrada e me remexo desconfortável. Eu não sei por que fui abrir minha boca. Agora todos sabem... Com certeza eles vão querer que eu volte ao tratamento, ou simplesmente irão ficar lamentando, e isso é ridículo.

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