Live Your Dreams

Eles Dizem Que o Tempo Deveria Curar

ANASTÁSIA STEELE

Encaro a parede a minha frente, ouvindo apenas o burburinho de vozes no fundo. Aperto mais meus braços ao redor de mim mesma, numa tentativa inútil de suprir o frio... O vazio... O medo e a saudade absurda que já se faz presente. As lágrimas voltam, assim como o desespero. Há algumas horas nós estávamos discutindo sobre o nosso casamento, e agora tudo que eu posso ouvir é sobre seu desaparecimento. Oh, essa dor não é nada suportável.

—Ei. —Tate sussurra enquanto senta ao meu lado. Ele envolve um braço em meu ombro, mas nada é suprido, e a falta dele se torna maior. Encaro as labaredas da lareira enquanto o frio aumenta. —Você precisa comer algo.

Fecho meus olhos sentindo as lágrimas escorrerem. Ao fundo posso ouvir as pessoas conversando. Grace chorando. Rosa e Agnes estão silenciosamente sentadas ao sofá, abraçando firmemente seus cachorros. Elas não derramaram uma lágrima sequer, e eu me sinto tão tola, e insensível por não conseguir abraçar minhas próprias filhas quando elas mais precisam.

—Ana... Fale comigo. —Tate pede, mas eu não me movo. —Você está me preocupando, filha.

—Querida... Que tal um banho? —Joana pergunta segurando minhas mãos. Levanto meu rosto e a encaro.

Fecho meus olhos ao lembrar-me de mamãe.

Ah, isso não pode ser real. Eu não posso perdê-lo. Não posso. Não depois de chegarmos até aqui. Por favor, Deus, eu não suportaria perder outra pessoa. O Senhor não pode ter me dado essa vida depois de ter me curado, apenas para me fazer perder tudo. Por favor, Deus. Por favor.

—Vocês podem me deixar aqui, por favor? —Peço com a voz baixa, tão ferida que mal me reconheço. Ambos trocam um olhar e suspiram baixinho. —Eu preciso disso, me deixem.

—Nós não vamos te deixar. —Tate murmura.

—Eu estou pedindo, por favor, eu quero ficar aqui. —Imploro impaciente enquanto as lágrimas ameaçam cair. —Eu entendo que todos estão preocupados, mas ninguém entende a minha dor melhor do que eu. Eu perdi meus pais, eu passei os piores dias da minha vida naquele maldito cativeiro, e aquele garoto mudou a minha vida, e eu o amo, e não posso perdê-lo, mas eu estou tentando reprimir tudo de pior, eu estou tentando ter esperança, e eu não quero que vocês ajam como se eu fosse pular desse prédio a qualquer momento. Eu só quero ficar sozinha.

Levanto-me e enxugo minhas lágrimas com as costas das mãos, saio da sala e vou direto para o meu quarto e de Christian, para na porta vendo a cama ainda desfeita, sua camisa jogada suavemente sobre o colchão. A cena parece ainda mais dolorosa. Eu não posso perdê-lo, não posso. Ele me mudou o Senhor o colocou na minha vida, por que tirar agora?

Aproximo-me com as mãos trêmulas e deito sobre o seu lado da cama, puxo sua camisa contra meu peito e seu cheiro logo está por toda parte. Ah, Christian, eu preciso tanto de você. Não me deixe. Por favor. Por favor. Eu não vou suportar perder você.

—Mamãe...

Levanto a cabeça afastando meus pensamentos e encontro Rosa parada a porta, com seu Shake ao seu lado. Seus olhinhos estão vermelhos, o nariz rosado. Só a imagem da sua dor me parte o coração. As lágrimas voltam mais fortes. Muito mais fortes. Sento-me e estendo meus braços, minha pequena corre e logo está chorando com o rosto contra meu peito, e então eu percebo o quanto eu tenho que ser forte, por ela. Ela precisa de mim. Agnes também precisa de mim, e enquanto elas estão sofrendo, eu estou sendo uma péssima mãe, mergulhando na minha autopiedade.

—Nós vamos encontrá-lo, não vamos? —Rosa pergunta enquanto encara meus olhos, a expectativa e esperança infantil latejando em seus olhos brilhantes pelo choro, e eu não posso negar.