Frida tem 17 anos e jura que sua vida é um inferno (e de fato é), mas ela é preguiçosa demais pra mover um dedo sequer pra mudar isso. Não que ela seja má, ranzinza ou reclamona, ela só está bem em sua zona de conforto onde bolos de nozes, chás de h...
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Como eu já imaginava, a casa de Johanna Flinton é enorme. Luzes coloridas iluminam todo o jardim da casa e quase não há lugar pra estacionar. - Isso aqui está lotado. - Digo, com preocupação. - É uma festa grátis, Frida, é claro que está lotado. Maisie dá de ombros e estaciona sua maçã ambulante. - Venha, vamos arrasar. - Você conhece alguém nessa festa? Porque, pelo que eu sei, nós somos as pessoas mais excluídas da escola. - Eu conheço a Johanna, ela é da minha turma de Física Aplicada. - Você faz Física Aplicada? Por que? - Frida, nós estamos entrando em uma festa. Ninguém fala de matérias escolares em festas. Não seja uma esquisitona. Por ser Maisie com sua doce voz, eu não me incomodo, mas estou realmente com medo de não me encaixar. Afinal, eu nunca me encaixo. Nós entramos na casa e Johanna cumprimenta Maisie com um belo sorriso. Droga, Johanna é linda. Com seus saltos altos e sua roupa inspirado na Sandy Olsson de Grease, ela me humilha só de respirar. O cabelo black power está volumoso e ela também utilizou a técnica-do-lápis-de-boca, deixando seus lábios carnudos maiores ainda. A pele negra brilha como se tivesse acabado de sair de um bronzeamento artificial. E eu me sinto um patinho feio. - Maisie, querida, quem é a sua amiga? - Johanna, essa é Frida. Frida, essa é Johanna. - Frida? Como a Kahlo? - Johanna pergunta. - Sim e não. - Sorrio. - Meu pai tinha uma tia e... - Me lembro, rapidamente, da voz de Maisie me dizendo para não ser esquisita. - Isso não importa. Você está linda! - Ah, o que o couro não faz! - Ela sorri - Gostaria de poder usar todos os dias. Meninas, fiquem a vontade, preciso encontrar meu irmão. - Diz antes de sair. - Viu? Ela não é tão ruim. Maisie sussurra, mas eu já não estou ouvindo. - O que foi? Tá olhando pra quem? - Ela pergunta e segue meus olhos com o dela, se deparando com um ser perfeitamente fantasiado de Danny Zuko. - Deus, qual é a obsessão dessas pessoas com Grease? Não é como se fosse o único filme dos anos oitenta! Ou é? - Aham... - Falo, mas continuo prestando atenção em como a jaqueta combinou com o tom de pele do garoto. - Frida? - Maisie me chama. - FRIDA! - O que foi? Por que você está gritando? - Porque você acabou de chegar e já está, claramente, de olho no Nick Flinton. - Nick Flinton? - Ele é o irmão da Johanna. Acho que o encontramos antes dela. - Maisie da de ombros enquanto puxa um copo de bebida da mão da garçonete que está passando. - Ok, e por que ele é branco? - Frida, ele é adotado. - Ah. - Não vai beber nada? Esse gummy de pêssego tá divino! - Maisie toma mais um gole do conteúdo do copo vermelho e eu fico com vergonha de dizer que nem sei o que é gummy. - Não, obrigada. Vou procurar um refrigerante. - Frida, você é a pessoa menos interessante que eu conheço. - É melhor isso do que ser a pessoa mais chata que você conhece. - Não conheço muitas pessoas. - Maisie dá de ombros novamente e me puxa pelo braço, falando algo que não consigo ouvir por conta da música alta tocando. Madonna, sério? Até a música precisa ser velha? - Maisie, onde é que você está... - Ai meu Deus, garota! Olha por onde anda, caralho! - Um menino grita quando, puxada por Maisie, eu trombo nele e derrubo sua cerveja toda em mim. E nele, que está de blusa branca e...jaqueta de couro. Ai meu Deus, eu trombei no Nick Flinton. - Me desculpa, a culpa foi toda minha! - Maisie interrompe. - Essa louca, ela... - Nick tenta se limpar enquanto eu só consigo ficar de boca aberta e completamente desconfortável. - Frida? - Ele pergunta. - Você me conhece? Nick da risada e eu não entendo. Não é como se eu reparasse nos garotos da minha escola, mas não me lembro de tê-lo visto nenhuma vez sequer. - Ei, galera, é a Frida. - Ele diz para os amigos que começam a rir junto. - O que houve? O que eu fiz? - É a estranha do intervalo! - Um dos amigos diz alto. - O que? Eu... - Começo a dizer mas minha respiração fica ofegante e não consigo continuar. - Ela até que tá gostosinha. - Ouço outra voz masculina saindo do grupo. Maisie tenta me puxar pelo braço mas não consigo me mover. - O que eu fiz pra vocês? - Pergunto, ignorando as lágrimas que se formam nos meus olhos. - Tirando o fato de ter derrubado cerveja no meu irmão? - Ouço a voz de Johanna atrás de mim e me viro, ficando de frente pra ela. - Você acha que pode vir, numa festa dos populares e se misturar? Logo você? A solitária de Saint Harvey? Eu gosto da sua amiga, mas você não é bem vinda. - Eu não entendo...Vocês não gostam de mim só porque eu gosto de ficar sozinha? - Pergunto novamente e vejo que o rosto de Maisie começa a ficar vermelho. - Você é estranha, garota, pode até estar bonitinha hoje, mas vai voltar a ser estranha amanhã. Olha pra você, toda desengonça... - Nick começa mas ouço Maisie pigarrear, interrompendo o falatório e me colocando atrás dela como quem protege um filhotinho. - Acho que está na hora de acabarmos com isso. Sabe, Johanna, você nunca me tratou mal e Nick, sua existência também nunca me incomodou, mas ninguém fala com Frida dessa forma e sai ileso. Ela é minha amiga, então acho bom vocês crescerem um pouco antes de ofendê-la novamente. - Amiga? Maisie, querida, quem anda com porcos farelo come. - Johanna, querida, uma vez vagabunda sempre vagabunda. - Maisie sorri quando percebe que Johanna está incomodada. - Esse seu corpo de ampulheta não vai durar pra sempre e há dezenas de garotas como você em Saint Harvey, parecendo o mais inocente possível para chegar no que elas querem e em quem elas querem, é muito fácil ser você, fácil te substituir. Então tome cuidado, ma Cherie, seus anos de fama estão chegando ao fim. - Isso é uma ameaça? - Johanna se aproxima do rosto de Maisie e a garota parece que vai explodir a qualquer momento. - Não, é um aviso. - Minha amiga sorri e se vira para Nick. - E antes que eu me esqueça, Nick Flinton, por que você não volta pro saco de lixo no qual os Flintons te acharam? Eu quase posso te ver, sabe, sentado em um bar daqui a alguns anos, gritando alto sua opinião sobre o jogo de futebol mas ninguém nem está te escutando. Bêbado e desajeitado falando sobre como as pessoas são inúteis quando na verdade, tudo o que você é... - Ela sorri - é uma pessoa ruim. Mas ainda dá tempo - ela deposita tapinhas em seu peito - você ainda pode mudar. Maisie pisca um olho antes de me puxar pelo braço porta a fora da casa dos Flintons. E eu desejo nunca ter entrado nela. - Você tem ideia do que acabou de fazer? - Pergunto ao entrar no carro. - Você tem ideia do que eles acabaram de fazer? Não se pode machucar uma pessoa e sair como se nada tivesse acontecido. - Não me machucaram, Maisie. - Aham. - Ela revira os olhos. - Claro que não. - Você criou uma guerra com Johanna Flinton. - Ah, pelo amor de Deus. - Ela dá partida no carro. - Quem diabos é Johanna Flinton? Ninguém nem liga pra essa garota. - As cem pessoas que estavam na casa dela meio que ligam. - E quem são eles, Frida? Um bando de retardados que acham que a vida é só isso: jogos de baseball e bailes de formatura. - Eles me odeiam, Maisie. E eu nunca nem fiz nada. - Pois agora vai fazer. Chega, Frida, chega de ser a Solitária de Saint Harvey. Agora nós vamos governar aquela porra.
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