CAPÍTULO 24 - FRIDA GORDON

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"Querida Sara, jamais serei capaz de explicar o quanto me sinto devastado ao ver minha Frida crescer sem o pai enquanto Ruby cresce sem a irmã, então espero que, pelo menos dessa vez, você dê a ela esse presente

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"Querida Sara, jamais serei capaz de explicar o quanto me sinto devastado ao ver minha Frida crescer sem o pai enquanto Ruby cresce sem a irmã, então espero que, pelo menos dessa vez, você dê a ela esse presente. Ela também é minha filha, Sara, e embora tenha errado com ela, jamais deixarei de amá-la."

"Querida Frida, eu não sei se você já consegue ler, mas caso não consiga, sei que sua mãe fará questão de ler pra você."

Preciso parar de ler a segunda carta para respirar e segurar minhas lágrimas, afinal, estou começando a molhar o papel já amarelado pelo tempo.

"Você já tem dez anos. E eu não te assisti crescer, não vi seus primeiros passos, não sei se prefere doce ou salgado, não sei sua comida favorita, nem sei se meu presente será do seu gosto, mas Ruby adorou a dela, então espero que vocês ainda sejam tão parecidas. Espero que possam brincar juntas um dia. Espero que possam me perdoar um dia.
Sempre te amarei.
Beijos, papai."

Dentro da caixa, há poeira. Muita poeira, proveniente dos sete anos que Michael a guardou com ele.
Eu a abro com cuidado, com medo da madeira desmontar.
Preciso levar a mão a boca para evitar os soluços quando vejo o conteúdo da caixa.
É uma casa de bonecas tão grande quanto minhas pernas, feita com madeira branca e tinta azul. Cada detalhe, cada cômodo, cada caminha... meu pai se preocupou com tudo. Eu me levanto da cama, olhando a casa por trás e não posso deixar de notar as iniciais de Michael no canto da casa.
Ele construiu uma casa pra mim.
Uma casa de bonecas que eu nunca brinquei na vida.
Um pai que eu nunca conheci na vida.
Uma irmã que jamais dividiu risadas comigo.
Uma família que meu pai e minha mãe me privaram de ter.
Sem forças, caio sentada no chão e me encolho, chorando.
Ouço o barulho da porta, e é o rosto de Maisie que vejo quando abre.
É a primeira vez que minha melhor amiga me encontra tão devastada.

- Frida... - É apenas o que ela diz antes de seus olhos baterem na enorme casa de bonecas. Ela leva uma mão à boca e percebo que está tentando segurar as lágrimas. - Eu sinto muito...

Maisie apressa o passo e se senta ao meu lado, colocando minha cabeça em seu colo e me deixando chorar por horas seguidas. É só isso que consigo fazer. Chorar pelos anos que amaldiçoei a vida e a nova família do meu pai quando, na verdade, ele estava a apenas alguns quilômetros de mim, tentando se aproximar.
Chorando por não ser uma modelo tão boa assim, chorando por não ser uma filha tão boa assim...

- Quer encontrá-lo? Eu te levo a Sacramento, nós vamos bater em casa por casa até descobrir onde ele está, Frida, eu te prometo.
- Acho que quero, não sei... Não estou preparada.
- Você perdeu quinze anos, Frida. Não perca mais nem um segundo.

Percebo que Maisie tem razão, então me levanto e a sigo escada abaixo.

- Eu preciso do endereço dele. - Peço a Sara, que abre a boca mas não emite som, apenas escreve algo em um papel branco e me entrega.

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