CAPÍTULO 15- QUINZE RAZÕES.

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— Então é você que vai fazer meu casting? - Pergunto a Zac, debochada.
Ele está de cabelos presos hoje, segunda-feira, mas ainda usa a mesma (ou será que ele tem uma coleção de várias iguais?) calça preta com um rasgo no joelho.
— Você pode não dirigir a palavra a mim? - Ele rola os olhos e continua a limpar as lentes da câmera.
— Claro. - Dou de ombros e me sento na mesa dele. — Mas seria muito mais fácil e harmonioso se nós trabalhássemos juntos sem nos odiar.
— Eu não te odeio. - Ele diz, e eu arregalo os olhos, dando um sorriso largo logo em seguida.
— Ora ora, temos um começo. - Bato três palminhas.
— Você não é digna do meu ódio.
— Sabia que vinha algo... você é um grosso.
— Como é que você sabe? - Ele da um sorriso de lado, com malícia.
— Ah, pelo amor de Deus. Zac, piadinha com sexo as 9 da manhã? Achei que você fosse melhor que isso.
— Sente-se. - Ele pede. — Tenho umas perguntas a te fazer e umas medidas pra tirar.
— Já estou sentada.
— Frida, pare de agir igual uma pivete e faça seu trabalho.
Eu reviro os olhos e me sento na cadeira.
— Altura?
— 1,70. - Respondo, com orgulho. Ele inspira fundo.
— Idade?
— Tá se fazendo de besta?
— Idade? - Zac repete, com desgosto.
— Dezessete.
— Nível escolar?
— Segundo ano.

Vejo ele segurar uma risadinha.

— O que foi?
— Você tem idade pra ser minha filha.
Arregalo os olhos.
— Quantos anos você tem?
— Vinte e cinco.
— Porra, e você me teve com quantos anos? Oito? Precoce, ein...
— Engraçada. Nome da mãe e do pai.
— Sara Wolf e não me lembro o nome do meu pai.
— Não se lembra? - Ele levanta uma sobrancelha.
— Ele vazou quando eu era um bebê. - Dou de ombros.
— Certo. - Zac está incomodado, posso sentir. — Irmãos?
— Não que eu saiba.
— Peso?
— Cinquenta e sete, eu acho.
— Alimentação?
— Bolo de nozes e chá de hortelã.
— Saudável ou não, Frida?
— De vez em quando.
— Por Deus... - Ele balança a cabeça e continua a digitar. — Primeira vez que fotografou profissionalmente?
— Semana passada, com você.
— Aquilo não foi profissional.
— Culpe o fotógrafo. - Sorrio. Ele se inclina na mesa e quando penso que vai me xingar, apenas sorri e solta o coque do cabelo, o prendendo novamente.
— Você é tão ranzinza quando eu.
— Isso era pra ser um elogio? - Levanto uma sobrancelha.
— Aceite como quiser. Alguma progressiva no cabelo?
— Não.
— Lentes de contato?
— Não.
— Tatuagem?
— Ainda não.
— Ainda?
— Quero fazer uma com dezoito anos. Minha mãe não deixaria antes disso.
— Posso te levar. - Ele oferece, mas não sei dizer se está de deboche ou não. — Conheço um lugar bem legal.
— Me desculpe, Zac, mas não confio na sua definição de lugares bem legais.
— O tatuador é um amigo meu. - Ele coloca o antebraço direito em cima da mesa, me mostrando as três rosas enormes tatuadas.
— Elas são lindas. - Toco no braço de Zac com a ponta dos dedos.
— Essa é minha mãe. - Ele indica a flor maior. — E minhas duas irmãs.
— E por que rosas?
— Porque elas estão mortas. - Ele fala sério e eu sinto meu corpo gelar. Mas então Zac começa a rir.
— Puta que pariu, Zac.
— É até divertido no jeito que você acredita em tudo que eu falo. É só comigo ou você é inocente assim com todo mundo?
— Com todo mundo. - Assumo, sorrindo.
— Você precisa mudar isso.

Pela primeira vez, sinto que eu e Zac estamos tendo uma conversa e não apenas uma troca de farpas gratuita.

— Esse mundo vai te ajudar com isso. - Ele continua.
— E por que ajudaria?
— Essas meninas são cobras, Frida, não se deixe enganar. Annya é tão bondosa quanto eu, Charlotte é tão doce quanto você e Athena, bom...Athena é a pior.
— Athena? Não a conheci ainda.
— Não está perdendo nada. - Ele indica com o queixo um dos palanques onde as fotos são feitas, nele há uma menina negra de cabelos pretos, lisos até a cintura.
— Qual o problema com ela?
— Ela deve ser um pouco mais nova que você, mas já tem o dobro do dinheiro que você jamais terá. É filha de Yara.
— Filha? - Arregalo os olhos. É impossível que Yara tenha uma filha daquele tamanho.
— Tecnicamente, ela é irmã da Kaandra.

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