CAPÍTULO 11 - ZAC WALKER

66 8 1
                                        

Enquanto os flashs quase me cegam, o vestido de paetê pinica meu corpo e o vento na minha cara me faz espirrar de trinta em trinta segundos, eu me sinto uma pessoa completamente diferente

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Enquanto os flashs quase me cegam, o vestido de paetê pinica meu corpo e o vento na minha cara me faz espirrar de trinta em trinta segundos, eu me sinto uma pessoa completamente diferente. Será que é essa a sensação de ser livre? Porque se for, amém, ela está cada vez mais presente na minha vida.
- Adoro brincar de fotógrafo. - Diz Jaime, por trás das lentes. - Mas o profissional chegou, então vou voltar às plantas e formatações. - Ele sorri para um cara alto vestido de calça preta com um rasgo no joelho, camisa preta com corte em V e tênis pretos. Qual é a obsessão desse povo com preto? - Frida, desça aqui um minuto. - Faço o que ele pede, descendo do palanque onde estou, tomando todo o cuidado possível, afinal, eu não sirvo para andar de saltos finos.
- Oi. - Sorrio, tentando parecer educada e vejo que Maisie está batendo com a mão direita na testa como quem diz "porra, Frida, você é retardada".
E é apenas quando olho para o rosto do tal "profissional" que eu sei que fui uma sem noção.
Ele é lindo.
Com os cabelos claros e cacheados até o ombro, ele não deve ter mais de 25 e me encara seriamente. Seus olhos castanhos parecem me analisar e seu maxilar perfeitamente desenhado enrijece ao me olhar, como quem está escolhendo muito bem o que dizer.
- E você é? - Ele diz, com uma sobrancelha levantada.
- Frida. - Algo em mim se contrai, e eu me sinto encolher.
- Zac Walker. - Ele diz, dando uma leve inclinada com a cabeça e então inclino a minha, percebendo que um aperto de mãos não vai rolar. Não que eu queira encostar nas grandes mãos brancas dele.
- É um prazer. - Sorrio, tímida.
- Igualmente. Volte para o palco e me dê dez poses diferentes, por gentileza.
- Como? - Eu pisco os olhos três vezes, assustada.
- O que você não entendeu?
- Eu não conheço dez poses diferentes.
- Então está fazendo o que aqui? - Ele revira os olhos. - Jaime, o que ela está fazendo aqui? - Zac pergunta com a voz grossa e rouca, como quem não está com a mínima paciência para lidar comigo.
- Zac - Jaime ri - Seja bonzinho com a menina, Yara a quer aqui, mas ela é nova, primeiro book.
- Você sabe que eu não faço os primeiros books, isso é trabalho para o Finn.
- E você sabe quem paga seu salário. Ou quer que eu diga a Yara que você se recusou a tirar as fotos da menina?
- Não sei do que você está falando, já disse que faço as fotos com o maior prazer. - Zac dá uma piscadela e eu me sinto arder. Porra, ele precisava ser tão bonito e tão babaca? - Frida, para o palco, por favor. - Ele pede, 10% mais simpático que antes, e eu subo novamente. - Essa roupa está péssima, quem foi que colocou isso nela?
- Eu. - Diz Jaime, dando risada.
- Qual é, cara, paetê numa garota de dezessete anos? - Ele fala com desprezo.
- Eu nunca te disse que tinha dezessete anos. - Me irrito. - E qual o problema com o paetê? Eu gosto.
- Você gosta porque não sabe nada de moda, querida, e você cheira como alguém que tem dezessete anos. Baunilha e...hum... - Ele inspira, performático. - Café com chocolate.
- Eu odeio café com chocolate. - Minto.
- Não odeia não. - Ele dá risada. - Agora volte para o camarim. STELLA! - Zac grita e a velhinha para atras dele. - Coloque uma roupa preta nessa menina.
Stella assente e me puxa pelo braço até o camarim, onde diversas vozes femininas se embolam. Sem dizer uma palavra, a mulher desabotoa meu vestido e o puxa pra baixo, fazendo com que eu tente cobrir meu corpo com os braços rapidamente.
- Não se preocupe, querida, não há nada em você que eu já não tenha visto.
- O que vou usar? - Pergunto enquanto Stella dobra com cuidado o vestido de paetês coloridos e começa a procurar outra roupa em uma arara qualquer, como quem folheia um livro antigo, cheia de cuidado e carinho com as peças.
- Isso. - Ela diz, sorrindo ao me entregar um vestido preto com decote nas costas. - E isso. - Ela se abaixa para pegar um par de saltos pretos de modelo scarpin. - E mais isso. - Dessa vez, o que ocupa suas mãos é um colete de plumas enorme cinza.
- Simples assim? - Ouço a voz de Maisie e me pergunto a que horas e com a autorização de quem ela entrou no camarim.
- Quanto mais simples, melhor. Agora vista. - Stella joga as peças em cima de mim e sai do camarim.
- Ah bom, pensei que ela fosse te vestir também. - Diz Maisie. - Mulherzinha encrenqueira... - Ela diz enquanto me ajuda a subir o vestido tubinho. - Afinal, todo mundo aqui parece meio bravo. Quer dizer, você viu o Zac? Ele é incrível, admito...
- Eu nem o achei bonito. - Minto e observo Maisie cerrar os olhos. - Ele é só um tremendo babaca engomadinho.
- Tenho tara por homens tatuados.
- Ele tem tatuagem? - Pergunto, fingindo que não reparei as enormes rosas tatuadas em seu antebraço direito.
- Para de fazer a sonsa, Frida. Todo mundo viu que você estava quase babando nele.
- Todo mundo viu? - Arregalo os olhos, me entregando. Maisie apenas sorri.
- O vestido ficou bom.
- Não gosto muito de plumas. - Digo ao colocar o colete por cima do vestido.
- Achei que fosse a única. - Ouço uma voz doce atras de mim. - Mas em você até que fica legal, eu fico parecendo um poodle.
Me viro para conhecer a dona da voz e dou de cara com uma menina branca.
Extremamente branca.
Completamente branca, desde os cabelos até o dedinho do pé.
Ela é albina.
- Annya Grace, prazer. - Ela se aproxima, me dando dois beijinhos na bochecha.
- Frida, sou nova aqui.
- Deu pra perceber...é de praxe que as calouras fiquem apaixonadas por Zac. As veteranas o odeiam. - Ela sorri.
- Não estou apaixonada por Zac. - Reviro os olhos, me defendendo. - Ele nem é tudo isso.
- Ah, querida, se não está vai acabar ficando. - Uma menina ruiva surge, abraçando Annya por trás e dando um beijo no rosto da modelo. - Charlotte River, prazer. - Ela parece simpática.
- FRIDA! - Ouço a voz de Zac gritar e corro para o palanque novamente. Não o quero estressado comigo. - Estava fabricando o vestido, querida?
- Claro, pra ficar mais confortável na hora que você for enfia-lo no seu... - Começo a responder, ríspida, mas ele me interrompe.
- Não tenho tempo para a sua falta de educação, meu anjo. Dez poses, por favor. Annya, ensine a pirralha.
E foi assim que um momento incrível se tornou um porre. Com diversos "faça isso, faça aquilo" provenientes de Zac, após uma hora já estou tão exausta que quando ele anuncia o fim do shooting eu so falto levantar as mãos pro céu e agradecer a quem quer que seja que está lá em cima.
- Posso ver as fotos? - Peço, me aproximando da mesa em que Zac está sentado com os dois pés pra cima, tomando refrigerante e transferindo meu book da câmera para o computador.
- Anota seu e-mail. - Ele me empurra um papel com uma caneta, sem nem me olhar.
- Eu tenho whatsapp. - Digo, tentando me impedir de responder "quem é que usa e-mail em pleno século vinte e um?"
- Eu não perguntei. E-mail.
Reviro os olhos e anoto no papel, o entregando.
- Espere as fotos em três dias úteis, se forem enviadas você deve voltar e marcar uma reunião com Samantha. Ela decidirá seu futuro.
- Se forem enviadas?
- Temos a chance de você não ser aceita. - Ele sorri como quem está se deliciando com o momento.
- Meu anjo, eu não pedi pra estar aqui. Sua empresa me chamou, então eu não estou aqui pra ser aceita em nada.
- Você é só mais uma de dezenas, menina. - Ele desce os pés da mesa e apoia a cabeça nas mãos, olhando no fundo dos meus olhos. - Não se ache especial, Samantha acolhe diversas meninas. Por mês.
É agora que eu saio de fininho e finjo que esse dia não aconteceu? Pois Zac acabou de cortar minha esperança de ser modelo pela raiz.
- Vai chorar? - Ele parece perceber meu incômodo.
- Vai se foder. - Digo, sem hesitar. - Você pode até ser bonitinho, mas é um merda.
Dou as costas para Zac, fazendo um sinal para Maisie, que está do outro lado do estúdio, me seguir. Quando entramos no elevador, junto com Annya e Charlotte, ouço uma delas dizer, e reconheço a voz como a de Charlotte:
- Algumas de nós já deram uns beijos em Zac, se quiser saber...ele é super acessível, nesse ponto. - Ela termina a frase com uma risadinha e o elevador para no térreo.
- Não tenho interesse. - Digo e as deixo pra trás, seguida por Maisie que está completamente confusa.
- O que houve? - Ela diz ao entrarmos em seu carro.
- O quão ridícula pode ser uma pessoa?
- Quem?
- Zac! - Bato nas minhas pernas, irritada, mas me arrependo um segundo depois, pensando na vermelhidão que deixei nelas. - Você acredita que ele me disse que não sou a única? Que Samantha escolhe dezenas de modelo? POR MÊS?
- Ele só quer te desanimar. - Ela rola os olhos e dá partida na Mercedes. - Deve fazer isso com todas.
- Claro que deve. - Bufo. - E a troco de que? Cara maluco.
- Você ouviu a ruivinha dizendo que já deu uns agarros nele? Ela nem é tudo isso!
- Porra, ela não é tudo isso? - Arregalo os olhos. - E o que seria tudo isso pra senhorita? A garota é ruiva, tem sardas, olhos pretos enormes, corpo escultural, anda feito uma dama e ainda por cima tem voz de anjo.
- Ah, pelo amor de Deus. Voz de anjo por voz de anjo eu também tenho.
Levanto uma sobrancelha, impressionada com a autoestima da minha amiga.
- E a outra? A tal da Annya? - Maisie continua com a sessão-inveja. - Não gostei nada daquele cabelo branco lisérrimo dela, zero movimento.
- Ela é albina, Maisie, é óbvio que o cabelo dela é branco.
- E os olhos? Verdes feito duas folhas.
- Você nunca acha ninguém bonito. - Rolo os olhos e coloco os óculos de sol pra tentar tapar a claridade do meio dia de Sacramento.
- Eu me acho bonita, eu acho você bonita, já é o suficiente.
- Você está precisando de um namorado. - Digo.
- Oi? - Ela faz cara de quem acabou de ser seriamente ofendida. - E como é que macho curaria minha rabugentice?
- Sei lá, Peter às vezes me deixa menos estressada.
- Você nem quer nada com o garoto.
- Isso não significa que eu não possa deixar ele querendo algo comigo. - Sorrio, debochada.
- Frida Wolf - Maisie esta boquiaberta - Quando foi que você virou essa vagabunda?
- Eu era um anjo antes de você. Agora acelera que temos aula em alguns minutos.

 Agora acelera que temos aula em alguns minutos

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
FRIDAOnde histórias criam vida. Descubra agora