Frida tem 17 anos e jura que sua vida é um inferno (e de fato é), mas ela é preguiçosa demais pra mover um dedo sequer pra mudar isso. Não que ela seja má, ranzinza ou reclamona, ela só está bem em sua zona de conforto onde bolos de nozes, chás de h...
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"19:03 - terceira postagem em Frida Wolf. 26/10/2017. Você já se perguntou o que poderia fazer para melhorar o mundo? Pois é, eu também não. O mundo nunca me interessou. Mas, caro leitor, acho que, finalmente, chegamos ao dia em que eu, Frida Wolf, me importo um pouquinho com o que está acontecendo em Harvey, California. E, principalmente, nas cabeças femininas de Harvey. Por que, sério, que tipo de pessoas usa saia de pregas com salto alto e acha que está arrasando? (Além de Maisie Williams, claro) Isso é uma ofensa pra Moda, pelo amor de Swift! E vamos tentar ignorar o quão fútil eu estou parecendo nessa postagem, afinal, devemos mudar a pegada uma vez ou outra. Frida Wolf precisa falar de alguma coisa que não seja a quantidade de merdas que acontecem a ela por dia, como o belo e redondo zero que devo tirar no teste de Matemática Aplicada amanhã..."
- Maisie, você acabou de sair da minha casa. Por que diabos você está me ligando? - Atendo o telefone fixo depois de quase cair de cara no chão por ter corrido escada a baixo. - Frida, que dia é hoje? - Ela estava ofegante. - Quarta-feira. - Ainda é seu aniversário! - Sim. - E você não comentou comigo? - Maisie, você leu meu blog. - Exatamente! E só processei a informação após correr três quilômetros pra tentar eliminar a gordura do donuts de padaria que acabei de comer. Vamos, se arrume, passo pra te buscar em trinta minutos. - Como é que é? Maisie, eu não vou sair, hoje é quarta feira. - E dai? É seu aniversário, não vou te deixar ficar em casa. Johanna Flinton está dando uma festa na casa dela em comemoração ao jogo que o time da escola ganhou e nós vamos. - Não, não vou. Johanna Flinton não sabe da minha existência, hoje é quarta feira, eu tenho um teste horrível de matemática amanhã e... - Isso, pensa um pouco antes de inventar mais uma desculpa. - Ela dá uma risada leve e eu reviro os olhos. - Eu não tenho roupa. - Sua mãe deixa eu ir aí agora? - Sara está de plantão. - Isso foi um "sim, Maisie, nós vamos a festa e você pode trazer uma mala de roupas suas pra eu escolher"? - Maisie, não. - Abra a porta. - Eu não acredito que você... - Abro a porta de madeira e me deparo com uma Maisie sorridente. - Eu tenho o a roupa perfeita! - Ela diz, segurando em meus ombros e me examinando dos pés à cabeça. - Quanto você calça? - 35. - Eu calço 34, não deve ficar tão apertado em você. Venha. - Ela passa por mim e sobe as escadas correndo. - Desde quando temos intimidade o suficiente pra você entrar na minha casa antes que eu diga "entre"? - Pergunto enquanto fecho a porta atrás de mim. Maisie para nas escadas e me encara enquanto segura a enorme mochila cor de rosa e revira os olhos como se a resposta fosse óbvia. - Nós somos melhores amigas, é o fazemos. Ela sorri e eu não posso evitar de sorrir também. - Olhando daqui, acho que você vai ficar ótima em couro. - Couro? - Falo enquanto dou risada. A ideia parece absurda. - Vem, sobe essa escada, vamos te dar um banho de maquiagem. Faço o que ela pede e Maisie começa a me fazer de boneca, tirando e colocando rímel e delineador até que ficasse perfeito. Eu não sei o que perfeito significa, nunca me maquiei assim. - Pronto, mas você não pode se olhar no espelho agora. Vamos escolher a roupa. Ela abre a mochila rosa e joga tudo em cima da minha cama. - Uau, acho que nunca vi tanto glitter assim. - Comento quando vejo que noventa por cento do conteúdo são coisas brilhosas e chamativas. Puxo um vestido tubinho rosa chiclete. - Eu jamais usaria uma coisa dessa. - E nem vai usar, afinal, esse é o meu modelito. - Não é possível que você vá sair de casa numa coisa dessa em um dia comum! - Esbravejo, desacreditada com o péssimo senso de moda da garota. - Não é um dia comum, Frida, é uma quarta feira na qual está acontecendo uma festa temática dos anos oitenta e noventa! Cores chamativas estavam com tudo. - Ela diz, puxando o short pra baixo e começando a subir o vestido colado no corpo. - E sabe o que mais estava com tudo? - Sorri. - Isso aqui. Toma, veste. - Maisie, isso é um sutiã! - Arregalo os olhos enquanto seguro a minúscula peça de roupa preta na mão. - Não, isso é uma top cropped de couro. E isso aqui é sua parte debaixo. Você tem algum sapato grunge? - Maisie, olha pra mim. - Indico meu corpo magrelo e desajeitado. - O que tem? Você é magra e branquinha, tem como ficar mais bonita em couro preto? - Abro a boca pra rebater mas ela me interrompe antes que eu consiga - Não, então agiliza que temos horário pra chegar, já são quase nove horas da noite e a festa começou as oito e meia. Me dou por vencida e começo a tirar minha roupa, dando lugar a uma saia de couro preta um palmo acima do joelho e um sutiã com nome chique do mesmo tecido e cor. Metade da minha barriga fica a mostra, mas não posso dizer que não gostei de como o sapato grunge preto combinou com o look. "Look", é assim que falam as blogueiras, né? - Uau! - Maisie diz enquanto prende os impecáveis cabelos loiros num rabo de cavalo alto. - Você está incrível! Devo ir de salto branco ou preto? - Você não quer chamar atenção? - Digo enquanto me olho no espelho, tentando dar volume ao meu cabelo vaca-lambeu. - Coloque os brancos. - Você está aprendendo, ma Cherie. - Maisie encosta nos meus ombros, me encarando pelo espelho. Ela está perfeitamente maquiada e o batom vermelho faz com que seus lábios pareçam ainda maiores. - Pode fazer isso comigo? - Indico sua boca. - Minha boca é muito pequena. - Claro! - Ela sorri, animada. - É só usar lápis de boca, assim, olha... Maisie passa o batom vermelho matte em mim e me sinto bonita pela primeira vez na vida. Não bonita-esquisita, não bonita-dá-pro-gasto.Realmente bonita. - Obrigada, Maisie. - Digo com sinceridade. A presença dela faz bem pra mim. - Não tem de quê. - Ela me dá um sorriso terno antes de colocar no ombro a mini-bolsa de glitter e me puxar pelo braço. Alguns segundos depois, estamos a caminho da casa de Johanna Flinton.