CAPÍTULO 30- GETAWAY CAR | PARTE II

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"No fundo, nós sabíamos que o sentimento de liberdade não duraria muito tempo

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"No fundo, nós sabíamos que o sentimento de liberdade não duraria muito tempo." É tudo em que consigo pensar após duas viaturas nos seguirem até Peter desistir e parar o carro.
Minhas mãos brancas estão trêmulas e Peter já não parece tão confiante. Pelo contrário, ele respira cada vez mais rápido e me encara de segundo em segundo com um pedido de desculpas nos olhos.
E eu, silenciosamente, o desculpo.

- Saiam do carro, por favor. - Escuto o policial dizer, mas não me mexo. - Senhorita. - Ele repete, mas ainda estou imóvel. - Saia do carro.
- Frida. - Peter está do lado de fora, me encarando. - Precisa sair do carro.

Ao ouvir sua voz, viro meu rosto até que nossos olhos se encontrem. Eu estou assustada e sei que Peter também está. Ele mexe a cabeça como quem diz "está tudo bem", o que me dá forças para me mexer.

- Algum de vocês dois tem carteira? - O policial começa o que imagino que se tornará um interrogatório muito em breve.
- Eu. - Peter responde.
- E você é de menor? - O homem levanta uma sobrancelha, me analisando dos pés à cabeça.
- Tenho dezessete. - Respondo.
- Oficial Zura, leve ela.
- Leve...Leve ela pra onde? - Peter gagueja, nervoso.
- Delegacia. E o senhor vem comigo.
- Frida... - Peter começa a dizer, mas sou puxada pelo braço até a viatura, o que me impede de ouvir o resto da frase. O vejo ser algemado e não entendo o porque, fazendo uma nota mental de "perguntar o motivo depois".

 O vejo ser algemado e não entendo o porque, fazendo uma nota mental de "perguntar o motivo depois"

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- Você é inacreditável. - Zac diz após assinar a terceira página do formulário necessário para que eu fosse liberada da cela.
- Obrigada. - Sorrio sem mostrar os dentes, ainda nervosa.
- Poupe-me, Frida. - Ele me encara por poucos segundos antes de caminhar até o carro. Eu o sigo.
- Sério, Zac, muito obrigada. Eu não sei o que faria se...
- Se eu não fosse um otario?! - Ele me interrompe, parando em frente à delegacia e me olhando nos olhos.
- Não é assim, Zac, eu não tinha pra quem ligar!

Ele apenas revira os olhos e continua andando rápido. Tento o seguir, mas sou impedida pela combinação de saltos altos e grama molhada. Ótimo. Um tombo. Era só isso que me faltava para enterrar minha dignidade.

- Você precisa tirar isso do pé, vai te machucar.
- Ah, de repente está tão preocupado com o meu bem estar. - Digo enquanto tiro os sapatos e me levanto.
- Você é maluca ou só não presta atenção nos eventos ao seu redor? - Zac aumenta o tom de voz. Não respondo. - Entre no carro. - Ele abre a porta do passageiro.

Não entro. Estou assustada, então fico parada tentando não morrer de frio. Meus pés estão na grama molhada e o frio de Sacramento bate na minha pele como quem quer me machucar. Acho que ele não é o único, contando com o fato de Zac está cerrando o maxilar e respirando fundo pela milésima vez.

- Frida, entre no carro.
- Não.
- Porra, você é tão mimada!
- Ok, agora sim eu quero entrar.
- Frida, você está congelando. Entre na porra do carro!
- Você está me assustando. Não vou entrar.
- Ok.

Ele bate a porta e faz a volta, entrando pelo lado do motorista e dando partida no conversível preto. O medo de que Zac vá me deixar nesse frio me consome e eu me dou por vencida. Abro a porta e entro.
Ele dirige por alguns minutos sem falar nada, mas murmura alguns trechos da música antiga que está tocando na radio. Por coincidência, a letra da música me pede para "aproveitar o silêncio". Não aproveito.

- Me desculpe. - Digo. - Não queria atrapalhar sua noite, eu juro, só não tinha pra quem ligar e...
- Cale a boca, por favor. - Ele me interrompe e percebo que aperta o volante com as duas mãos, sem tirar os olhos da rua movimentada.
- Zac, é sério! Se eu ligasse pra minha mãe, ela surtaria. Meu pai perderia a confiança em mim e Maisie não tem idade, Ruby muito menos...
- Frida, pare de falar.
- Eu quero que você me desculpe!

O barulho do freio me assusta quando Zac estaciona de um jeito bruto no acostamento. Há uma luz fraca iluminando seus olhos e me pergunto se ele também pode ver os meus. Meus olhos azuis arregalados e cheios de lágrimas.

- O QUE HÁ DE ERRADO COM VOCÊ? - Ele grita após desligar o carro.
- Comigo? Zac, eu...
- Você me beija, me chama pra droga de uma festa, foge com outro, é presa e tem a capacidade de me chamar pra te tirar da cadeia! Eu não sou um brinquedinho, Frida!
- E NEM EU! - Aumento minha voz quando percebo o absurdo que ele está dizendo. - Você não pode me tratar bem, desabafar comigo, me beijar e depois agir como se nada tivesse acontecido! Como se nada estivesse acontecendo!
- Acontecendo? O que você acha que está acontecendo? Não tem NADA acontecendo!
- Não? E você está tão irritado porque eu "fugi com outro" - Faço aspas com as mãos e levanto minhas sobrancelhas, tentando tirar uma resposta concreta de Zac. - Por que? Por que faz tanta diferença pra você se estou com alguém ou não? Por que você foi na droga da festa?
- Porque eu queria te ver, sua pirralha mal criada!
- E que porra de jeito bom de demonstrar! - Rebato. - Meu Deus, por que parece que já tivemos essa discussão antes? - Encosto meu corpo no banco e respiro fundo, segurando minha cabeça com as duas mãos.
- Eu estou tão cansado de você. - Posso ouvir sua respiração ficando mais lenta, como quem realmente está exausto.
- E eu de você. E desse joguinho de elástico que você faz comigo.
- Joguinho de elástico? - Quase posso ver o sorriso debochado em seu rosto.
- Você sabe! - Viro minha cabeça em sua direção, o encarando. Ele faz o mesmo. - Aquele em que duas pessoas seguram um elástico e quem solta primeiro machuca o outro.
- Você anda lendo poemas demais. - Ele diz mas não respondo, apenas volto a encarar a rua e respiro fundo novamente. Após alguns minutos de silêncio, ele retoma a fala. - Você soltou o elástico quando foi embora da festa com o moleque.
- Eu... - O encaro novamente, boquiaberta. - Não sabia que você se importava.
- Você é, infelizmente, uma das poucas coisas com as quais eu me importo.
- Zac, por favor...
- Com você...é fácil. - Ele me interrompe e dá de ombros. - Eu não preciso mentir nem te iludir, parece ser imune a essas coisas, não há barreiras com você.
- Se é tão fácil... - Eu me aproximo, tocando seu rosto com leveza. - Por que você me afasta tanto?
- Você é tão nova...
- E ainda assim sou a única pessoa com a qual você consegue conversar.

Zac me olha nos olhos por segundos demorados antes de soltar uma risada debochada. Meu coração acelera e eu já começo a desesperar. Retiro minha mão de seu rosto rapidamente e meus olhos se enchem de lágrimas. Ele estava brincando. Óbvio que estava. Já era de se esperar.

- O que foi? - Pergunto sem saber se quero ouvir a resposta.
- Eu quase te disse algo muito...
- O que? - O interrompo, nervosa.
- É absurdamente infantil e clichê. - Ele continua rindo.
- Zac, você está me matando!
- Eu prometo segurar o elástico se você quiser.

Meu coração se acalma e eu não acredito no que estou ouvindo. Abro a boca diversas vezes sem emitir som algum.

- Eu quero.
- Não vai soltar? - Ele pergunta, se aproximando.
- Só se você soltar primeiro. - Respondo.
- Não vou.

E então ele me beija.

E então ele me beija

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