Capítulo 1

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Estava frio aquela noite, o sopro gelado do vento queimava em meu rosto e bagunçava meus cabelos. Nenhuma lágrima conseguia escorrer, não mais. Na ponte, não havia muito movimento, parecia que a cidade também havia entrado em luto. Mas não era isso que eu queria, queria que ela fosse lembrada, não pela sua morte, mas pelo seu bom coração, talvez eu esteja exigindo muito das pessoas.

Olhei para baixo, para as águas escuras do rio, senti uma onda de pavor, mesmo assim continuei. Subi na grade de proteção, finalmente soube do porquê fizeram aquilo baixo, como se soubessem que aqui seria a onde tudo se acabaria para muitas pessoas.

Abri meus braços e fechei meus olhos, no três:

_Um, dois, três! – saltei em direção a água.

Senti que tudo havia acabado, no momento em que meu corpo afundou no rio, deixei que o ar escapasse de meus pulmões e desse lugar a água. Então era assim que todo o sofrimento terminaria. Onde será que estão os corpos das outras pessoas que assim como eu terminaram nesse lugar?

Uma luz forte atravessou minhas pálpebras, senti algo me segurando pela cintura:

_Essa ainda não é sua hora. – Ouvi uma voz masculina.

_Como alguém consegue falar de baixo d' água?

Tudo se apagou de repente.

_Isso é um hospital? – Falei. – Como vim parar aqui?

Arranquei tudo o que me pendia aquela cama e sai do quarto. Para minha sorte, não havia ninguém nos corredores, levaria tempo até que alguém viesse até meu quarto, então eu comecei a correr, passei por tudo sem olhar para trás, algumas pessoas da recepção tentaram me parar, apenas os ignorei.

Corri por uns cinco quarteirões, até ter certeza de que ninguém estava me seguindo. Parei ofegante com as mãos no joelho, olhei ao redor, onde eu estava? De repente sinto algo em meu ombro, pulei de susto, olhei para trás, mas não havia ninguém:

_Okay, talvez eu esteja ficando louca.


  Me recompus, precisava muito me localizar:

  _Você ainda está com as roupas do hospital. – ouço uma voz masculina, parecia igual a do rio.

_Quem é você? – grito olhando em volta para acha-lo.

Nada, será que alguém estava tirando uma com a minha cara?

_Seu Anjo da Guarda.

_Ah claro, e eu sou a chapeuzinho vermelho, não brinque comigo! Se você não aparecer agora eu vou chamar a policia!

_Certo, talvez eles consigam pegar quem fugiu do hospital. – ele riu, começo pensar na possibilidade de um psiquiatra – Eu conheço um ótimo. – comecei a ficar assustada.

_Apenas saia da minha cabeça!

_Como queira, e ah! Você está no Brooklyn.

[...]

Joguei aquela roupa de hospital na lareira. Aquele cheiro nunca mais iria sair de mim.

  Me dirigi a cozinha e coloquei água para ferver, para fazer um miojo, foi quando a campainha tocou:

_Sobrou mais alguém?

Fui até a porta e a abri, um homem todo molhado estava do outro lado:

_Posso ajudar? – pergunto.

  Ele apenas desmaia sobre meus pés.

Angelos CustosOnde histórias criam vida. Descubra agora