Capítulo 15

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Adentrei o hospital apontando o arco para onde meus olhos olhavam.

 O lugar era imundo, mesas e cadeiras estavam empilhadas em um canto escuro, alguns cadernos estavam jogados no chão rasgados, aproximei e peguei um deles.

_São registros de pessoas que já trabalharam aqui. - Falei olhando o nome da pessoa e a função exercida. - Alguns estão marcados e outros rasgados. Isso é estranho.

Peguei outro caderno e comecei a folheando.

_Vamos logo, não podemos demorar. - Sussurrou Alexander já parado na porta do próximo cômodo.

_O nome da minha mãe está marcado de vermelho. - Passei a mão sobre a mancha. - Isso é sangue. O nome da minha mãe está marcado com sangue. - Gritei.

_O que?

Levantei com um pouco de dificuldade e caminhei até Alec, mostrei a ele a mancha que analisou cuidadosamente com um aparelho pequeno.

_Esse sangue é dela... Luna olhe para mim. - Ele segurou meu rosto com uma das mãos fazendo com que eu olhasse em seus olhos. - Vamos pegar Austin e sair daqui, não podemos mais ficar muito tempo nesse lugar, eles vão acabar com a cidade se isso for necessário para te pegar.

_Austin eu vou salvar você. - falei baixo.

Peguei meus equipamentos e segui Alexander.

Vou salvar o Austin nem que para isso eu morra por vampiros que até pouco tempo eu não sabia que existia. Não posso deixar meu amigo para trás como já fiz uma vez, ele vai voltar comigo inteiro, sem nenhum arranhão.

 Andamos pelo infinito corredor de vagar, eu olhava para as portas que estavam abertas e mesmo com a pouco luz que a lanterna fornecia era o suficiente para ver sangue espalhado por todo chão, em algumas salas haviam objetos de metais espelhados em outras órgãos apodrecidos. O que já foi um hospital para curar doenças agora é uma abrigo para matar gente.

 No final do corredor havia uma porta dupla que dava para uma sala que parecia ser grande, a placa indicava que era a onde guardavam os corpos das pessoas já falecidas. Meu estomago se revirou:

 _Você acha... - comecei a falar porém Alec me interrompeu.

 _Vamos ver.

 Alexander abriu as duas portas e lá no meio da sala havia alguém ajoelhado todo amarrado. Tentei correr para Austin, mas Alec segurou meu ombro evitando que eu me aproximasse:

 _Por que? - perguntei.

 _Saiam! - ele gritou ignorando totalmente minha pergunta - Saim agora!

 Então várias pessoas saíram das sombras da sala, eu não havia percebido antes, mas estávamos cercados, isso realmente não é bom.

 Alguém se aproximou mais, o homem andou até Austin e tocou seu ombro o que me fez ficar com muita raiva, não sabia o que ele poderia fazer com meu amigo:

 _Alexander, não pensei que o veria de novo e com uma nova amiga.

 O jeito que ele pronunciou a última palavras me fez sentir calafrios.

 _Nós viemos apenas buscar nosso amigo e ir embora. - falei tentando parecer corajosa - Não queremos que ninguém se machuque.

 Todos riram de minha última frase:

 _Nós também não queremos - disse o homem sinistro fazendo um gesto com a mão para que todos se calassem, aposto que ele era o chefe - Apenas quero uma troca.

 _Troca? - perguntei.

 _Isso. Achamos seu amigo perambulando por ai nessa noite escura e não podíamos perder a chance.

 _ Fale o que você quer. - disse Alec firmemente.

 _Tragam-no! - então um moço apareceu carregando um outro em seu colo, ele parecia ter a nossa idade, seu cabelo era de um preto escuro e suas linhas do rosto pareciam perfeitas se não fosse pelo fato que ele parecia morto. O moço que o carregava o jogou- o  em meus pés, dei um passo para trás assustada - Cure-o! - ordenou o chefe - Cure-o ou seu amigo morre!

 _Ela não... - dessa vez eu interrompi Alec.

 _Eu faço, apenas não machuquem ele.

 _Você é esperta, isso é ótimo.

 Me ajoelhei sobre o o corpo do moço que estava aos meus pés e observei, ele estava com um rasgo enorme no peito e um buraco no pescoço com algo prata saindo sobre ele:

 _Ele não tem marca de estaca, como é possível que esteja morrendo? - perguntei. 

   _Foi isso que contou a ela Alexander? - Olho para cima furiosa com Alec - Querida há mais modos de matar um vampiro, um modo fácil e natural é o sol que pode nos queimar.

 _O que aconteceu com ele? - perguntei, o chefe me olhou furioso - preciso saber para curá-lo.

 _"Ele" se chama Daniel, era meu braço direito, um filho que eu havia adotado, fraco e indefeso quando chegou o tornei uma arma.  Estávamos no meio de uma briga contra alguns lobisomens que passaram do seus limites, estávamos nós dois lutando contra dez lobisomens, porém um fugiu, Daniel disse que iria atrás dele, porém demorou para voltar então resolvi ir ver se alguma de dois estava errada quando cheguei o bastardo estava deixando o lobisomem fugir por pena então o ataquei, mas antes de matá-lo  anjo apareceu e o envenenou para que eu não pudesse ter o prazer de matar ele, anjos, - ele cuspiu no chão - sempre se metendo na onde não são chamados, ele disse que não devemos matar alguém de nossa espécie se não toda a espécie iria pagar. Enfim, e apenas o cure.

 Respirei fundo e me concentrei no machucado no pescoço, na onde o veneno estava saindo, um luz sai de minha mão a aquecendo e ao toca-lo seus machucados se curaram quase que imediatamente.

 Me levantei, sorrindo o chefe jogou Austin para nós, Daniel de repente acorda e ao olhar para o homem para lá no meio da sala se encolhe:

 _Não, por favor. - Daniel implorava.

 _Agora vocês já podem sair.

 Duas pessoas abriram aporta para que pudéssemos passar, Alec pegou Austin e saiu pela porta o segui, apenas ouvindo os gritos de suplica que Daniel dava.

 A porta atrás de nós se fechou em um estrondo, olhei para ela:

 _Eu acho que vão matá-lo - falei.

 _Eu tenho certeza, mas não temos nada a ver com isso, já pegamos Austin, vamos embora.

 _Mas você não ouviu o que ele disse, toda sua raça irá pagar por esse erro, o garoto parecia assustado.

 _É eu sei, mas não podemos fazer nada.

 Tirei minha estaca do bolso:

 _Já está amanhecendo, tenho um plano para resgatar esse menino, mas preciso de sua ajuda e de sua jaqueta.

 _Luna, não podemos.

 _Então que vou sozinha.

 _Espere.

 Alec desamarrou Austin e então fez alguma coisa em sua pelo e sussurrou algo em seu ouvido, em transe Austin se levantou e caminho até a saída:

 _Ele vai para a casa - disse Alexander - Tudo bem, disse pegando duas lâminas diferentes de suas habituais - Vamos salvar seu novo amiguinho.

 E então entrou chutando a porta com força.

Angelos CustosOnde histórias criam vida. Descubra agora